sexta-feira, 27 de julho de 2018

PORQUE NÃO FOMOS PARAR EM TANGARÁ DA SERRA?

Os Ribeiros, se incluem entre os milhares  de nordestinos que vieram tentar a vida como lavradores em São Lourenço por conta da Marcha para o Oeste Brasileiro.
Esta marcha para o oeste teve início com os bandeirantes, todavia, durante o governo de Getúlio Vargas se tornou mais ousada em razão de alguns fatores, a saber:
a) com a Revolução Industrial Brasileira iniciada na década de 1930, os operários passaram a discutir e problematizar mais os problemas políticos, econômicos e sociais brasileiros,  como a luta por direitos trabalhistas, reforma agrária e outros. Assentar os que desejavam terras foi considerado oportuno ao governo, na medida que ajudava a distensionar a pressão sobre   este nos principais centros urbanos-industriais do País (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte) 
b) diminuir o grande poder econômico da Companhia Mate Larangeira. Lembrando que Tomas Larangeiras  foi agraciado com   direito  de explorar a maior concessão de terras feita a grupos privados de toda a história brasileira . Praticamente metade do atual Estado de Mato Grosso do Sul figurava como terras concedidas a esta Companhia. A instalação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados foi a forma encontrada por Getúlio Vargas em 1943 para limitar e reduzir o poder político e econômico desta Companhia. Aliás, o mesmo Getúlio dera início a este processo quando em 1943 criou o território federal de Ponta Porã (1943 a 1946), cujo território fora desmembrado da Companhia Mate Larangeiras;
c) por motivos de segurança nacional já que os limites territoriais do então Estado de Mato Grosso, ao longo da história foram sempre questionados,  estas fronteiras se apresentaram até então sempre muito instáveis por conta da colonização espanhola e portuguesa, situação que não se alterou muito, mesmo após a independência das colônias latino-americanas. Exemplo mais ilustrativo foi durante a Guerra da Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina) contra o Paraguai em que terras outrora pertencentes ao Paraguai passaram a pertencer para o Brasil após o final do conflito.
Pois bem, os Ribeiros vieram para cá muito esperançosos com este processo de expansão das fronteiras agrícolas para o Oeste Brasileiro. É verdade que não foram agraciados com a reforma agrária feita durante o governo de Getúlio Vargas, porém, ficaram deveras animados com a fertilidade das terras e com as oportunidades que vislumbraram ao virem para o São Lourenço.
A história mais tarde demonstrou que as coisas não se deram exatamente da forma como imaginaram, tanto é, que nos anos 1970, José Ribeiro, Epifânio Ribeiro, Antônio Ribeiro, Ildefonso Ribeiro, Luis Carlos Ribeiro e mais o seu Laucídio (este último não era Ribeiro e nem residia em São Lourenço) programaram uma viagem ao Norte do então Mato Grosso, para ser mais exato em Tangará da Serra, com a intenção de conhecerem as terras deste lugar e lá se estabelecerem como lavradores. Esta viagem fora pensada e chegou a ser feita até Coxim, em uma Kombi de propriedade de Augusto Ribeiro. Ocorre que durante o trajeto esta Kombi tombou duas vezes, e, por conta disso, os integrantes da comitiva entenderam como um sinal dos céus de que não deveriam prossegui-la, e, graças, então a este acidente não foram até o destino planejado. O motorista da Kombi era o LuisCarlos (filho do Tio José), aliás, um excelente motorista. O acidente se explica em função das condições da estrada e da pouca estabilidade de uma kombi. E se ele não fosse bom no volante o acidente poderia ter sido fatal.
Eu particularmente penso que o além nos salvou de entrar numa fria já que, as terras de Tangará da Serra, embora seja muito férteis, se caracterizavam pela ocorrência das tão comuns doenças tropicais, malária, dengue, etc. E se tivéssemos ido para lá, o teríamos feito sob condições econômicas bastante desfavoráveis e provavelmente, eu não estaria  fazendo este relato. Claro que isto são conjecturas, mas é o que penso.
Observação: este relato pode conter incorreções, quem as identificar pode se manifestar que, sem nenhum constrangimento, eu farei as devidas correções.

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