terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O ROUBO NO LARANJAL DO TIO JOSÉ

Lá no São Lourenço, tínhamos o hábito de brincar de ladrão. Digo hábito porque os produtos que roubávamos, quase sempre, nós tínhamos em casa ou éramos produtores do produto a ser roubado. Mas o encanto estava em apropriar-se indevidamente do bem alheio.
Foi assim que, num sábado, após o término da reunião da mocidade espírita, no Centro Espírita Allan Kardec - durante um bom período, as reuniões ocorreram aos sábados, mas também, houve períodos em que ocorriam aos domingos -  eu, o Alberto, o Argemiro e o Lulê, fomos embora para casa. Para chegarmos em nossas casas, antes, passávamos em frente a um laranjal, em meio a uma plantação de soja, sob a responsabilidade do Tio José.Este laranjal anteriormente pertencera a Tio Antônio, numa casa anterior, em que ele morara. Depois que o Tio Antônio mudou-se para uma outra casa, o local ficou sob os cuidados do Tio José.
O laranjal já estava, portanto, sob os cuidados do Tio José, a semelhança da plantação de soja. Na noite fatídica, resolvemos roubar laranjas, neste laranjal. Todavia, o Lulê não quis nos acompanhar. Apenas eu, o Alberto e o Argemiro fomos praticar o crime.
Subimos nos pés de laranja, e em meio a muita conversa feita animadamente, por estar infringindo as regras e ao mesmo  chupávamos as laranjas. Todavia, alguém começou a atirar pedras contra nós. Mas na nossa cabeça, o autor era o Lulê que imaginamos que não quisera ter vindo junto com a gente, pra poder aprontar. Então, num primeiro momento, dizíamos, fica quieto Lulê, seu viado. Mas, as pedras continuavam sendo lançadas.
Num dado momento, surge o Luizão, gritando:  o que vocês estão fazendo aí. "Engraçadinhos". Quando nos demos conta de que não era o Lulê, mas sim o Luís Carlos, filho do Tio José, logo o dono do laranjal, descemos dos pés de laranja e saímos numa desesperada carreira, detonando, inclusive, a plantação de soja. Ocorre que o Alberto era molão, e logo cansou, sendo, portanto, alcançado pelo Luís. O Luís, tomou dele um canivete, além de dar-lhe  um esculacho. Quanto a mim e ao Argemiro, o Luís não conseguiu alcançar, éramos bons na corrida. 
Ocorre que o canivete pertencia ao Argemiro. E como recuperá-lo. Para recuperá-lo teríamos que dizer pra todo mundo que estávamos roubando. O Argemiro, narrou o fato ao Tio Celso. E o Tio Celso, quando encontrou o Alberto, disse: "mas você é um bosta, porque não cutucou a barriga do Luís, com o canivete? É claro que o Tio Celso, falou isso, como é comum de dizer, da boca pra fora.
Mas o nosso receio era de que a notícia chegasse aos ouvidos da vovó. Se isso acontecesse, o sermão seria grande, e todo mundo ficaria sabendo. A vovó, faria um comício. Se a memória, não está me traindo, esta notícia não chegou aos ouvidos da vovó, e o fato, se tornou do conhecimento de poucos e agora 50 anos depois, estou dando maior publicidade. Até porque, o crime já prescreveu (rsrs).

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