quarta-feira, 21 de abril de 2021

ILDEFONSO RIBEIRO, DE TUDO UM POUCO

 

Foto publicado pelo Jornal Virtual DouradosNews, 
19 de Agosto de 2019, anexo a notícia publicada com 
o título: 
"Poeta é homenageado com Prêmio ‘Ildefonso Ribeiro da Silva"


Ildefonso Ribeiro da Silva, professor, poeta, escritor, fundador da Academia Douradense de Letras, da qual, também foi presidente, liderança do movimento espírita, dia 21 de Abril de 2008 veio a óbito.

Quero aproveitar esta data para homenageá-lo.  Filho caçula do casal, Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira, e que, segundo, os irmãos mais velhos, foi o mais paparicado. Até aí, nada de mais. Os pais, via de regra, se mostram mais carrascos com os filhos mais velhos, por conta da inexperiência, por serem mais jovens, logo menos tolerantes e por conta  das preocupações com a sobrevivência, normalmente, mais angustiantes nos primeiro anos de matrimônio. Desta forma, os filhos que cometem o “deslize” de nascerem primeiro, pagam um preço mais alto no que diz respeito a criação e quanto aos rigores (repressão e autoritarismo) na educação a eles  dispensadas pelos pais.

Ildefonso Ribeiro, tendo chegado ao São Lourenço, ainda muito jovem, em torno de 20 anos, em 1954, enquanto o restante da família (pai e irmãos) dedicou-se ao ato de lavrar a terra, a ele coube dedicar-se a atividade meio, quais sejam, ser professor e uma espécie de assistente social, papel que assumiu, não porque houvesse planejado, mas em virtude de que, naquele período histórico, o  São Lourenço era um sertão, logo com as habilidades e  os conhecimentos reunidos por Ildefonso Ribeiro, os seus serviços se revelaram relevantes para as  atividades meio e não atividades fins, ou seja, aquelas que viabilizariam, pelo em parte, as condições  para que o restante da família e demais camponeses residentes em São Lourenço, pudessem lavrar a terra com um pouco mais de tranquilidade. Naturalmente, a precariedade, pra não dizer a inexistência do oferecimento destes serviços pela Prefeitura, primeiramente de Dourados, haja vista que até 1958, Caarapó era um distrito de Dourados e depois pela Prefeitura de Caarapó, a solução encontrada em São Lourenço foi que alguém ficasse encarregado de: alfabetização das crianças e jovens; fazer o papel de assistente social: ler e escrever cartas para os camponeses - exceção feita, aos membros da família Ribeiro -, os demais camponeses cujas famílias  todos os seus membros eram analfabetos; coube a Ildefonso Ribeiro datilografrar documentos diversos, contratos de aluguel, arrendamento, lavrar atas, etc; até porque era datilógrafo e porque uma máquina de escrever;  fez também o papel de agente de saúde: aplicava injeções (naquele tempo, era recorrente o uso de injeções), fazia cirurgias, tais como,  extração de bernes relativamente grandes, de crianças recém-nascidas com o sexto dedo em uma das mãos ou dos pés, algo que naquele tempo ocorria com relativa frequência; além disso tinha permanentemente um estoque de soro antiofídico, já que em São Lourenço existiam muitas cobras venenosas e o socorro mais perto era Nova América. Atuando, como assistente social e agente de saúde, Ildefonso Ribeiro minimizou o sofrimento e em alguns momentos salvou a vida de muitos camponeses,  já que teriam Nova América, um distrito de Caarapó, onde existia um farmacêutico,  distava 13 km de São Lourenço; da Escola Rural Mista de São Lourenço, Ildefonso Ribeiro, além de professor era o responsável por cuidar dos documentos escolares (matrículas, notas e transferências dos alunos). Desta Escola era diretor, secretário, tarefas que em alguns momentos, as dividiu com a sua cunhada e também professora, Maria Sinhá. A Escola em São Lourenço era multisseriada, o professor ministrava, concomitante aulas para turmas em etapas diferentes. Eis a razão de o seu nome ser:  Escola Rural Mista de São Lourenço pois, naquele período não se utilizava o termo multisseriada e sim  mista; também era dirigente da Sociedade Espírita Allan Kardec( popular Centro Espírita), do qual ficou responsável, além das atividades propriamente ditas específicas do espiritismo kardecista, atuar como médium, dirigir reuniões, sessões na casa, formações da mocidade, pré-mocidade e mocidade espírita de São Lourençol, teve que  assumir também os compromissos burocráticos da sociedade: atas, publicação de documentos de utilidade pública, tesouraria e outros; era jogador e dirigente das equipes  de futebol de adultos que existiram em São Lourenço;  nos períodos eleitorais, a justiça eleitoral, o requisitava para ser mesário no Distrito de Nova América; e era responsável pelo ordenamento e cuidar das vacas (vacinar, machucados, picadas de cobras, etc).

Como se pode ver com esta narrativa, Ildefonso Ribeiro, embora não trabalhasse lavrando a terra, ou puxando o rabo da capeta (terminologia, utilizada pelo primo, Edmilson, quando se referia ao uso da enxada nas capinagens), também trabalhou duro e se constituiu no suporte para que a família e demais camponeses pudessem lavrar a terra no São Lourenço 

Em síntese, recorrendo a uma frase do querido e grande primo, o Manoel Renato, Ildefonso Ribeiro foi uma espécie de bombril, ou seja, "MIL E UMA UTILIDADES"

Ildefonso Ribeiro, Maria Senhora e os seus filhos, Ilton e Solange. 

O Marcelo, o seu filho caçula, não aparece nesta foto.

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