Pois bem, a capinagem nos arrozais, em São Lourenço, por estes serem cultivados nas várzeas, era mais penosa realizá-la. Todavia, com a chegada da revolução verde, qual seja, uma agricultura que passou gradativamente a valer-se da mecanização, da pesquisa, fertilizantes químicos e herbicidas, em São Lourenço, a falta de mão de obra para a capinagem foi relativamente resolvida, recorrendo-se aos herbicidas.
Me lembro do meu pai, com uma bomba de passar veneno nas costas, cuja capacidade era de 20 litros, embrenhar-se nas plantações de arroz, em meio à várzea. Interessante é que, ele, represava as águas nas valetas, como estratégia para irrigar os arrozais, e água acabava ficando acima do solo, cerca de 10 centímetros.
Pois bem, e ele, máquina nas costas, botas de borracha, marca Sete Léguas, um chapéu enorme na cabeça, inúmeras vezes passou veneno para matar as ervas daninhas. Dava dó de vê-lo, em alguns momentos, neste penoso trabalho, no qual, as vezes, atolava na várzea. Mas ele era teimoso, e na opinião e na raça, varava o dia.
Narrei aqui fatos ocorridos com o meu pai, todavia, os demais camponeses também aderiram ao uso dos agrotóxicos. E com efeito, dois ou 03 dias depois, as erva daninhas se apresentavam murchas, algumas secas.
Porém, refletindo sobre aquele período histórico, fico a pensar, sobre os problemas de saúde causados pelos agrotóxicos, inclusive, para a pessoa que fazia a pulverização. Danos sobre os quais,os camponeses pouca informação tinham. E posso dizer, o jogo era bruto, passar veneno nos arrozais, era um grande desafio e muito arriscado para os lavradores. Não desistiam porque eram muito determinados, e, cá entre nós, foi na base do vai ou racha.
Mas, vi o meu pai, muitas vezes acabrunhado, dores nas costas e outras dores, certamente, provocadas pelo contato com os venenos.
Botas Sete Léguas
Um dos modelos de chapéu utilizado.
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