terça-feira, 22 de maio de 2018

SÃO LOURENÇO: lavoura de soja, o bode colocado na sala dos camponeses



Nos anos 1970 por conta da adesão do  Brasil a Revolução Verde, isto é,  agricultura  moderna, a qual "convenceu" os agricultores brasileiros a abandonarem a agricultura tradicional. O instrumento para este "convencimento", os financiamentos que o Brasil passou a ter junto aos organismos financeiros internacionais  que acabaram por levar os agricultores a  rapidamente e progressivamente aderirem a agricultura mecanizada, fazendo uso de agrotóxicos e  plantarem produtos demandados no mercado mundial, especialmente o europeu. Um destes produtos foi o feijão soja. 
Em São Lourenço  a adesão dos camponeses a sojicultura rendeu muita dor de cabeça  porque estes não tinham tradição nesta atividade. Podemos dizer que o bode foi colocado na sala dos camponeses, ou melhor, nas rocas deles. Um problema e tanto,  o  maior deles,  a colheita, diga-se de passagem,  feita manualmente. E como o feijão soja apresenta espinhos, os camponeses para colhê-lo  recorreram aos facões, enxadas e ferros de arroz e mesmo assim,  as mãos deles, mas não só elas, foram marcadas por feridas. Epifânio Ribeiro e os seus filhos Enio e Alberto,  figuram entre as vítimas. 
A colheita do soja só deve ser feita com colheitadeiras , mas como a modernidade em São  Lourenço  não havia chegado a tanto, colher o soja foi uma tortura. 
O discurso governamental era lindo, exaltava as propriedades nutritivas do soja,  qual seja,  prestar-se como matéria-prima pra diversos produtos: oleo, leite, doces, etc. Moral da história, "comemos o pão que o diabo amassou", felizmente sobrevivemos e entendemos que a produção de soja se enquadra naquele velho adágio popular: "só se estabelece quem pode."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...