Este poema, de autoria de Augusto Ribeiro, é revelador do seu apreço pelo Nordeste, aliás traço marcante dos imigrantes nordestinos, os quais, sempre alimentam o sonho de um dia, para o Nordeste, voltarem. Revela o quanto o espiritismo kardecista calou fundo na alma de Augusto Ribeiro. E finalmente, o quanto, ele amava o São Lourenço.
Casal: Pulcina Ferreira e Augusto Ribeiro,
em 1954, ousadamente, somando-se a outras heróicas famílias (Lopes, Oliveira, Ferreira, Bernal e outras) empreenderam o nada fácil desafio de desbravarem o São Lourenço,
um sertão1, escrevendo uma linda e apaixonante história.
[1] O
termo sertão aqui foi apropriado em conformidade com a definição adotada por Caroline
Faria, segundo a qual, sertão, no período colonial brasileiro, designava as terras ainda não exploradas no interior
do país, pouco habitadas, de difícil acesso e pouco desenvolvidas. Caroline Faria Graduanda em Gestão Ambiental.
Centro Universitário do Sul de Minas, UNIS/MG - 2008. Universidade Federal
Fluminense, UFF.
DESPEDIDA
Adeus, meu São
Lourenço.
Terra do Nosso Senhor
Vou embora com
saudade
Sabendo para onde vou
Agradeço a Jesus
Cristo
A vida que já passou.
Adeus, meu Centro
Espírita.
Com o nome de Allan
Kardec.
Eu vou partindo daqui
Lembrando o que ficou
Não quero ver no
caminho
As pedras que alguém jogou.
Novo Exu é minha
terra
É o meu torrão natal
Recanto onde eu nasci
Por muitas terras
andei
De lá nunca esqueci.
Sou filho de
Pernambuco
Estado forte e
guerreiro
Vivo agora em Mato
Grosso
Outro estado
brasileiro.
Agradeço a Jesus
Cristo
Nosso mestre verdadeiro
Adeus, meus filhos
que ficam.
Despeço-me com tristeza
Porque preciso partir
Sou obrigado a chorar
Pois não aprendi
fingir.
Já me sinto velho
Minha visão terminou
E não posso fazer
nada
Rogo a Deus, Nosso
Pai,
Terminar minha
jornada.
Vou morar em Nova
América
Município de Caarapó
Lugar de muita
conversa
De fuxico e muito pó
Só me sinto mais
tranquilo
Porque não vou viver
só
Minha vida desbotou.
Augusto Ribeiro da
Silva
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