PURCINA FERREIRA E AUGUSTO RIBEIRO
Em minhas postagens tenho me referido a todos os Ribeiros que moraram em São Lourenço como tendo sido lavradores. Todavia, utilizo, indistintamente outros termos termos , tais como: camponeses, pequenos proprietários rurais, agricultores e lavradores. A grande maioria dos Ribeiros ficou no São Lourenço até a década de 1970. Depois desta década alguns permaneceram por algum tempo até que todos de lá acabaram se retirando.
Confesso que não tenho utilizado o termo com o rigor sociológico e acadêmico, isto é, stricto sensu e sim, lato sensu.
Por conta disso, em conversas com um dos nossos primos, ouvi as seguintes ponderações de que, eu, ao denominar os Ribeiros por um dos termos relacionados no parágrafo anterior, segundo este primo, incorro em sérios erros, já que os Ribeiros, antes de virem, primeiro para Itaporã e depois para o São Lourenço, atuaram como comerciantes, alfaiates, empregados, juiz de paz e outras funções e não como lavrandores. Em sendo assim, foi um acidente histórico - pondera este primo - terem atuado como lavradores, e, acrescenta um outro argumento, qual seja, o de que, decorridos, cerca de 45 anos, todos os Ribeiros migraram para outras cidades, especialmente a de Dourados, e nenhum deles, exceto o Manoel Renato, atualmente proprietário de uma fazenda em Caracol, porém, mesmo o Renato, aposentou-se exercendo a função de advogado do Banco do Brasil. E mais um argumento, deste meu primo: os Ribeiros demonstraram não dominar as práticas agrícolas quando chegaram ao São Lourenço, tendo, inclusive, "quebrado" bastante a "cabeça" e experimentaram alguns contratempos (fracassos).
Fizeram um longo e penoso aprendizado - argumenta este primo - e o Tio José, que também não tinha experiência em práticas agrícolas, mas sendo muito curioso e um autodidata, acabou encontrando o caminho das pedras e em boa medida ensinou aos demais Ribeiros e camponeses de São Lourenço a se tornaram um pequeno agricultor relativamente bem sucedido, no período compreendido, qual seja, da década de 1960 até a década 1990.
E que em não permanecendo nenhum dos Ribeiros, como lavrador, comprovado está - acrescenta este primo - que não devemos denominá~los de lavradores. O tema é controverso, e, eu desde já, mesmo diante dos argumentos do meu primo, afirmo, eu ainda penso que não cometo nenhum pecado em entender que os Ribeiros foram lavradores, não tão apaixonados e determinados, mas o foram.
Quero ainda acrescentar que as políticas públicas governamentais adotadas para o setor agropecuário, no período em questão, em relação aos pequenos e médios produtores rurais, lavradores, arrendatários, etc, foi, uma vez, tendo estes desbravado as terras até então bravias, tornar inviável a permanência dos mesmos no campo, e portanto, necessário era, tornar a vida dos mesmos num inferno, visando facilitar a apropriação das mesmas pelos grandes latifundiários, num segundo momento, pela empresa rural genuinamente capitalista.
E a estratégia utilizada para infernizar a vida dos camponeses, inclusive, em São Lourenço, no período em questão foi a seguinte: se os lavradores reivindicavam escolas, boas estradas, energia elétrica, assistência técnica e financeira, lhes eram negadas ou dificultadas o atendimento das mesmas. A prova disso é que uma vez tendo sido expulso os camponeses, na Região da Grande Dourados, instalou-se a CERGRAND, Embrapa, Curso de Agronomia e por aí vai, haja vista que quem havia apropriado-se das terras eram os grandes produtores rurais. O tema é controverso e outras narrativas podem ser feitas. Esta é a minha.
A propósito: o que diriam sobre esta polêmica, Purcina Ferreira e Augusto Ribeiro?
Nenhum comentário:
Postar um comentário