Esse é o Tio José.
Registro do Tio José e Família na lida
nas atividades agrícolas desenvolvidas em São Lourenço
Trator Masseyfergusson 50 X, adquirido
financiado pelo Tio José.
São Lourenço, década de 1970.
Observação: este trator até hoje está na lida, não mais em São Lourenço, mas em Caracol, fazenda de um dos filhos do Tio José, o Manoel Renato.
Para iniciar a nossa conversa, uma das informações é sobre as variedades (cultivares) utilizadas, a saber: arroz bico preto, arroz 120, arroz Santa América (também denominado pelos camponeses em São Lourenço de: arroz de três meses - tempo que demandava do plantio até a colheita - e amarelão, por razões óbvias, a sua coloração extremamente amarelada e, finalmente a variedade de arroz, denominada 1246.
Sobre o amarelão, a grande queixa dos camponeses é que quando estava em processo de maturação, os grãos se desprendiam num percentual muito alto, muito antes da colheita, com isso, caía muito o volume a ser colhido, resultando em grandes prejuízos para os agricultores; já o arroz 120 crescia demais, e, em caso de ventos fortes, ele era aterrizado, dificultando a colheita, sem falar que os camponeses ficavam mais expostos aos ataques das cobras, comumente, encontradas em meio aos arrozais, e estando caído, mais difícil se tornava visualizar as serpentes; já o arroz 1246, não tenho plena certeza, mas acredito que resultou de um melhoramento genético, tornando-o mais resistente as secas. Internautas, se eu estiver errado nas informações que estou veiculando, me corrijam, contrapondo os seus esclarecimentos, na forma de comentários, no espaço correspondente para os mesmos. O objetivo é interagir pra valer.
Outro drama, as plantações de arroz eram feitas nas várzeas - popularmente denominadas em São Lourenço de pururuca, verdadeiros pântanos, sendo necessária para agricultá-las proceder, previamente, a drenagem das mesmas, pois desta forma poderia serem aradas, fazendo-uso, primeiramente de animais (cavalos), já que a mecanização chegou bem depois em São Lourenço, pra ser mais exato, a partir do final da década de 1960.
Lá os camponeses, sem exceção, adquiriram os micro tratores da marca Iseky (trator japonês) e o motor Yanmar. Mesmo depois de drenadas as referidas várzeas, necessário se fazia utilizar rodas de ferro ao invés de pneus para que os tratorzinhos não atolassem.
Estas valetas em conversa com o Luis Carlos, ele me informou que o Tio José, fez escola em São Lourenço. Para o Tio, as valetas tinham ser abertas retilineamente, ainda que obstáculos tivessem que ser removidos, especialmente as pedreiras, que não raro eram encontradas. Outro capricho do Tio José as ruas das plantações deveriam primar pela beleza, isto é, serem obras de arte. A semeadura deveria ser feita de forma que as ruas ficassem 100% retinhas. Para tanto, o sistema utilizado para o plantio era ao invés de utilizar-se balizas para o alinhamento, utilizava-se um arame amarrados à estacas em suas duas extremidades, e o plantio era feito por dois plantadores, em sentidos opostos, pois desta forma, ao chegarem ao final da rua, cada um numa das extremidades do arame, moviam as estacas para balizarem a próxima rua, esticando o arame. Lembrando que os plantadores utilizavam máquinas manuais - populares matracas -, para efetuarem a semeadura, bastava tão somente seguirem o arame. Também o Tio exigia que os plantadores utilizassem espaçadores e não o golpe de vista para que as ruas ficassem distantes umas das outras na mesma bitola.
Desnecessário dizer que o efeito estético era encantador. O Tio José concebia a prática agrícola não só como uma atividade que busca tão somente o lucro, mas, a entendia como sendo também uma obra de arte. E não é que ele fez escola. Em São Lourenço a maioria dos camponeses aderiram ao método adotado pelo Tio José.
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