Por Enio Ribeiro de Oliveira
Esta foto data do período que narrei logo abaixo.
Em São Lourenço o arroz era o produto que os Ribeiros e os demais camponeses cultivavam com vistas a comercialização. Outros produtos como o milho, o amendoim, o feijão, etc., evidentemente eram cultivados apenas para consumo próprio. Já o arroz, a partir da década de 1960, se tornou produzido com interesses comerciais. Todavia, o preparo da terra começava por volta de setembro e as colheitas, as mais retardatárias, avançavam, em alguns anos até abril do ano seguinte. Logo, no período abrangendo o final do outono e todo o inverno (abril a setembro), diversos camponeses, dentre eles, vários pertencentes a Família Ribeiro ficavam com as terras ociosas.
Durante a década de 196, os camponeses aproveitavam exatamente o período da entressafa para realizarem o desbravamento (desmatamento, roçadas de áreas ainda virgens) de mais um trecho de suas propriedade. Porém, já no início da década de 1970, praticamente todas as propriedades encontravam-se desbravadas, razão pela qual, os Ribeiros passaram a cultivar neste período, quero dizer de entressafra, o trigo.
Vale dizer que dificuldades de toda sorte tiveram que enfrentar. Falta de experiência com a cultura do trigo, inadaptação das cultivares para o tipo de solo e climas existentes em Dourados e Região, inclusive, em São Lourenço frustrando os resultados esperados com o cultivo do trigo.
Lembro que início dos anos 1970 a EMBRAPA não estava instalada ainda em Dourados, logo, as pesquisas sobre melhoramento genético, inclusive, para as sementes de trigo não aconteciam em Dourados e Região. Em síntese, os camponeses quase sempre deram com os burros n`água ao cultivarem o trigo. Lembro também que os governos da então faziam apelos aos camponeses para que plantassem, havendo uma campanha oficial que dizia, não só, é claro, para a lavoura do trigo: "plante que o governo garante". Vocês queridos parentes já imaginam até que ponto a palavra empenhada foi cumprida.
Moral da história: o cultivo do trigo em São Lourenço teve um período de vigência curtíssimo. Quem sabe se a agrônoma da Família, a Leia, no período relatado já estivesse formada, o final desta historia teria sido um pouco melhor. Mais deixa pra lá, afinal de contas existe um adágio popular que diz: "aguas passadas não movem moinhos".
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