sábado, 12 de maio de 2018

O FISCAL DO BANCO

SANTA INGENUIDADE:

Os camponeses em São Lourenço, dentre eles, nós os Ribeiros, éramos ingênuos a ponto de ficarmos constrangidos quando um fiscal do Banco do Brasil almoçava ou jantava em nossas casas. Em nossas cabeças achávamos que a nossa alimentação era pobre para um cidadão urbano. A alimentação que servíamos, era, isto sim, muito rica, um  cardápio invejável: ovo caipira, abobrinha, maxixe, quiabo, arroz, feijão, etc. Apenas não era comum servirmos carne de vaca, e exatamente por faltar este produto, ficávamos aflitos ao receber o dito fiscal do banco em nossa casa. O fiscal visitava as propriedades para assegurar ao banco que o camponês fizera uma declaração verídica junto a mesmo e que teria condições de honrar os compromissos assumidos junto ao banco, isto é, o de pagar as dívidas no prazo estabelecido. Moral da história: o fiscal do banco recebia um tratamento semelhante ao dado a um Rei ou a um chefe de Estado. Mas sociologicamente falando, a hegemonia de classe é a condição para que valores e representações das classes dominantes sejam  assimilados pelas classes dominadas como sendo os seus e desta forma aceitar naturalmente o domínio da classe dominante.

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