Há dozes anos atrás, faleceu em Dourados, Ildefonso Ribeiro da Silva - popular Tio Dé - o filho caçula de Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira, tendo como causa uma cirurgia de ponte de safena, a que teve que ser submetido, e, após alguns dias, após a referida cirurgia, veio a óbito.
Mas o que me motivou a fazer esta postagem, de maneira alguma, é ficar lamentando, até porque o Tio Dé teve uma passagem por este Planeta, muito bem aproveitada para vivê-la de maneira muita dígna, solidária e, recorrendo a vovó Pulcina, eu diria: como um espírito de luz.
Aproveito aqui para apresentar algumas reminiscências sobre o Tio Dé. Me lembro que o meu pai dizia que desde criança, ele era hostilizado por alguns dos irmãos, haja vista que se dedicava a cuidar das galinhas e outras atividades não desempenhadas pelos demais irmãos, inclusive, por eles desprezadas. Estas atividades o Tio Dé, as desempenhou até por ser o caçula. Mas vocês, queridos parentes, sabem como é o ser humano e,especialmente, os irmãos adoram espezinhar uns aos outros, e diziam que o Tio realizava atividades femininas. Não se esqueçam que estes fatos ocorreram especialmente na década de 1940, período que vocês podem imaginar o quanto o machismo imperava no Brasil. Se até hoje Século XXI, o machismo é enorme, imagine naquele período histórico!!!!
No São Lourenço, o Tio Dé, acabou desempenhando diversas atividades, exceto as de lavrar a terra, atividade desenvolvida pelos demais irmãos (Antonio, José, Epifânio, Celso e Antônia e o pai deles, Augusto Ribeiro). Em São Lourenço, apesar de ser uma comunidade rural, uma divisão social do trabalho teve que ser adotada, cabendo ao Tio Dé, ministrar aulas e administrar a Escola Rural Mista de São Lourenço, já que na mesma além de professor era o seu diretor e secretário; ordenhar e cuidar do pequeno rebanho bovino; desempenhar um papel de agente de saúde, realizou, inclusive, pequenas cirurgias, tais como: amputar o dedo das crianças que nasciam com o sexto dedo em uma das mãos ou pés, bernes, tumores, aplicar injeções nos camponeses, injeções que naquele período histórico eram muito mais recorrentes do que atualmente; também, previdentemente, tinha soro antiofídico em casa, e sempre que alguém, era picado por uma serpente, o primeiro socorro era buscado junto ao Tio Dé; também juntamente com Antônio Ribeiro, Antônio Costa e João Felício administrava o Centro Espírita Allan Kardec; cumpriu outro papel importante, qual seja, a de ler e redigir cartas para muitos camponeses, já que muito deles, todos os membros da família eram analfabetos e quando recebiam alguma correspondência ou queriam se corresponder com algum parente residente em outro lugar, o faziam por cartas, e para este mister, procuravam Ildefonso Ribeiro.
Sobre esta divisão social do trabalho contribuiu e muito, o fato de naquele período histórico, a prestação de serviços por parte da Prefeitura Municipal, primeiramente de Dourados já que, Caarapó até 1958 era distrito de Caarapó e depois de 1958 pela própria Prefeitura Municipal de Caarapó, não se verificava. Sendo assim, os camponeses, não tiveram como alternativa a não ser se virarem da forma como fosse possível, buscando ser autossuficientes, assumindo diversas funções, dentre elas a de gestores da escola, agentes de saúde, assistente social, sendo que o Tio Dé, apresentou-se muito versátil, uma espécie de bombril, isto é, de "Faz Tudo".
Por tudo isso disse, ao iniciar esta postagem, não estou aqui para lamentar-se e sim para reverenciar o Tio Dé, um grande homem, que soube enaltecer a Família Ribeiro.
A finalidade deste blog é resgatar a história da Família Ribeiro no período vivido em São Lourenço, Município de Caarapó(MS). Todos, parentes ou não, conhecedores de histórias, estórias e fatos relacionados ao São Lourenço e aos Ribeiros podem contribuir para este resgate.
terça-feira, 21 de abril de 2020
domingo, 19 de abril de 2020
O EDSON, UM CORINTIANO FANÁTICO
O Edson Daniel o que tenho a dizer sobre ele é que era um corintiano apaixonado e que muitas vezes zoou comigo, o Alberto e o Augusto Daniel, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, porque, nós, os três torcíamos para o Botafogo do Rio de Janeiro, time que nos confrontos contra o Corinthians, na maioria das vezes perdia o jogo. E nosso algoz era o Paulo Borges, ponta direita que o Corinthians havia comprado do Bangu.
