domingo, 23 de dezembro de 2018

ESTÓRIAS QUE O POVO CONTAVA


Na década de 1970, existiu um pistoleiro,  cujo   nome era Cássio ou Acássio, deveras muito temido pela população de Dourados e região. Os delegados de polícia temiam enfrentá-lo. Já o povo, como é de praxe, demonstrando o quanto o imaginário popular é fértil, contava várias estórias sobre este bandido. Alguns diziam: “ele tem o poder de se camuflar na forma de um cupim, de uma árvore, etc., e desta forma escapar da perseguição policial.”
Porém, não demorou muito, este marginal foi abatido pela polícia e a população voltou a respirar aliviada, inclusive, no São Lourenço.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A HISTÓRICA E FOLCLÓRICA JARDINEIRA

Nas décadas de 1960 e 1970, os camponeses residentes em São Lourenço, para virem a Dourados, tomavam a histórica e folclórica Jardineira, similar ao veículo da foto abaixo. O interessante é que  na Jardineira era transportado de tudo (gente, galinha, fogão, porcos e galinhas vivos, mercadorias, etc).
A estrada, denominada naquele período de reta, atualmente a rodovia BR-163, ligando Dourados a Caarapó, entre outras cidades, não era asfaltada. Transitar por ela era difícil quando estava seco porque tinha muito poeira e era muito irregular devido as centenas de milhares de buracos de pequeno porte e que provocavam solavancos, dando a impressão de que iria arrancar o boff da gente (linguajar dos camponeses de então)  Boff significa tripa, buchada; e nos dias de chuva, o problema era os atolamentos.
Eu mesmo viajei algumas vezes na Jardineira, como era criança achava tudo um barato.
Observação: as jardineiras não circulavam diariamente, passava um, dois ou mais dias para circular.
Foto de uma jardineira similar a relatada neste texto.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

CONVERSAS DOS CAMPONESES DE SÃO LOURENÇO SOBRE O HOMEM DA CIDADE?


Vou narrar aqui falas comuns aos camponeses residentes em São Lourenço quando vinham a Dourados.  Os camponeses periodicamente iam a cidade de Dourados, e, um pouco menos a Caarapó e até a Vila Nova América.  Estas visitas eram feitas periodicamente, às vezes uma vez ao mês, ou com periodicidade maior (três, cinco ou seis meses) e por vezes, porque não dizer? !!! Anualmente. Na cidade os camponeses iam para comercializar o excedente de sua produção, especialmente, o arroz, comprar mantimentos, produtos industrializados (querosene, fósforo, açúcar, farinha de trigo, fumo, etc).
E aqui me refiro as falas de diversas famílias camponesas residentes em são Lourenço:  Ribeiro, Oliveira, Ferreira, Lopes, Ricardi, Alexandre, Bispo, Marcelino, etc.
Pois bem, os camponeses ficavam perplexos com as práticas do homem, digamos urbano – assim me expresso porque na verdade estas cidades ainda cultivavam hábitos, os mais variados, típicos de comunidades rurais. Vejamos algumas das falas:
“na cidade as pessoas não usam mais chapéu, apesar de o sol ser muito quente.  Pode uma coisa dessas? Vão cozinhar o miolo da cabeça (o cérebro)”. Também comentavam: “o fulano trabalha numa repartição pública ou comércio, e como não toma mais sol, a pele tá amarela”. “ E a mão dele, parece mão de moça!!!Não tem não, não senhor, mais calo na mão”

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

NA ORIGEM E VIVÊNCIA RURAL A EXPLICAÇÃO PARA O MEU PALAVREADO

Entre 1976 e 1979 fui morar com a Tia Maria Ribeiro na cidade de Campo Grande. Obviamente o meu vocabulário estava, via de regra, relacionado a minha experiência rural. E aí o bicho pegava porque, por exemplo, ao querer dizer que um time de futebol era bom, difícil de derrotar, eu utilizava a expressão, "eita time feroz". Era o que bastava para o Edno (filho caçula da Tia) me zoar por conta do meu palavreado. O que ocorre é que o meio influencia e, muito, o homem. Não por acaso os adágios ou ditados populares, quando o Brasil, era predominante rural, estavam sempre relacionados a natureza e ao campo. Eis alguns exemplos: "Formiga quando quer se perder, cria asas"; "Cachorro que muito anda, cria rabugem para si e para o seu dono"; "Mais vale um pássaro na mão do que dois voando", etc.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O DESPERTADOR DO TIO JOSÉ

Nos anos 1960, 1970 e 1980, décadas que coincidentemente vivi em São Lourenço, então um sertão, poucas eram as pessoas possuidoras de um relógio. As horas eram determinadas de acordo com as projeções da sombra de um determinado ponto de referência (uma casa, uma árvore, etc). À noite a determinação das horas se dava ouvindo o galo ou os pássaros cantarem. Mas havia exceções. O Tio José era um dos raros moradores em São Lourenço que possuiu um relógio despertador que funcionava dando corda e não a pilha como, normalmente, ocorre atualmente. Assim sendo, quantas e quantas vezes, nas incontáveis visitas que fiz a casa do Tio, fiquei a olhar para aquele relógio, encantado, desejoso de ter um em casa. Hoje ter um relógio não é tão encantador já que em qualquer aparelho (celular, rádio, carro, etc) tem sempre um. Mas agora são outros tempos.

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...