Normalmente, nas sextas feiras, nos reuníamos na casa de alguém, e, as conversas que rolavam tinham como conteúdo muito misticismo e ansiedade. Contávamos histórias sobrenaturais, nas quais os relatos feitos eram de que quem não respeitasse este dia que, a rigor, significava não trabalhar, não beber, não realizar festas, etc., alguma coisa sobrenatural e ruim aconteceria com os trangressores.
Eu me lembro que numa destas sextas feiras, eu, o Alberto e o Renato, nos reunimos quinta feira santa, véspera da sexta feira da paixão, à noite na casa do Tio José, oportunidade em que falamos sobre hábitos, costumes e histórias arrepiantes de casos supostamente ocorridos com alguém que não respeitou a data. Durante estas narrativas, eu e o Alberto que, ao final das conversas deveríamos voltar para casa, percorrendo uma estrada vicinal,em meio a escuridão, se comportamos de forma contraditória, haja vista que eramos muito medrosos, no entanto apesar de sermos bem medrosos, falamos e ouvimos bastante histórias misteriosas, fantasiosas mesmo, e a medida que as histórias iam sendo narradas, mais amedrontados e aterrizados ficávamos. Me lembro que ao voltarmos pra casa, recorrendo a um dizer muito comum em São Lourenço, estávamos figuradamente falando "cagando de medo";
Também, na sexta feira da paixão ou madrugada do sábado de aleluia, alguns rapazes, aproveitavam para colocar judas nas casas de moças pelas quais nutriam algum interesse em namorar; outros aproveitavam a data para colocar um judas para dizer alguma coisa que não tinham coragem de dizer cara a cara para a moça ou para os pais da moça.
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