quinta-feira, 4 de novembro de 2021

UMA AULA SOBRE AS SUTILEZAS DA IMPRENSA DURANTE A DITADURA MILITAR

 Meu Pai (Epifânio Ribeiro) gostava imensamente de leitura. Inúmeras vezes relatou vários romances que havia lido. Dotado de uma memória fantástica, por vezes, conseguia contar a história reproduzindo textualmente a forma como o autor havia redigido a narrativa, especialmente, quando feito sob a forma de poesia e versos.

Epifânio e Antônio Ribeiro, os dois quando se encontravam faziam resenhas diversas
(politica, desportiva e dos desafios enfrentados no São Lourenço)

Eu, o Alberto e o Mano Aurélio (Leinho - este um pouco menos porque faleceu ainda criança) e diversos sobrinhos de Epifânio, em São Lourenço, especialmente, à noite, tivemos o privilégio de ouvir as histórias contadas por Epifânio Ribeiro. Histórias e estórias invejáveis, prazeirosas e  soníferas, porém, não prejudiciais a nossa saúde, e de quebra, nos permitiram dar muita asas  a imaginação e termos um sono, deveras reparador.

Oportuno lembrar que nas décadas de 1960 e 1970, em São Lourenço, os camponeses não contavam com televisão, aparelhos de som e muito com serviços oferecidos por concessionárias de energia elétrica. O acesso a energia era feito  ,recorrendo-se a pilhas e baterias, e, a preços estratoféricos. Com as pilhas e as baterias, os camponees ouviam seletos programas no rádio: alguns faziam opção por notícias, outros pelos programas de  horóscopos (leia-se Tia Mocinha - o Omar Cardoso), outros, o futebol, isto porque as pilhas  e as baterias descarregavam em pouco tempo e eram caríssimas.

Epifânio Ribeiro gostava também muito de ler jornais, especialmente a Folha de São Paulo e Folha de Londrina. Vez, por outra, comprava um número da Revista Fatos e Fotos, O Cruzeiro ou a Manchete. 

Pois bem, num determinado dia eu estava lendo um exemplar do Jornal Folha de Londrina e eis que, uma de suasfolhas estava totalmente em branco. Eu disse para o meu pai: "olha o jornal veio com defeito". O meu pais sorriu e disse: "meu filho, não se trata de um defeito,  a notícia a ser publicada foi censurada, haja vista que vivemos sob uma ditadura militar. Sendo assim a redação do jornal imprimiu esta folha em branco como forma de protesto e de informar ao leitor que não temos liberdade de imprensa no Brasil. 

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...