Nos anos 1970 por conta da adesão do Brasil a Revolução Verde, isto é, agricultura moderna, a qual "convenceu" os agricultores brasileiros a abandonarem a agricultura tradicional. O instrumento para este "convencimento", os financiamentos que o Brasil passou a ter junto aos organismos financeiros internacionais que acabaram por levar os agricultores a rapidamente e progressivamente aderirem a agricultura mecanizada, fazendo uso de agrotóxicos e plantarem produtos demandados no mercado mundial, especialmente o europeu. Um destes produtos foi o feijão soja.
Em São Lourenço a adesão dos camponeses a sojicultura rendeu muita dor de cabeça porque estes não tinham tradição nesta atividade. Podemos dizer que o bode foi colocado na sala dos camponeses, ou melhor, nas rocas deles. Um problema e tanto, o maior deles, a colheita, diga-se de passagem, feita manualmente. E como o feijão soja apresenta espinhos, os camponeses para colhê-lo recorreram aos facões, enxadas e ferros de arroz e mesmo assim, as mãos deles, mas não só elas, foram marcadas por feridas. Epifânio Ribeiro e os seus filhos Enio e Alberto, figuram entre as vítimas.
A colheita do soja só deve ser feita com colheitadeiras , mas como a modernidade em São Lourenço não havia chegado a tanto, colher o soja foi uma tortura.
O discurso governamental era lindo, exaltava as propriedades nutritivas do soja, qual seja, prestar-se como matéria-prima pra diversos produtos: oleo, leite, doces, etc. Moral da história, "comemos o pão que o diabo amassou", felizmente sobrevivemos e entendemos que a produção de soja se enquadra naquele velho adágio popular: "só se estabelece quem pode."
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