segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

ASSIM ERA O ANTÔNIO COSTA.


 Da esquerda para Direita: Antônio Costa, no meio, a Carol (sua neta) e  Anita (sua esposa)

O primo Antônio Costa, pra começo de conversa, carregava o sobrenome Costa. Costa no nome e no sangue, e,  Ribeiro não de nome, mas, um Ribeiro de Sangue. Porquê digo isso? Para os que não sabem, a mãe de Antônio Costa - a Tia Don Don -, era irmã de Augusto Ribeiro. Todavia, Tia Don Don, ao casar-se com o José Alexandre Costa, passou a assinar Costa e não mais Ribeiro. Mas o sangue que corria nas veias de Antônio Costa, uma combinação dos sangue dos Costas e Ribeiros teve como resultado,  um ser humano com muitas virtudes para as quais ambas famílias se somaram e deu no que deu: 

Antônio Costa era uma pessoa muito especial, educada, diplomática, solidária e com muita disposição física e moral. Era tão diplomática que mesmo ao ter que discordar de um ponto de vista ou de alguma ação de alguém o fazia com tanta elegância para não magoar a pessoa a quem se dirigia ou as demais pessoas afetas àquela de quem discordava ou tecia alguma crítica.

No São Lourenço, ao lado de Ildefonso Ribeiro, Antônio Ribeiro, João Lopes e outros foi dirigente do Centro Espírita Allan Kardec; além dessa função desempenhou os papeis de evangelizador e médium na referida Casa Espírita; trabalhou como lavrador e também se constitui em gestor dos negócios  (atividades agrícolas) da Família Costa (pais e irmãos). 

Todos estes papéis, o primo Antonio Costa, sempre os realizava muito resignado, sem demonstrar revolta, aborrecimento e esmorecimento, muito pelo contrário, apresentava-se sempre sereno, equilibrado, demonstrando alegria e prazer, de que estava sempre de bem com a vida, virtude  que eu atribuo ao ambiente familiar em que fora criado, influência dos fundamentos do Espiritismo Kardecista e pelas características de sua personalidade.

Outra característica do Antônio Costa, apresentava um preparo físico invejável para pedalar. Diversas vezes veio pedalando de São Lourenço até Dourados -  percurso de cerca de 50 km - e, reitero, que nos anos 1960 e 1970, não havia a rodovia BR-163, ligando Caarapó a Dourados. Havia sim, um estrada de chão. Pedalar um percurso tão longo, em condições tão adversas, como diria o já falecido primo Edson Daniel -"era uma parada federal". No entanto, o Antônio Costa, não se dava por vencido e por isso realizou tais proezas em sua bicicleta. E o mais curioso, as bicicletas naquele período histórico não apresentavam designers anatômicos tão confortável  como das bicicletas da atualidade, detalhe que deve causar maior admiração ao ritmo de Antônio Costa no pedal. Aliás, era difícil encontrar alguém que aguentasse o ritmo dele quando pedalava.

Na década de 1980, a Família Costa veio morar em Dourados. Antônio Costa foi trabalhar na Nosde Engenharia, trabalho externo, função que desempenhou recorrendo a bicicleta. Ia para os quatro cantos da cidade sempre de bicicleta. Oportuno salientar que Antônio Costa não sabia dirigir e, acredito que nunca o quis; além de utilizar a bicicleta para trabalhar, também a utilizava para frequentar o Centro Espírita, inicialmente o Centro Espírita Amor e Caridade. Depois passou a frequentar outras Casas Espíritas; mas não é só, ainda tinha fôlego para realizar visitas a diversas famílias espíritas e famílias carentes, levando até elas uma palavra de carinho  ou até mesmo ajuda material, e tudo isso de bicicleta; nos anos 2000 passou a ministrar aulas de violão. E creiam, fazendo um processo inverso, ao invés do aluno ir até ele, ele é que ia até a casa do mesmo, ensiná-lo a tocar violão. 

UM SONHO QUE INFELIZMENTE NÃO SE CONCRETIZOU

Quando eu era Superintendente de Gestão e Serviços Auxiliares na Secretaria Municipal de Educação de Dourados, período compreendido entre os anos 2005 e 2008, o Antônio Costa me que tinha intenção de ensinar maior quantidade de pessoas a tocar violão quis firmar um Convênio em que a Prefeitura bancaria os custos com as aulas de violão, no qual e ele seria o professor de,  se dispondo, inclusive a ir até a casa do aluno. Infelizmente, este sonho em virtude de trâmites burocráticos, alheios a minha vontade e a dele, não pode ser concretizado.

Mas faço este registro  para que quem venha a ler esta postagem saiba o quanto Antônio Costa marcou a sua existência pela preocupação em servir, coerente com os postulados do espiritismo kardecista. Em uma palavra, era um hunanista.

ANTÔNIO COSTA E O SEU VIOLÃO,
UMA IMAGEM MARCANTE
 

O ESPÍRITISMO, A SUA FORTALEZA

No São Lourenço, Antônio Costa abraçou o espiritismo, religião que se manteve como um fiel até os seus últimos dias de vida . A esta religião dedicou o melhor de si. E sua contribuição se deu no plano material, moral e espiritual. O movimento espírita em Dourados e região deve muito ao primo Antônio Costa.

Me lembro da doçura e ternura do Antônio Costa, falava baixo, compassado, fitando o interlocutor bem nos olhos; sempre prestativo e nunca demonstrando preguiça ou indisposição; e  tudo isso utilizando a bicicleta.

Antônio Costa contando com a cumplicidade de  Antônio Ribeiro e Ildefonso Ribeiro lideraram o movimento que resultou na fundação no Parque das Nações II, do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo. Nesta Casa, Antônio Costa  foi dirigente, evangelizador , médium e tudo mais que fosse necessário para o bom funcionamento daquela Casa Espírita. Fui ao seu velório e pude conversar com os diversos espíritas que lá compareceram - aliás a maioria - e pude constatar o quanto o admiravam e gostavam dele. 

Em tempo: também os não espíritas demonstraram muito apreço e admiração por Antônio Costa

Antônio Costa morreu vitima de acidente de trânsito que sofreu quando pedalava, algo até certo ponto natural já que, via de regra, salvo honrosas exceções as suas ações transitava para ir ao trabalho, centro espírita, visitar os amigos ou ajudar alguma pessoa, o fazia recorrendo a bicicleta. 

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