domingo, 22 de dezembro de 2024

Festejos Natalinos 02

Estamos mais uma vez muito próximo do dia 25 de Dezembro, e, por conta disso, me permiti retroceder cerca de 55 anos atrás e "aterrisar", num lugar denominado de São Lourenço, município de Caarapó (MS), um povoado que era habitado por mais de uma centena de camponeses. Este povoado, a exemplo do Brasil rural, nos idos dos anos de 1960 e 1970, era marcado por uma realidade cruel, e em sendo assim, a população tinha que de alguma forma buscar a autossuficiência, já que o poder público -  esferas municipal, estadual e nacional -, se caracterizavam por serem ausentes e omissos.

Em São Lourenço, os camponeses, tendo como alguns líderes, membros da Família Ribeiro, mas não só, buscaram assegurar a autossuficiência, bancando eles mesmos o oferecimento de certos serviços, tais como lazer (futebol, brincadeiras e bailes familiares, confraternizações); saúde (parteiras, benzedeiras, pequenas cirurgias de bernes, amputação de crianças que, porventura, nascessem com o sexto dedo, ministrar soro antiofídico em pessoas picadas por cobras). Na área de saúde, Ildefonso Ribeiro, Maria Sinhá, Dona Joana Lopes, Dona Filismina, dentre outros, foram o que atualmente é denominado de agentes de saúde, haja vista, terem contribuído para melhores índices de saúde pública em São Lourenço, claro que enfrentando algumas limitações, mas ainda assim, foram extremamente providenciais; abastecimento popular - merece registro o armazém de Augusto Ribeiro que supria os camponeses com alguns itens básicos: farinha de mandioca, querosene, açúcar, sabão, fósforo e outros itens); por um período muito curto,mas ainda que curto, digno de nota cito também o primo Eduardo, o qual se estabeleceu com bar/mercearia e contribuiu para otimizar os serviços oferecidos no setor de abastecimento popular em São Lourenço; religião: embora os camponeses, a maioria fosse adeptos do catolicismo, em São Lourenço, o Patriarca Augusto Ribeiro e os seus filhos Ildefonso e Antônio, o seu sobrinho Antônio Costa, e camponeses amicíssimos da Família (Seo Luizinho, Antônio de Paula, João Felício), contribuíram para a fundação do Centro Espírita Allan Kardec, e asseguraram um espaço para o exercício do espiritismo kardecista, patrocinando eventos diversos: palestras, estudos da filosofia, lazer, confraternizações, estas duas últimas atividades acabaram  atraindo, inclusive, os camponeses católicos e até mesmo, alguns raros evangélicos que lá residiram. O espiritismo kardecista, em São Lourenço, cumpriu um papel estratégico e decisivo no sentido de assegurar aos camponeses determinação, persistência e disposição para enfrentar tantas dificuldades, as mais variadas. Cimentou muita solidariedade e cumplicidade entre os camponeses.

É neste cenário que se inserem as comemorações do dia 25 de Dezembro. Nesta data Ildefonso Ribeiro, Antônio Ribeiro e Antônio Costa e outros, se notabilizaram por liderarem as ações para que no dia 24, véspera de natal, fossem realizados no Centro Espírita Allan Kardec, eventos festivos que consistiam na distribuição de presentes às  crianças, quando conseguiam donativos junto aos comerciantes dos quais eram clientes em Caarapó, Nova América e Dourados; realização de palestras e apresentações culturais (poesias, pequenas dramatizações - pecinhas teatrais. Me lembro de algumas pessoas que se destacaram nestas atividades: Nilza Lopes, Maria Socorro Ribeiro e Antônio Ribeiro, declamando poesias; Luiza Alexandre, Alberto Ribeiro (meu irmão), por exemplo, interpretando melodias natalinas. A Lurdinha Ribeiro que já naquele período era uma evangelizadora também se envolveu muito na organização das atividades a serem realizadas, nestas celebrações natalinas. Poderia aqui elencar outras ações e pessoas, mas fico por aqui.

Para concluir, afirmo estes eventos  festivos do natal em São Lourenço,fechavam com chave de ouro, cada ano, por isso, inesquecíveis para quem em alguma medida esteve envolvido, seja como protagonista ou como mero espectador.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Festejos Natalinos e de Final de Ano, Passado e no Presente

 Queridos parentes, aqui dou testemunho de uma experiência pessoal, sobre as comemorações das festas natalinas e de final do ano, no passado - décadas de 1960 e 1970, experiência que vivi no São Lourenço - e na atualidade - estas experiências, as vivencio como homem urbano.

Mentalmente, numa viagem ao passado, me recordei de um dia, não me lembro exatamente o ano, todavia posso afirmar que tal registro se verificou ao final da década de 1960 ou no inicio da década de 1970, num lugar, claro, denominado de São Lourenço.

Lembro-me,  como se fosse hoje (15 de Dezembro de 2024), o meu pai juntamente Comigo e  o Alberto fomos a Casa do Tio José, exatamente no dia 25 de dezembro, dia de natal, oportunidade em que o Tio José, Família e parentes da Tia Sinhá, residentes no Paraná, estavam reunidos, estes últimos passando o final de ano na casa do Tio José. 

Quando lá chegamos, eles estavam num almoço, típico de natal. A conversa rolava solta e muito alegre. Então indaguei o meu pai, sobre a explicação para aquele ambiente festivo e comemorativo. O meu pai, respondeu: é que hoje é dia de natal, eles estão comemorando. Confesso que até aquele momento, eu não associava dia de natal com almoços comemorativos.

