Relendo o livro escrito por Ildefonso Ribeiro (o Tio Dé), RETRATO DE UM SONHO, me deparei com o seguinte texto,página 22, parágrafo 5º, um relato sobre o estado de espírito de Augusto Ribeiro (meu avô), quando tomou a decisão de vir para o então Mato Grosso. Fiz questão de transcrevê-lo na íntegra : "não estava satisfeito no Estado do Paraná. A lojinha de tecidos no Patrimônio Ãngulo andava muito devagar...Ouviu dizer que estavam colonizando a região de Dourados, no Mato Grosso. Ali já se encontravam seu cunhado Antônio Ferreira e, mais um grande número de parentes e amigos naturais de Exu e Cana-Brava".
Com efeito, na década de 1940, o Presidente da República,Getúlio Vargas deu início ao movimento denominado de expansão para o Oeste Brasileiro. Este movimento, dentre as várias explicações, apresentadas se deveu a dois fatores: a) acalmar a luta que estava já bastante intensa e conflituosa, no Centro-Sul do Brasil, sustentada pela sociedade brasileira, para a qual, a reforma agrária não podia ser adiada;
b) manter a integridade territorial brasileira, o que estava a exigir, uma nova geopolítica para a região de fronteira e desta forma evitar o dissabor de países como o Paraguai e a Bolívia, subtraírem parte do nosso território.
É nesse contexto que deve ser entendida a implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND),e, para a qual, vieram goianos, mineiros, paraguaios, japoneses e principalmente, nordestinos. A CAND, serviu pois, a dois objetivos, minimizar os conflitos pela reforma agrária no Centro-Sul do Brasil e preservar nossas fronteiras.
Monumento erguido em Dourados,
em 1992, em homenagem aos colonos que foram
assentados na Colônia Agrícola de Dourados.
Infelizmente, dentre tantas injustiças cometidas contra os colonos, a sociedade douradense, não contente, resolveu denominar este monumento de "Mão do Braz". Embora, não seja, esta intenção é como se dissesse, "colonos não estamos nem aí pra vocês."
Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira
Maria Baiana e Luis Baiano
`Pois bem, neste contexto, e apropriando-me das valiosas informações postadas no grupo de watsapp, São Lourenço dos Ribeiros, pela Eunice Daniel, Augusto Daniel, Marina Ribeiro e Paulo Gabriel (Paulinho), dando conta de que Augusto Ribeiro e os filhos, exceto, Celso Ribeiro, exerciam as seguintes atividades : alfaiate, comerciante e juiz de paz, no período que Augusto Ribeiro veio se estabelecer, primeiramente na Colônia Agrícola Municipal de Dourados (atualmente Itaporâ) em Montese, onde permaneceu por apenas seis meses e depois rumou para São Lourenço de que, os Ribeiros, tiveram que fazer sim, um grande aprendizado nas atividades agrárias que passaram a desenvolver em São Lourenço.
Observaçao: a Colônia Agrícola Municipal de Dourados foi implantada em 1923 (atualmente Itaporã) que, aliás, teve pouco sucesso e não deve ser Confundida com a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, esta sim, bem sucedida que abrange toda a Região da Grande Dourados, mas nos anos 1940 correspondia a todo o território douradense.
De acordo com o relato do Tio Dé, a vinda da Família Ribeiro para Mato Grosso teve início no dia 12 de Janeiro de 1954, e aí já respondendo, a uma curiosidade do primo, Argemiro Ribeiro, posso afirmar que a chegada da Família Ribeiro ao São Lourenço tenha se dado provavelmente no mês de Julho ou Agosto de 1954.
Outro detalhe que acho oportuno frisar, embora o Tio Dé, em sua narrativa tenha dito que em períodos anteriores, Augusto Ribeiro tenha trabalhado na lavoura, é importante lembrar que as práticas agrícolas verificadas no Nordeste, eram muito diferentes das estabelecidas em São Lourenço.
Por isso, sou levado a crer que em São Lourenço, com base nos relatos dos primos relacionados (Augusto Daniel, Eunice Daniel, Marina Ribeiro e o mano Paulinho) que a Família Ribeiro passou por um aprendizado sobre as práticas agrícolas aqui no Mato Grosso, diga-se de passagem, bastante penoso, até porque os recursos eram parcos, a mão de obra escassa e desqualificada.
Aliás. para corroborar esta argumentação, quero lembrar que, na Colônia Agrícola Nacional de Dourados, foram assentadas 10.000 famílias, das quais, 1.000 famílias eram japonesas, um acordo feito pelo governo brasileiro com o governo do Japão, País que saiu arrasada da 2ª Guerra Mundial, todavia, com larga experiência em práticas agrícolas, especialmente a pequena agricultura familiar, o que era o casa da Colônia. Veja o neste link o mapa da CAND https:www.google.com/search?q=colonia+agr%C3%ADcola+nacional+de+dourados&sxsrf=ACYBGNS4_lnJ9RQOKcUGNsDymxm7v19iJA:1576261093524&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwj-1bWUnrPmAhVhHLkGHS46BwMQ_AUoA3oECAwQBQ&biw=1366&bih=657#imgrc=CfSYYDQBqSkNvM:
O acordo foi feito porque o governo brasileiro esperava e foi o que realmente aconteceu que, as famílias japonesas desempenhassem o papel de professoras de práticas agrícolas aos demais colonos.
Ou seja, isto demonstra que, apesar dos milhares de nordestinos que vieram para mesma, os conhecimentos sobre as práticas agrícolas dos nordestinos não eram adequadas para a Colônia. Por extensão, resulta que a Família Ribeiro teve sim que realizar um difícil aprendizado sobre as práticas agrícolas, sendo que o Tio José, se destacou, não por ser melhor que os outros. Ele também estava passando por um aprendizado, todavia, se diferenciava dos demais, por conta um detalhe, qual seja, conceber a agricultura não só como atividade econômica, mas também como uma atividade onde o agricultor poderia praticá-la, se portando pois, também como um artista e onde objetivos estéticos também deveriam ser buscados. Os demais irmãos, até onde eu sei, não tinham esta preocupação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário