Agora que estamos nos aproximando do dia de natal, me veio a
memória, como este data, na véspera era comemorado em São Lourenço, vale dizer,
no Centro Espírita Allan Kardec, o único templo religioso, existente por lá.
Existiam camponeses praticantes de outras religiões, porém,
só a religião espírita kardecista estava organicamente e formalmente
constituída em São Lourenço. Em sendo assim, o Centro Espírita Allan Kardec,
atraia pessoas de outras religiões para determinadas atividades, claro que,
para àquelas que se notabilizaram muito
mais por veicularem uma mensagem cultural e de entretenimento.
E neste aspecto, duas datas, se destacaram, o Dia das Mães e
o Dia de Natal, para ser mais preciso, o dia 24 de dezembro, haja vista que as
comemorações natalinas ocorriam na véspera.
Pois bem, nas duas datas referidas, a organização das
comemorações se dava adotando o seguinte formato: falas, declamação de poemas,
apresentações culturais (dramatizações), cantos e, às vezes, distribuição de
balas e, algumas vezes, muito mais raramente, distribuindo brindes que os dirigentes
espíritas naquela casa, conseguiam como donativos junto aos comerciantes dos
quais eram fregueses em Dourados, Nova América ou Caarapó: bolas de plástico e
bonecas. Embora simples, estes donativos faziam a alegria das crianças em São
Lourenço.
Ouso afirmar que a exemplo do que é a Expoagro em Dourados,
isto é, o maior evento do município, guardada as devidas proporções, a
comemoração do nascimento de Jesus Cristo (dia de natal), organizada pelo
Centro Espírita Allan Kardec, se constituiu no maior evento cultural e de
lazer, naquele período histórico, no velho, bom e sofrido São Lourenço. Era
bonito ver pessoas de credos diversos prestigiando o evento e felizes por
aquele momento simultaneamente cultural, de lazer e prazeroso, no qual, viam-se como pertencentes em alguma medida àquela comunidade camponesa.
Digo isto porque, conforme já afirmado, existiam muitas pessoas que professavam
outras religiões, porém, marcavam presença nestas comemorações.
E não tenham dúvidas, muito mais intensamente para os
espíritas, mas também em grau menor aos camponeses de outras religiões ou mesmo
sem religiões, o Centro Espírita Allan Kardec, contribuiu e muito, para os camponeses encararem com mais resignação e resolutos, os grandes
desafios de natureza diversas: econômicos, psicológicos e sociais e, terem
realizado tamanha proeza, qual seja, desbravarem o São Lourenço e integrá-lo a
um novo Brasil que estava se descortinado a partir dos meados do século XX. E
esta façanha quem quer que se proponha a narrá-la, analisá-la e escrevê-la, não
poderá fazê-la sem se referir ao protagonismo do Centro Espírita Allan Kardec.
Aliás, quero render tributo ao Casal Augusto Ribeiro e
Pulcina e também aos seus filhos, a saber: José, Antônio, Antônia, Epifânio, Ildefonso e
Celso, mais o sobrinho do Casal, qual seja, Antônio Costa, os quais,
protagonizaram e sustentaram árduo,
porém, nobre trabalho de conduzirem São Lourenço a uma nova fase, caracterizada
pelo avanço da agricultura familiar, a qual, infelizmente, mas não por acaso,
foi duramente golpeada pelas políticas agrícolas adotadas a partir dos anos
1970 que, a meu ver, inviabilizaram a permanência dos camponeses, inclusos,
entre eles, a Família Ribeiro, em São Lourenço, de colherem os frutos do
medonho sacrifício que fizeram para desbravar àquelas terras. Mas isto é outra história.
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