Naquele período histórico,  não havia as propagandas com objetivos comerciais, como  na atualidade, sobre datas comemorativas: Dia das Mães, Dia dos Pais, Semana da Páscoa, Dia de Natal e Festejos de Final de Ano, dentre outras. Por dois motivos, o Brasil ainda era um País rural, e energia elétrica, não estava massificada como atualmente, embora,   em pleno Século XXI, a energia elétrica, ainda não esteja universalizada no Brasil; acrescento ainda que o Brasil não era o que podemos denominar de uma sociedade regida pela lógica consumista.

Em sendo assim, não havia o apelo na mesma dimensão que existe atualmente, qual seja, que as pessoas  comprem presentes e a realizemcomemorações natalinas e de festejos de final de ano, como ocorre na atualidade. Não era possível ficar o tempo todo com o rádio - tv nem pensar - ligados, portanto, ser bombardeado pela propaganda alusiva ao natal era impossível. 

Portanto, eu ignorava, igualmente a tantos outras crianças residentes no São Lourenço que, as comemorações natalinas e festejos de final de ano, existissem. Confesso que fiquei perplexo.

Este registro eu o faço para que as gerações mais novas, saibam um pouco da caminhada histórica brasileira. Após, a década de 1980, com  o Brasil já urbanizado e regido pela lógica consumista, mesmo uma criança, por volta dos dois anos de idade, não fica mais indiferente a tais datas, em virtude do bombardeio midiático que o comércio faz para que as pessoas comemorem, presenteiem parentes e amigos, e aumente o faturamento, evidentemente, deles, os comerciantes.

Porém, observo que até os anos 1970, a propaganda com cunho consumista era muito tímida, pouco apelo consumista nestas datas;  uma outra realidade que perdurou dos anos 1980 até mais ou menos 2015, de execução de músicas natalinas junto aos veículos de comunicação e lojas, recorrendo intensamente às músicas natalinas, visando sensibilizar o consumidor e cultuando o consumismo; e outra mudança adotada por volta de 2015 pra cá, qual seja, não se verifica mais a execução tão intensamente das músicas natalinas, como outrotra. Existem propagandas e apelos ao consumismo, porém, valendo-se de outros procedimentos.

Em síntese, cada período histórico, se apresenta com suas características. A nós, cabe compreender este dinamismo. E saber que cada uma delas tem os seus encantos e suas contradições.

Almoço natalino, na Casa do Tio Celso.
Aqui eu já sabia que no dia de natal,
as comemorações eram feitas.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

BREVE RELATO SOBRE NOVA AMÉRICA

 Nas décadas de 1960 e 1970,  Nova América - fundada em 1963, distrito de Caarapó (MS), uma Vila, que naquela "quadra" histórica poucas opções de emprego oferecia. Para ser mais preciso, existiam apenas duas serrarias pertencentes a duas Famílias, a saber: Piteri e Lupinette. Uma comunidade que dependia fortemente do extrativismo vegetal.

As demais famílias que quisessem viver em alguma atividade vinculada ao setor terciário, tinham como opção, se estabelecerem comercialmente por conta própria: bares, armazéns, borracharias, postos de gasolina, máquinas de beneficiar arroz, etc. 

Todavia, a indústria madeireira, logo entrou em crise, devido dizimação das florestas. Em sendo assim, a Vila, igualmente entrou em crise. E a Nova América, nome que procurava passar a mensagem de que esta Vila, recém criada, seria tão próspera quanto aos Estados Unidos da América, obviamente, uma mensagem que não se concretizou.

Com a crise da indústria madeireira,  partir da década de 1980, as famílias migraram em massa, quase que 100% das  migrações se deram  para Dourados. Muitas foram as famílias que desmancharam as suas casas, colocando a madeira num caminhão e chegando em Dourados, ergueram com as mesmas,  suas novas, aliás nem tão novas, casas. Nova América, num primeiro momento,  a partir da década de 1980, registrou um decréscimo populacional. 

Porém,  a partir dos anos 2.000, graças a indústrias, primeiramente uma indústria de óleo vegetal e depois a JBS (frigorífico), registrou um leve crescimento populacional;  a chegada de energia elétrica e a construção de conjunto habitacional,também  contribuiram  um pequeno crescimento demográfico da Vila, porém, nada que se compare a pujança demonstrada,  quando de sua fundação.

Mas nem por isso, Nova América, perdeu o seu encanto, para quem foi personagem protagonista ou não desta história. Nostalgicamente, comprovando a veracidade destas afirmações, me encontro fazendo este relato.

Detalhes 01: , em Nova América, as ruas eram nominadas com nomes de Países;

Detalhe 02: em São Lourenço, muitas das casas erguidas, o foram com a madeira produzida nas serrarias de Nova América;

Detalhe 03: Nos anos 1950, década em que a Família Ribeiro chegou ao São Lourenço, a madeira para construir as casas (tábuas, vigas e ripas), eram feitas  com o famoso serrotão, um espécie de traçador. Esta ferramenta implica na produção tábuas, caibros  e vigas  despadronizadas, qual seja, tábuas com larguras e espessuras diferentes. O efeito estético não era tão atraente.

Praça atualmente existente em Nova América



Detal

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...