quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

DESPEDIDA



Este poema, de autoria de Augusto Ribeiro, é revelador do seu apreço pelo Nordeste, aliás traço marcante dos imigrantes nordestinos, os quais, sempre alimentam o sonho de um dia, para o Nordeste, voltarem. Revela o quanto o espiritismo kardecista calou fundo na alma de Augusto Ribeiro. E finalmente, o quanto, ele amava o São Lourenço.


Casal: Pulcina Ferreira e Augusto Ribeiro,
 em 1954, ousadamente, somando-se a outras heróicas famílias (Lopes, Oliveira, Ferreira, Bernal e outras) empreenderam o nada fácil desafio de desbravarem o São Lourenço,
 um sertão1, escrevendo uma linda e apaixonante história.

[1] O termo sertão aqui foi apropriado em conformidade com a definição adotada por Caroline Faria, segundo a qual, sertão, no período colonial brasileiro, designava as terras ainda não exploradas no interior do país, pouco habitadas, de difícil acesso e pouco desenvolvidas. Caroline Faria Graduanda em Gestão Ambiental. Centro Universitário do Sul de Minas, UNIS/MG - 2008. Universidade Federal Fluminense, UFF.



DESPEDIDA

Adeus, meu São Lourenço.

Terra do Nosso Senhor

Vou embora com saudade

Sabendo para onde vou

Agradeço a Jesus Cristo

A vida que já passou.

Adeus, meu Centro Espírita.

Com o nome de Allan Kardec.

Eu vou partindo daqui

Lembrando o que ficou

Não quero ver no caminho

As pedras que alguém jogou.

Novo Exu é minha terra

É o meu torrão natal

Recanto onde eu nasci

Por muitas terras andei

De lá nunca esqueci.

Sou filho de Pernambuco

Estado forte e guerreiro

Vivo agora em Mato Grosso

Outro estado brasileiro.

Agradeço a Jesus Cristo

Nosso mestre verdadeiro

Adeus, meus filhos que ficam.

Despeço-me com tristeza

Porque preciso partir

Sou obrigado a chorar

Pois não aprendi fingir.

Já me sinto velho

Minha visão terminou

E não posso fazer nada

Rogo a Deus, Nosso Pai,

Terminar minha jornada.

Vou morar em Nova América

Município de Caarapó

Lugar de muita conversa

De fuxico e muito pó

Só me sinto mais tranquilo

Porque não vou viver só

Minha vida desbotou.

Augusto Ribeiro da Silva



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