domingo, 26 de junho de 2022

A BICICLETA EM SÃO LOURENÇO, MIL E UM UTILIDADES

Outrora, no São Lourenço, os lavradores, dentre os quais, os integrantes da Família Ribeiro, utilizavam intensamente a bicicleta como o meio de transporte, mais precisamente na década de 1970. Antes, acredito que o cavalo era o mais intensamente utilizado. Lembrando que, Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira e alguns de seus filhos (Edson, Epifanio, Ildefonso, Celso, e Antônio) se instalaram em São Lourenço, década de 1950). Já José e Antônia, acredito,  pra lá se forma na década de 1960.

Importante destacar que a segunda fase da Revolução Industrial Brasileira ocorreu ao longo da década de 1950, mais intensamente sob o governo de Juscelino Kubitschek,  no qual, foi implantado o Plano de Metas, prometendo fazer em 05 anos o que, pelo ritmo de até então, demandaria 50 anos. As primeiras indústrias automobilísticas no Brasil, datam do final da década de 1950, porém, ao longo das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990, o carro não figurava como produto popularizado, haja vista, ser muito caro.

Em São Lourenço, Augusto Ribeiro, José Ribeiro e Edson Daniel, integrantes da Família Ribeiro, foram os únicos a comprarem veículos motorizados: caminhões, camionetas, jipes, Kombi e tratores. Os demais filhos tinham  um cavalo. como meio de trasnporte.  Ao longo dos anos 1970, alguns compraram uma bicicleta.
Em sendo assim, a bicicleta passou a ser largamente utilizada, mas mesmo este meio de transporte, nem sempre os camponeses podiam comprar. Lembrando que nas décadas de 1960, 1970, as bicicletas, comumente eram equipadas com vários acessórios: retrovisores, buzinas, farol, dínamo, almofada, bomba, garupeiras, capa cilindro e capa corrente, o que as encarecia um pouco mais. O Brasil não era ainda uma sociedade de consumo, razão  de tanta dificuldade para a população comprar produtos industrializados, dentre eles, as bicicletas.

A FAMÍLIA DE SEO ZEZÉ

Havia, uma família de Sergipanos,(Família do Seo Zezé), a qual arrendava terras de Augusto Ribeiro, onde cultivava arroz, e nas colheitas, década de 1970, nos anos de boas colheitas, um dos caprichos de alguns de seus filhos era a compra de bicicletas da marca Monark, 0 km, totalmente equipadas e, com as quais desfilavam pelas pelas estradas de São Lourenço. Os filhos de Seo Zezé que assim agiam eram: Antônio Sergipano, Bernardo e o Nivaldo. Desfilavam orgulhosos, buscando claro, impressionar as moças. No ano seguinte, eles se desfaziam das bicicletas do ano anterior e compravam outra Monark do ano.

 

GORIK A PRIMEIRA BICICLETA 

A primeira marca de bicicleta a circular em São Lourenço foi da Marca Gorik, e até onde eu sei, da Família Ribeiro, somente o Tio José comprou uma, e, o Luis Carlos (o Luisão) era o felizardo da Família que desfilava com ela. Somente na década de 1960, por conta da revolução industrial, surge a marca Monark, quando então, alguns dos filhos de Augusto Ribeiro adquirem a Monark (Epifânio, Antônio e Edson Daniel). O garoto propaganda da Monark, naquela década, era o Rei Pelé.

 

Mais tarde, o Antônio Costa, adquiriu uma bicicleta, e creio eu, na Família, se destacava porque gostava muito de pedalar, tinha uma resistência física muito grande e, creiam parentes, era difícil alguém suportar o ritmo dele. Diversas vezes veio a Dourados pedalando. Algumas vezes pedalava com a sua esposa, a Anita, na garupa da bicicleta e, creiam, num ritmo muito forte que, às vezes, outros ciclistas ainda que não levando ninguém na garupa não aguentavam.

Antônio Costa, mudou-se para Dourados, trabalhoou décadas na NOSDE ENGENHARIA, percorrendo a cidade de Dourados, todos os dias de bicicleta; também utilizava a bicicleta para os seus afazeres nas casas espiritas que prestava assistência em Dourados; e mais tarde também, para ministrar aulas de violão,o qual, colocava a tiracolo e ia até a casa dos seus alunos ministrar aulas.

Outro que se destacou por pedalar foi Antônio Ribeiro, quando veio morar em Dourados. Percorria Dourados de bicicleta, pedalou até 87 anos de idade. Não por acaso, tanto o Antônio Ribeiro e Antônio Costa, acabaram falecendo em decorrência de acidentes ciclísticos. E nem poderia ser diferente já que, ambos, nas últimas décadas de suas vidas  locomoviam-se utilizando a bicicleta.

Atualmente quem mantém a tradição é o Paulo César – o Paulinho -, o qual utiliza a bicicleta para ir ao trabalho, lazer, e também, para pedaladas longas nos finais de semana e feriados, muitas vezes,  acima de 100 km, num único dia.

No entanto, penso que fisicamente, Antônio Ribeiro e Antônio Costa, se diferenciam do Paulinho, em virtude de que, os dois primeiros, pedalavam com as bicicletas de designers antigos, as quais, atendiam menos as limitações anatômicas do ciclista. O Paulinho faz uso das bicicletas modernas que são mais leves, dotadas de várias marchas, aros mais longos, portanto, permitem maior rendimento do ciclista. Outra diferencial é que Antônio Ribeiro e Antônio Costa, sempre pedalavam sozinhos; já o Paulinho, nem sempre. Este último, lidera um grupo denominado de Bike Terapia, fazendo pedaladas coletivas, e em sendo assim, o desafio de pedalar psicologicamente é um desafio mais agradável de ser enfrentado; um terceiro diferencial é que o Paulinho realiza a luta política para que em Dourados, sejam adotadas políticas públicas que assegure o direito à cidade aos ciclistas.



A BICICLETA, UM VEÍCULO E VÁRIOS USOS.

Lembro que na segunda metade da década de 1970, vários primos da Família Ribeiro e Eu, percorríamos todos os dias 22 Kms, ida e volta, São Lourenço à Nova América, já que estudávamos neste Distrito de Caarapó, na Escola Estadual Frei João Damasceno. Nesta Escola, alguns dos primos cursaram da 5ª Série até a 8ª Série, naquele período histórico, denominado de curso ginasial, haja vista que a Escola Rural Mista de São Lourenço, ofertava tão somente o denominado, naquele período histórico, de curso primário (1º a 4º Anos). Esta caravana de ciclistas estudantes residentes em São Lourenço, além dos Ribeiros eram composta pelo Toninho e se não me falha a memória, o Roque.

Em São Lourenço, a bicicleta também era utilizada  pelos camponeses para irem aos bailes,  nas casas das namoradas, ou seja, praticamente pra tudo.

 


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