Todavia, dávamos o troco ao Edson, zoando dele pelo fato de neste período o Corinthians, não conseguir ganhar dos Santos, aliás, ficou 11 anos sem ganhar do Santos e 21 anos sem ganhar um título. O jejum de títulos foi quebrado somente em 1977, quando o Corinthians foi campeão paulista jogando contra a Ponta Preta.
Quando o Corinthians ganhou do Santos, o Edson Daniel raspou a cabeça, acredito que foi uma promessa ou aposta que ele deve ter feito.
O Edson Daniel também jogava no time de futebol de São Lourenço como centro-avante. Não tinha muita habilidade, mas era muito raçudo, e sempre acabava fazendo gols. Parecia um trator, não tinha medo de levar canelada, ia na raça e no peito. Se algum zagueiro reclamava que estava jogando muito bruto, o Edson dizia: futebol não é pra moça.
Nesta foto, temos ao centro o
Edson Daniel Júnior
(filho do Edson Daniel),
a esquerda em pé, o
Augusto Daniel.
sábado, 18 de abril de 2020
DÉCADAS DE 1970 E 1980, DUAS DÉCADAS MUITO DIFÍCEIS
Assisti atentamente, agora pela segunda vez, a entrevista que o Tio João concedeu, a nossa grande repórter, Suli Ribeiro - aliás, prima porque não tentar uma nova profissão?Kkkkk!!!! - e, me pus a pensar sobre o conteúdo da fala do Tio.
Em sua narrativa, o Tio Jõao, acredito que no Ângulo ou na Flórida, ou nos dois lugares, afirma que era uma pobreza medonha (utilizo aqui o termo nordestino). Ao ouvir esta afirmação, fiz uma viagem de volta ao passado, cerca de 50 anos atrás, recordando uma fala do saudoso primo, Edson Daniel, o qual, fizera uma visita juntamente com o Ribeiro ao Tio João, no período citado, e, posteriormente, em narrativa feita ao meu pai (Epifânio Ribeiro), o Edson Daniel fez uma fala que corrobora tudo o que o Tio João afirma no vídeo, qual seja, a pobreza do lugar.
Em sua narrativa o Edson Daniel, dissera ao meu pai que as pessoas iam até o comércio, e ao invés de comprarem uma caixa de fósforo, compravam 03, 04 ,05...palitos; cigarro, ao invés de um maço, compravam 02, 03, 04.... cigarros, porque, não tinham dinheiro para comprarem a caixa ou o maço.
Na narrativa do Tio João, é possível perceber que, se ele não fosse muito controlado, austero mesmo - uma característica da Família Ribeiro, especialmente nos mais antigos -, teria chegado a indigência. Diante do relato do Tio João, pude compreender melhor - corrija-me Suli, se estiver errado -, porque vocês visitaram poucas vezes os Ribeiros em São Lourenço. O que não era muito diferente da nossa realidade, haja vista que uma crise econômica se fez sentir no Brasil, a partir de 1973, a grande crise do Petróleo, e se agravou muito na década de 1980, "A Década Perdida".
Tio João, fala no vídeo que tinha um "dinheirinho" e o colocou a juro, e graças a este juro tocou a vida e manteve a prole, claro que com a ajuda da Tia Fani, que trabalhava como professora.
Me pus a pensar e me lembrei que na década de 1980, a inflação era muito alta, tanto é que, se a gente fosse ao mercado de manhã e não comprasse uma determinada mercadoria e voltasse a tarde, o preço já tinha sido reajustado; as empresas atrasavam, cerca de 02 ou 03 dias, às vezes, uma semana o pagamento dos salários de seus funcionários e, graças a este expediente, depositavam no banco o dinheiro a juro, ganhando uma boa grana. Claro que o funcionário era o grande injustiçado e ficava no prejuízo.
Aos Ribeiros mais novos, estes relatos é muito importante porque nos permite compreender um pouco das dificuldades dos nossos ancestrais para terem chegado até aqui e, felizmente, nos oportunizaram uma vida menos penosa.
Em sua narrativa, o Tio Jõao, acredito que no Ângulo ou na Flórida, ou nos dois lugares, afirma que era uma pobreza medonha (utilizo aqui o termo nordestino). Ao ouvir esta afirmação, fiz uma viagem de volta ao passado, cerca de 50 anos atrás, recordando uma fala do saudoso primo, Edson Daniel, o qual, fizera uma visita juntamente com o Ribeiro ao Tio João, no período citado, e, posteriormente, em narrativa feita ao meu pai (Epifânio Ribeiro), o Edson Daniel fez uma fala que corrobora tudo o que o Tio João afirma no vídeo, qual seja, a pobreza do lugar.
Em sua narrativa o Edson Daniel, dissera ao meu pai que as pessoas iam até o comércio, e ao invés de comprarem uma caixa de fósforo, compravam 03, 04 ,05...palitos; cigarro, ao invés de um maço, compravam 02, 03, 04.... cigarros, porque, não tinham dinheiro para comprarem a caixa ou o maço.
