Hoje liguei para o Augusto Ribeiro da Silva Neto, o filho mais velho do Tio Antônio e que trabalha no INSS e, na conversa ele disse: aqui no INSS, no meu setor, trabalha comigo uma prima nossa e você não a conhece, ela é prima por aproximação, haja vista que não corre em suas veias o sangue dos Ribeiros. Ela é prima sanguínea da Maria, esposa do EduardoRibeiro, este sim, primo sanguíneo dos Ribeiro.
E na conversa veio a tona o nome do Seo Zezé. E por isso estou fazendo esta postagem. Seo Zezé era um sergipano que foi parar no São Lourenço nos anos 1970. Ele era casado com a Dona Santa com a qual teve 24 filhos. Nem todos estavam vivos quando da chegada desta família ao São Lourenço. Mas os que acompanharam o casal, somavam mais de uma dúzia, dentre eles, a Maria José que acabou casando-se com o Eduardo, e assim, tornou-se nossa prima.
Sobre o Seo Zezé o que tenho a dizer é que falava alto e gesticulando muito. Me lembro da frase que ele usava para descrever alguém que na estrada ou no campo desaparecia rapidamente do seu ângulo de visão: " O Cabra virou um Peba". Pra quem não sabe o PEBA é uma espécie de Tatu, e no mato cava muito rápido um buraco e desaparece rapidamente e, se a pessoa não for rápida, não consegue capturá-lo.
o Seo Zezé utilizava bastante esta frase para descrever o trânsito no atual rodovia BR-163, no trecho que liga Dourados a Caarapó, rodovia que na década de 1970 não existia e era denominada de Reta. Então o Seo Zezé dizia: o fulano encontramos com ele na reta, mas ele desapareceu,"virou um peba". Eis uma das peculariedades no linguajar sergipano, oriúndo da região e no tempo em que o Seo Zezé viveu em Sergipe.
Outra curiosidade, de dois dos seus filhos, o Antônio Sergipano e o Bernardo, quando colhiam a produção de arroz, compravam bicicletas Monark, Zero Kilômetro em Dourados. Detalhe: as bicicletas eram adquiridas com todos os acessórios existentes: espelho, retrovisor, dìnamo, farol, buzina, almofada, capa de celindro, macarrão para limpar os raios, bucha para limpar os cubos, sinaleiro (pisca-pisca), almofada pra garupa, pé para manter as bicicletas de pé. Nos dias de folga, finais de semana e feriados, eles ficavam desfilando na região com as suas bicicletas fazendo inveja aos demais e também visando atrair os olhares e atenção das moças.
O Brasil havia dado início ao final da década de 1950 a indústria de bens de consumo: carros,eletrodomésticos, bicicletas e móveis. Não havia crediário, logo para os camponeses, era muito difícil, por vezes impossível ter uma bicicleta, ainda que usada. Por tudo isso, imaginem parentes, o quanto eles faziam sucesso e desfilavam orgulhosos e "cheios de si" de serem detentores de bicicletas zero km. No ano seguinte, eles se desfaziam se desfaziam destas bicicletas e compravam outras do ano, a exemplo dos dias atuias, em que muitas pessoas querem sempre ter um carro do ano.