Nas décadas de 1950 até 1970, em São Lourenço, os camponeses enfrentavam dificuldades enormes para lavrarem a terra e obterem algum ganho econômico, em virtude dos fatores a seguir elencados, dentre outros:
a) dificuldade de acesso: as estradas eram praticamente intransitáveis para automóveis e, em determinados momentos, só o transporte movido pela tração animal (cavalos e bois) era viável;
b) mão de obra escassa: a terra era lavrada manualmente, sendo assim, se fazia necessário o emprego de muita mão de obra, coisa rara em São Lourenço. A solução encontrada foi a de fazer o uso combinado de diversos categorias de trabalhadores: arrendatários, empreiteiros, diaristas e indígenas. O arrendamento foi a forma de trabalho que se mostrou mais funcional;
c) inexistia experiência da maioria dos agricultores sobre como gerir uma pequena propriedade agrícola. Esta dificuldade somando-se, num efeito combinado, com o desconhecimento de praticamente todos os produtores relacionadas as práticas de cultivo de produtos como milho, o feijão, e especialmente, o arroz - produto que se tornou o carro chefe da economia em São Lourenço -,quase sempre resultou em grandes fracassos para os agricultores em suas atividades;
d) os agricultores eram totalmente descapitalizados e obter financiamentos junto aos bancos era muito difícil. Não havia o PRONAF - Programa de Financiamento da Agricultura Familiar, programa criado nos anos 1990;
Arrendatários:
O arrendamento em São Lourenço, normalmente, era feito nos seguintes termos: a pessoa ou família interessada em arrendar as terras, pagava 25% sobre o total produzido.
O problema é que as famílias dos arrendatários, quase sempre, precisavam de víveres (açucar, farinha de mandioca, fumo, arroz, feijão, etc), querosene para acenderem lampiões e lamparinas, e os proprietários do qual arrendavam as terras, nem sempre tinham condições de bancá-los. Lembrando que o arrendatário só teria condições de pagar os produtos demandados quando colhesse a lavoura que cultivasse. E, claro, se fosse bem sucedido. Caso contrário, recorria-se a um adágio popular: "põe na conta do Abreu, nem ele paga, nem eu" (rsrs). Entenderam o grau de dificuldade?
Augusto Ribeiro, dos proprietários era o que mais condições tinha, haja vista que era um médio fazendeiro (sua propriedade totalizava perto de 250 alqueires de terra). Mas, mesmo ele, tinha bastante limitações. O fato é que diante deste contexto,as atividades agrícolas em São Lourenço se desenvolveram de forma bastante deficitária.
Todavia, a crise do petróleo em 1973, interrompeu este ciclo e, não por acaso, em São Lourenço, nos anos 1970, teve início um acelerado êxodo rural, tornando-o um verdadeiro vazio demográfico. Os arrendatários vieram pra cidade com as mãos "abanando" e buscaram um lugar ao sol como empregados. Quanto aos proprietários venderam as suas propriedades, nem sempre por preços justos e vieram também para a cidade, especialmente a de Dourados, e a maioria, incorporou-se a economia como empregados nas empresas. Poucos foram os que continuaram nas atividades agrícolas.
SÃO LOURENÇO NA ATUALIDADE
Atualmente São Lourenço está sob o binômio econômico (cana-de-açúcar e pecuária). As relações trabalhistas nas versões: arrendatários, diaristas, mão de obra indígena e empreiteiros, pertencem ao passado. Lá instalaram-se as relações genuinamente capitalistas no campo, qual seja, o trabalhador é contratado com Carteira de Trabalho assinada e cumpre a jornada de trabalho de 8 horas, com exceções feitas ao caseiro.
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