Na narrativa do Tio João, é possível perceber que, se ele não fosse muito controlado, austero mesmo - uma característica da Família Ribeiro, especialmente nos mais antigos -, teria chegado a indigência. Diante do relato do Tio João, pude compreender melhor - corrija-me Suli, se estiver errado -, porque vocês visitaram poucas vezes os Ribeiros em São Lourenço. O que não era muito diferente da nossa realidade, haja vista que uma crise econômica se fez sentir no Brasil, a partir de 1973, a grande crise do Petróleo, e se agravou muito na década de 1980, "A Década Perdida".
Tio João, fala no vídeo que tinha um "dinheirinho" e o colocou a juro, e graças a este juro tocou a vida e manteve a prole, claro que com a ajuda da Tia Fani, que trabalhava como professora.
Me pus a pensar e me lembrei que na década de 1980, a inflação era muito alta, tanto é que, se a gente fosse ao mercado de manhã e não comprasse uma determinada mercadoria e voltasse a tarde, o preço já tinha sido reajustado; as empresas atrasavam, cerca de 02 ou 03 dias, às vezes, uma semana o pagamento dos salários de seus funcionários e, graças a este expediente, depositavam no banco o dinheiro a juro, ganhando uma boa grana. Claro que o funcionário era o grande injustiçado e ficava no prejuízo.
Aos Ribeiros mais novos, estes relatos é muito importante porque nos permite compreender um pouco das dificuldades dos nossos ancestrais para terem chegado até aqui e, felizmente, nos oportunizaram uma vida menos penosa.
terça-feira, 14 de abril de 2020
JOÃO RIBEIRO E SUA VIDA NO PARANÁ
Queridos parentes, acabei de postar um relato do Tio João, aliás, um Tio, que nós, os Ribeiros pouco conhecemos, exceto os filhos do Tio José e do Tio Dé. Eu particularmente, me lembro do Tio João, dos anos anos 1970, quando ele fez uma visita a Família Ribeiro, a qual., neste período residia, em sua maior parte, no São Lourenço, onde acredito, o Tio João deve ter permanecido por uns 15 dias. Depois disso, nunca mais, eu o vi. Além do mais, dos filhos de Pulcina e Augusto, ele é o único que está vivo e lúcido, já que o Tio Antônio e a Tia Maria, embora vivos, perderam a lucidez. O Tio João recentemente fez fez 93 anos. Comemorar a vida, Tio João e Família, esta é a palavra de ordem. Assista o dois vídeos
clicando aqui nos links a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=Dsdaq3_541A e
https://www.youtube.com/watch?v=3sNQNsZapeg

Esta é a Suli, a filha do Tio João, claro,
toda melosa com os netinhos.
https://www.youtube.com/watch?v=3sNQNsZapeg

toda melosa com os netinhos.
sexta-feira, 10 de abril de 2020
SEXTA FEIRA DA PAIXÃO NO SÃO LOURENÇO
Normalmente, nas sextas feiras, nos reuníamos na casa de alguém, e, as conversas que rolavam tinham como conteúdo muito misticismo e ansiedade. Contávamos histórias sobrenaturais, nas quais os relatos feitos eram de que quem não respeitasse este dia que, a rigor, significava não trabalhar, não beber, não realizar festas, etc., alguma coisa sobrenatural e ruim aconteceria com os trangressores.
Eu me lembro que numa destas sextas feiras, eu, o Alberto e o Renato, nos reunimos quinta feira santa, véspera da sexta feira da paixão, à noite na casa do Tio José, oportunidade em que falamos sobre hábitos, costumes e histórias arrepiantes de casos supostamente ocorridos com alguém que não respeitou a data. Durante estas narrativas, eu e o Alberto que, ao final das conversas deveríamos voltar para casa, percorrendo uma estrada vicinal,em meio a escuridão, se comportamos de forma contraditória, haja vista que eramos muito medrosos, no entanto apesar de sermos bem medrosos, falamos e ouvimos bastante histórias misteriosas, fantasiosas mesmo, e a medida que as histórias iam sendo narradas, mais amedrontados e aterrizados ficávamos. Me lembro que ao voltarmos pra casa, recorrendo a um dizer muito comum em São Lourenço, estávamos figuradamente falando "cagando de medo";
Também, na sexta feira da paixão ou madrugada do sábado de aleluia, alguns rapazes, aproveitavam para colocar judas nas casas de moças pelas quais nutriam algum interesse em namorar; outros aproveitavam a data para colocar um judas para dizer alguma coisa que não tinham coragem de dizer cara a cara para a moça ou para os pais da moça.
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