Nesta postagem relatarei um pouco do ritual adotado em São Lourenço para se fazer Pão de Sal.
A primeira providência adotada era construir um forno no quintal da casa e ao
ar livre. Alguns camponeses os faziam, utilizando tijolinhos.
Outros utilizando tão somente o barro (argila – um barro de cor branca). Os camponeses mais caprichosos faziam com
tanto capricho que, os ditos fornos, quanto ao visual e estética, se constituíam em verdadeiras obras
de artes. Mas havia também os camponeses relaxados, cujo visual e efeito
estético dos fornos não eram muito apreciados, embora, fossem eficientes para
assarem pães e, por vezes e até mesmo, bolos.
Os fornos eram bem grandes e aquecidos à lenha. Na
parte traseira dos mesmos era feito um buraco de aproximadamente 10 centímetros quadrados, denominado de
suspiro. Pelo suspiro, enquanto o forno estava sendo aquecido, a fumaça saía.
Os pães eram feitos utilizando o fermento antigo, cuja
massa depois de preparada (sovada), da mesma retirava-se um pedacinho ( uma bolinha) e que era colocada em um copo d`água.
Inicialmente a
bolinha da massa ficava submersa, no
fundo do copo, todavia, a medida que o tempo ia passando, que a massa do pão ia
crescendo, a pequena porção de massa colocada no copo ia subindo. Quando a
mesma estivesse flutuando totalmente sobre a superfície de água colocada no copo, a
assadora de pão não tinha dúvida, a massa estava pronta para ser levada ao
forno e assada.
Lembrando que para saber se o forno estava aquecido o
suficiente , a assadora, que por ter muita prática, não precisava recorrer a um
termômetro,apenas colocava a mão no forno, e ao sentir a temperatura do mesmo incidindo
sobre a sua mão e braço,
avaliava se a temperatura estava no ponto ideal para assar pães.
Outro cuidado, uma vez removida a lenha utilizada para aquecer
o forno, de posse de uma vassoura, normalmente de guaxuma verde e molhada, era efetuada a remoção da cinzas provocadas
pela queima da lenha no interior do forno. Também depois de o forno ter
sido aquecido e limpo, colocava-se folha
de bananeira, no interior do mesmo, constituindo tais folhas de bananas em uma espécie de forro sobre o fundo forno,
e sobre o qual, eram depositados os pães
para serem assados.
Imaginem, queridos parentes, quão saborosos ficavam os
pães assados nestes fornos (fornos caipiras), aquecidos com lenha e forrados
com folha de banana. Um processo
totalmente natural, e enquanto os pães estavam assados, quem perto do forno passava,
sentia um aroma mágico, extremamente estimulante as suas narinas, e, acreditem as “lombrigas”
ficavam assanhadas para saborear os pães que estavam sendo assados.
Os pães eram feitos recorrendo-se a um processo do começo
ao fim, totalmente natural. Atualmente, os pães em padarias e mesmo os
caseiros, perdem de goleada em sabor e no grau de sanidade para, os outrora, pães
feitos pelos camponeses,
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