segunda-feira, 27 de agosto de 2018

TERRA NEM DE GRAÇA

Estes dias estava conversando com a minha vizinha, a Dona Maria, atualmente com 81 anos, e conversa vai, conversa  vem, ela contou a história do seu marido que sempre trabalhou nas fazendas como peão e administrador na zona rural de Caarapó e que ele era uma pessoa muito querida. Muitos fazendeiros quiseram recompensá-lo, dentre eles, o Zé Teixeira, doando-lhes terra. É isso mesmo se dispuseram a doar terra para ele.
Ele não quis, sob o argumento de que ser proprietário não era um bom negócio já que a Cia Mate Larangeiras, cujas posses se 
estendiam por metade do atual território do Mato Grosso do sul, empresa que mandava e desmandava no então Estado de Mato Grosso, o incomodaria na condição de proprietário.


Com efeito, esta Companhia era abusada já que era de certa forma um Estado dentro de outro Estado, no caso o Mato Grosso. Os indígenas, paraguaios, pequenos agricultores e trabalhadores rurais foram vítimas da ganância de Tomaz Larangeiras - o seu dono - contra o qual os governantes do Mato Grosso não tomavam nenhuma providência.
Mapa que ilustra todo o território pelo qual se estendia o poder político da Cia Mate Larangeiras

Aliás, todo poder desfrutado por esta Empresa,  é uma das causas que levou a população do sul do Estado de Mato Grosso a lutar pela criação do Estado de Mato Grosso do Sul. 
Ouvindo o relato de minha vizinha fiquei pensando, as famílias que adquiriram terras em São Lourenço nos anos 1950, dentre  elas as famílias Ribeiro e Oliveira, meus familiares paternos e maternos, tiveram muito sorte de não terem sido vítimas da Companhia Mate Larangeiras. 

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