ramo familiar Ribeiro/Moraes,
A ramificação Ribeiro/Moraes, conforme pode se depreender ao visualizar uma das fotos acima, cresceu bastante e, por consequência, uma quantidade razoável de netos e bisnetos, Francisco (Chico) Morais e Maria Ribeiro. deram ao casal Augusto Ribeiro e Purcina Ferreira.
Lembro que a Família Ribeiro/Moraes, quando veio embora do Estado do Paraná, na década de 1970, enquanto se encaminhava em Dourados, isto é, encontrar trabalho, ficou um curtíssimo período de tempo. em São Lourenço, hospedada na Casa de Augusto Ribeiro e Purcina Ferreira.
A Família Ribeiro/Moraes, diferentemente, dos demais Ribeiros, foi educada segundo os valores urbanos já que sempre moraram em cidades, ao contrário dos demais Ribeiros que até então, boa parte dos primos, muitos dos quais nascidos no São Lourenço e outros, vieram ainda muito crianças para este lugar, ao contrário da Família Ribeiro/Moraes, incorporou os hábitos do sertanejo (homem rural). Outra característica diferenciadora entre ambas: as religiões escolhidas: católica ou espirita kardecista para os Ribeiros de São Lourenço, e Testemunha de Jeová para a Família Ribeiro/Moraes. Atualmente, é bom que se diga, vários, além dos Moraes, tornaram-se evangélicos.
Não poucas vezes, estas diferenças religiosas, implicaram em alguns choques e, vamos por assim dizer, tanto de um lado, como de outro, colocou a ambos, os Ribeiros numa saia justa, por conta de coisas simples, como por exemplo:
a) pedir a benção: o que era uma exigência para os Ribeiros, mas não o era para a ramificação Ribeiro/Morais, que sendo Testemunha de Jeová, aliás se colocava totalmente contrário a esta prática. Sendo assim, ao nos depararmos em roda de conversa ou outra atividade em que estavam juntos os Ribeiros e a Tia Maria e o Tio Moraes, pedíamos bênçãos aos demais tios e avós, no entanto, para a Tia Maria e o Tio Moraes, não pedíamos e se pedíssemos, eles faziam de conta que não nos ouviam ou davam uma de desentendidos, provocando um certo constrangimento a todos. Por outros lado, os filhos do casal Maria Ribeiro e Francisco Moraes, não pediam a benção aos tios. Imagine o clima que se apresentava.
b) preparação de alimentos: outro diferencial, o Testemunha de Jeová, não aceita cozinhar ou assar uma galinha para ser servida, sem a degolar, haja vista que, pra esta religião é uma transgressão imperdoável a ingestão de sangue. Ressalte-se que, o Testemunha de Jeová, não aceita transfusão de sangue, mesmo sabendo que possa vir a óbito;
c) condenação as apostas em jogos lotéricos. O Testemunha de Jeová é contrário a apostas em jogos lotéricos. Na década de 1970 estava em alta, a loteria esportiva. E os Ribeiros de São Lourenço, sempre que sobrava algum trocado faziam as suas apostas. Este detalhe serviu para discussões acaloradas e também para ironias e gozações de parte dos Ribeiros para com o ramo Ribeiro/Moraes. Lembro que a Edina Ribeiro Moraes, aliás, a única filha de Maria Ribeiro e Francisco Moraes, transgrediu a regra da religião ao apostar na loteria, e incrível, em uma destas apostas foi sorteada. Teve, não precisa dizer, críticas dos familiares.
Mas em que pese todos os aspectos até aqui colocados, sou forçado a reconhecer, a Tia Maria e os seus filhos, acredito que foram muitos habilidosos, na administração destes pequenos e incômodos "contratempos". Estas diferenças nunca os impediu de que nos visitassem anualmente em São Lourenço, e, posteriormente em Dourados, já que a maior parte dos Ribeiros, inclusive, o casal Augusto Ribeiro migrou para esta cidade. É bem verdade que estas visitas se tornaram mais raras, até porque os integrantes desta família estão dispersos e morando em outros estados do Brasil e também porque, o Patriarca e a Matriarca da Família Ribeiro, Augusto Ribeiro e Purcina Ribeiro, bem como os seus filhos, já faleceram. Acrescento um outro fator: a urbanização do Brasil, trouxe como consequência uma vida mas agitada, estressante e desumanizante, e, a Família Ribeiro não ficou imune aos seus efeitos.
Por conta disso avalio que nos tornamos mais distantes, mais frios e insensíveis mesmo, uns para com os outros. Pouco nos visitamos, não nos conhecemos a todos. A Família ao mesmo tempo, cresceu e se dispersou por todo o território nacional e uma das saídas, creio, é a promoção de encontros, a exemplo do que fazem outras famílias. Mas isto é uma conversa pra outro momento, vamos ao que interessa, o resto tem menos pressa.
Eu, particularmente, ficava muito feliz quando a Tia Maria e os seus filhos iam nos visitar em São Lourenço, sentia a necessidade de conviver mais com eles e conhecê-los melhor. Admirava a desenvoltura demonstrada por eles, a maior naturalidade com que encaravam alguns temas: namoro, a exposição de seus pontos vistas, o jeito de se vestirem, ainda que sabidamente em desacordo com o incorporado pelos demais Ribeiros.
Mais tarde, indo morar (1976 a 1978) com a Família Ribeiro/Moraes, entendi melhor esta família. O Testemunha de Jeová passa por um treinamento constante na Igreja, na qual fazem cursos, treinamentos relacionados a propagação do, pelos Testemunhas de Jeová, denominado de "As Boas Novas", inclusive, na forma como devem abordar as pessoas para levarem a Palavra de Deus, segundo a orientação desta vertente evangélica. Lembrando que o Testemunha de Jeová, normalmente nos finais de semana e feriados, faz visitas as residências para propagarem, o que eles denominam de a Palavra de Deus. E não raro, a resistência e até desaforos são obrigados, são desafios com os quais se deparam. Dito isto, posso assegurar que o clima, às vezes adverso que enfrentaram em São Lourenço, em que pese o desconforto, foram muito bem administrados pela Família Ribeiro/Moraes, haja vista que, por terem tido a preparação que tiveram na Igreja Testemunha de Jeová, situações como as descritas aqui, eles, sabem como bem o demonstraram, "tira de letra".
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