sábado, 3 de junho de 2023

AS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO SÃO LOURENÇO

 

Regulei  bem o retrovisor de forma a focar o São Lourenço nas décadas de 1950, 1960 e 1970, e por extensão a Família Ribeiro. Tempos difíceis, muito sofrimento, mas que sob certos aspectos nos provoca saudades.

Mas o que quero enfatizar nesta postagem é que as práticas agrícolas nas referidas décadas no Brasil,  estavam prestes a passar por uma revolução no campo, sob duplo aspecto, técnicas de produção e avanço das relações capitalistas no campo, e no caso, da nossa região, adiciono um outro aspecto, qual seja,  o avanço das fronteiras agrícolas em direção ao Oeste Brasileiro e, em nossa região, o Centro-Oeste.  O primeiro passo, deste avanço se deu com a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND); o segundo passo foi dado com a instalação de uma unidade da Embrapa, em 1975; o terceiro passo com a instalação da Cergrand (Cooperativa de Energia Rural da Grande Dourados) em 1976;

As práticas agrícolas em São Lourenço, inicialmente, se caracterizaram pela produção de culturas, apenas de verão: arroz, milho, feijão e mais tarde o soja; porém, nos anos 1975, com a instalação da Embrapa em Dourados, gradativamente culturas de inverno, incentivadas e possibilitadas,  graças as  pesquisas feitas por esta Empresa na região, visando melhoramento genético e adaptação às condições climáticas da região de determinadas espécies de produtos agrícolas, teve início a produção de culturas de inverno, bem como de maior diversidade de cultivares (sementes - verão e inverno) . Neste trecho, Léia queira me corrigir, se estou dizendo coisas sem fundamento, haja vista, menina, você ser uma agrônoma.

Não por acaso a Família Ribeiro, em meados da década de 1970, passou a produzir de trigo, uma cultura de inverno. Claro que com muita dificuldade, já que,  faltava à mesma, experiência com o cultivo de trigo.

Até então, em São Lourenço, o período dedicado ao plantio até a colheita se dava por cerca de 06 meses. Os outros seis meses eram aproveitados ou para derrubar a mata, ainda virgem, e para o plantio de pastagens; complementando a renda da família, ocorria também a extração da erva mate, normalmente, realizada sob a forma de empreita pelos  paraguaios, especialmente, o Seo João Batista. Aqui, Manoel Renato e outros primos, testemunhas oculares destes fatos, me corrijam, se os mesmos ocorreram diferentemente do aqui narrado por mim.

Pra concluir quero dizer o seguinte, os integrantes da Família Ribeiro, a exemplo dos demais camponeses em São Lourenço, neste período passaram por um aprendizado sobre práticas agrícolas no Centro-Oeste, muito diferentes, de como são realizadas no Nordeste, região, da qual, a Família Ribeiro e tantos  camponeses,  eram oriundos.

Observação: não por acaso, o governo Brasileiro, fez um acordo com o governo japonês, de tal sorte que das dez mil famílias assentadas na Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), 1000 famílias eram constituídas por japoneses, haja vista, os japoneses terem um amplo conhecimento sobre técnicas de produção agrícola em pequenas propriedades rurais. Ou seja, as famílias japonesas, se constituíram numa espécie de professoras de práticas para os outros 9.000 colonos assentados. Com este acordo, mutuamente benéfico para o Brasil e o Japão, porque, o Brasil foi beneficiado com ensinamentos sobre práticas agrícolas da parte das mil famílias japonesas e o Japão conseguiu encaminhar mil famílias desempregadas naquele Pais, o qual, por conta de ter sido derrotado na 2ª Guerra Mundial, enfrentava uma crise econômica enorme. 

Detalhe: neste acordo, as famílias japonesas foram assentadas na Colônia Agrícola Nacional de Dourados com alguns privilégios não concedidos aos demais colonos.

Observação 02: mas claro que os ensinamentos dados pelas famílias japonesas se fizeram sentir para além da CAND, se estendendo aos demais camponeses residentes em Dourados e região, dentre eles, os residentes em São Lourenço;

Uma exemplo concreto desta influência, a criação de financiamentos aos camponeses no banco para a compra dos micro-tratores da Sakaguti, comprados por diversas famílias no São Lourenço. Trator de marca japonesa e adequado para o cultivo em pequenas propriedades e várzeas;



 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...