Espichando a prosa
sobre as bicicletas no São Lourenço, me lembrei que o Eduardo tinha uma bicicleta,
todavia, diferente das demais porque o
freio era acionado pelo pedal, o denominado freio de pé, movimentando-se o
pedal para trás
O Eduardo com a morte
de sua mãe, a Tia Neuza, foi morar com a vovó e, cultivava a sua própria roça.
O primo, às vezes pegava alguma empreita (roçadas, capinagem), ganhava um
dinheirinho e, como a vovó e o vovô não exigiam que ajudasse nas despesas da casa, o primo conseguia acumular alguma grana, razão pela qual foi um dos
primeiros a comprar uma bicicleta em São Lourenço.
Todavia, o Eduardo
era ciumento com a sua bicicleta, cansei de pedir a bicicleta dele para dar uma pedaladas, mas o primo, negava. Porém, quando o meu pai estava por perto
eu, espertamente, pedia que ele
liberasse a bicicleta pra eu dar uma voltinha, e o Eduardo, embora contrariado,
acabava por concordar, até porque, o pai tinha um violão e o Eduardo gostava de
tocá-lo.
COMO A LURDES GABRIEL
APRENDEU ANDAR DE BICICLETA?
A Lurdes Gabriel,
minha madrasta, ao ler a minha postagem sobre a bicicleta no São Lourenço revelou que
ela aprendeu andar na bicicleta em uma Monark, ano 1964, denominada pelo
fabricante de brasiliana, comprada pelo meu pai. A Lurdes ao casar-se com o meu
pai, em 1966, então com 16 anos, pode finalmente aprender pedalar.
Em sua narrativa a Lurdes, disse que levou apenas uma queda para aprender andar
numa bicicleta.
O CAIAU DO EDMILSON
O Edmilson tinha uma bicicleta
que todos se referiam a mesma pelo nome de Caiau, cujo significado é: alguma coisa, ou objeto em mau estado de conservação..
Por aí parentes, vocês têm a ideia do que estamos falando. Era uma bicicleta
velha, sem paralamas, o freio era o pé do ciclista. Nesta bicicleta, um belo dia,
inadvertidamente fui dar uma volta e eis que, trombei, acredito que colidiu com a bicicleta pedalada pelo Alberto. Nesta colisão, e o aro da bicicleta do Edmilson ficou
empenadíssimo, praticamente dobrou pois, estava frágil por conta da ferrugem. Levei
um sermão, e fiquei, claro, bem sem graça.
DA
CARGUEIRA, QUEM ERA O DONO?
Também,
o Paulinho referiu-se a alguém que tinha uma bicicleta cargueira no São
Lourenço. Eu me lembro desta bicicleta, porém, não tenho certeza a quem pertencia, acredito que o dono era o Edson Daniel.
A
MONARETA DA SOCORRO
A
Maria Socorro, filha do Tio Celso, comprou uma bicicleta, uma monareta, a qual, deu de presente para o seu irmão o Argemiro. E o Argemiro não largava desta
bicicleta. Me lembro que quando nos deslocávamos do São Lourenço até Nova
América para estudarmos, na Escola Frei João Damasceno, o Argemiro ia na
Monareta. Em alguns momentos provocávamos o Argemiro, quase sempre, o
provocador era o Alberto, porém, o Argemiro, nos humilhava porque, apesar de
pedalar uma bicicleta menor, conseguia pedalar mais velozmente do que os
demais. Éramos humilhados pelo Liro Lindo.
NAQUELE
TEMPO HAVIA REALMENTE CONCERTO DE BICICLETA.
Atualmente
quando levamos a bicicleta a uma mecânica
de bicicletas – popular bicicletaria – para ser consertada, o mecânico, em
verdade, não a conserta coisa nenhuma,
na boa, apenas troca peças.
Mas
no São Lourenço, anos 1960 e 1970, lá sim, concertávamos a bicicleta. Quando,
por exemplo, a porca que prendia o eixo dos pneus expanava, a solução adotada
era enrolar um pano no eixo e, desta forma era possível prender a roda da
bicicleta; quando a catraca da bicicleta estragava, a gente desmontava a mesma,
e cortando uma perninha de um fio de aço - normalmente encontrado no cabo de
aço do trator Fâmulus -, com a qual, concertávamos o macaquinho da catraca e a
coisa funcionava; pneu velho furado ou rasgado, a gente cortava um pneu velho e
fazia o famigerado manchão e a bicicleta tava pronta pra novas batalhas.
COMO AS CRIANÇAS APREENDIAM A ANDAR DE BICICLETA?
Queridos parentes coloquei aqui uma foto que acredito é algo familiar para outrora meninada dos anos 1960 e 1970 e, quem sabe, também dos anos 1980. Trata-se de uma bicicleta, modelo antigo..
Lembro aos mais novos, o Brasil ao final dos anos 1950 começou a sua segunda fase industrial, em especial, a indústria automobilística, e neste período, a de bicicletas também pegou carona. Todavia, não era ainda uma sociedade de consumo, os produtos industrializados eram caríssimos, inclusive, as bicicletas. Para aprendermos a andar numa bicicleta, o primeiro desafio era ter a bicicleta. Os poucos que conseguiam tê-las, tinham tanto zelo, para não dizer ciúme, que era uma longa luta, muitas negociações eram necessárias para conseguir autorização para pegarmos as suas magrelas, mesmo que estas pertencessem aos nossos pais.
Bicicleta modelo infantil, nem pensar. As políticas inclusivas para crianças eram impensáveis, ridicularizadas mesmo, não esquecer que vivíamos sobre uma ditadura militar e no seio de uma sociedade extremamente conservadora, onde a criança, não era vista como alguém com direitos.
Pois bem, tivemos que se adaptar ao contexto, e aprender a andar de bicicleta, todo torto, parecendo uma marmota, conforme demonstra a foto a acima. Mas éramos persistentes e aprendemos. Muitos tombos, muitos ralados, muitas broncas, mas que aprendemos, isso sim, aprendemos.

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