quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

AUGUSTO RIBEIRO, UM POLÍTICO PRAGMÁTICO E COLETIVO

 Augusto Ribeiro da Silva Neto (foto anexa), filho de Antônio Ribeiro da Silva, em visita que fiz a ele, no dia 26 de Dezembro de 2022, me fez a seguinte pergunta sobre Augusto Ribeiro da Silva, o nosso querido avô (falecido): Enio, o vovô era que tipo de político?


Os dois irmãos, Márcia e Augusto,
ambos filhos de Antônio Ribeiro

Pulcina Ferreira da Silva

Augusto Ribeiro da Silva Neto

Eu respondi: pelas informações que consegui obter junto ao meu pai e alguns dos meus tios, Augusto Ribeiro era um político pragmático e não programático. Ele não se filiava ou seguia um partido político em função do seu programa.

No entanto, era pragmático não para tirar proveito pessoal, participou de partidos políticos visando o bem estar da coletividade.

Corrobora esta afirmação que faço, o apoio que concedeu ao então candidato a Prefeito de Caarapó, Nilson Lima de que o apoiaria e faria campanha pra ele, desde que este, uma vez eleito, assumisse o compromisso de construir uma escola de alvenaria em São Lourenço (foto anexa) , compromisso que foi honrado por Nilson Lima.

Ou dito em outras palavras, era político que buscava resultados. A sua luta política não questionava a sociedade vigente. Pra ele era indiferente a sociedade ser socialista ou capitalista. As transformações sociais ele entendia que deveriam ser frutos colhidos como resultado do avanço do processo civilizatório, já que era fiel aos princípios do Espiritismo Kardecista e não da luta política, mais especificamente, da luta de classes.


               

domingo, 25 de dezembro de 2022

A FORD WILLYS, MODELO 75 PERTENCEU AO TIO JOSÉ FOI RESGATADA

 Ontem, 24/12/2022, tive a grata satisfação de me dirigir até a casa da querida prima, Leocádia (popular Léia), na qual, reencontrei os primos Luís, Renato, Ribeiro, Elísia, Léia, Gilberto (esposo da Léia) e os filhos do Ribeiro, Luís e da Léia. Momento registrado com a foto anexa

Da esquerda pra direita:
Enio, Renato, Léia e Luis

Há cerca de 03 anos que não os via, portanto, foi muito prazerosa a conversa que tivemos. A conversa foi aleatória, sobre amenidades, e constitui-se de  uma viagem de volta aos anos 1960 e 1970, período que residíamos no São Lourenço e também sobre o presente.

Mas de toda conversa que fizemos,  quero nesta postagem registrar a que rolou sobre a caminhonete Ford Willys, modelo 75, comprada pelo Tio José no ano de 1974, veículo  que está sob os cuidados da Leia, já que a Família nunca o vendeu. Recentemente o Gilberto,  genro do Tio José, resolveu reformá-la. No momento foi retificado o motor e refeita a pintura e a fabricação de uma nova carroceria já foi determinada. 

No entanto, conforme foto anexa, ela já é uma atração, uma relíquia - uma princesa mesmo - que enche os olhos de quem a vê. A camionete continuará sob os cuidados da Léia e àqueles parentes que quiserem vê-la ou revê-la é só dar um pulinho até a sua residência. 

Eis a relíquia.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

FAMÍLIA RIBEIRO OU A FAMÍLIA DOS PERNAMBUCOS?

Este espaço aqui, embora não só, é muito voltado para recordações e reminiscências da Família Ribeiro e demais famílias agregadas, sobre fatos ocorridos, quase sempre, no sofrido e, talvez por isso mesmo, inesquecível,  São Lourenço. 

Pois bem, quero lembrá-los queridos parentes que  Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira e alguns de seus filhos (Epifânio, José, Antônio, Celso, Ildefonso,Antônia e Edson) se instalaram no São Lourenço, a maioria, ainda na década de 1950 e José Ribeiro, no início dos anos 1960.

E, importante dizer, era denominada pelos moradores da região não de Família Ribeiro e sim como os pernambucos. Denominação decorrentes de razões óbvias, Augusto Ribeiro, Pulcina e Filhos, eram pernambucanos. Abro um parêntesis para lembrá-los queridos parentes que os  meus avós maternos eram originários da Bahia e por esta razão, eu e o Alberto, éramos conhecidos como baiano e baianão, respectivamente. 

O importante destacar é que, o Nordeste exerceu e exerce em todo o Brasil um papel importante, simultaneamente de agentes de ocupação e apropriação do território nacional, desde quando, os portugueses aqui chegaram e passaram a nos colonizar; também desempenham o papel civilizatório, ou dito em outras palavras, uma espécie de nordestinação das demais regiões brasileiras. Este papel não é exercido deliberadamente e conscientemente, mais premidos pelas dificuldades várias, combinando  problemas climáticos (polígono das secas no Nordeste) e questões sociais, produzidos pelo modelo colonização a que fomos submetidos,enquanto nação colonizada, o qual, com novas características, haja vista não sermos mais uma colônia portuguesa, é um processo que ainda continua ocorrendo. Vale dizer o processo a que me refiro, qual seja, o da migração interna.

Esta nordestinação, não se deu e não se dá, imune a conflitos e contradições. E uma das "vinganças" dos não nordestinos,no Centro Sul do País, é a de denominar os nordestinos que migram para as demais regiões brasileiros, de baianos ou paraíbas, mesmo que sejam oriundos de outros estados nordestinos.

Por vezes, recorre-se a expressão "terra-seca" pra denominar os nordestinos. Até onde eu sei, a Família Ribeiro, nunca foi denominada  de "terra-seca", apenas de Pernambuco, exceção feita  ao Alberto e Eu, mas por conta de nossa origem, pelo lado de nossos avós maternos, os quais, diga-se de passagem,  eram oriundos da Bahia e da Família Oliveira.

As famílias nordestinas vierem parar aqui em Dourados e região, mais intensamente, a partir dos anos 1950, por conta da criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), projeto de reforma agrária mais ousado adotado no Brasil pelo governo federal. A criação da CAND, propositalmente e estrategicamente foi propagada em todo o Brasil e de forma especial no Nordeste, visando atraí-los para o Oeste Brasileiro. 

É este o contexto que motivou a Família Ribeiro a se instalar no São Lourenço. O São Lourenço embora não estivesses nos limites territoriais da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, estava muito próxima e, em sendo assim, por isto mesmo, acabou sendo destino de algumas famílias de nordestinos, vale citar:  Família Ribeiro, Oliveira e a dos Sergipanos, a família do Seo Zezé.

Vale dizer, a Família Ribeiro, até então não podia ser caracterizada como família de lavradores, muito embora, em alguns momentos, no Nordeste, Augusto Ribeiro tivesse empreendido como agricultor. Todavia, com práticas muito diferente, e eu diria, estranha mesmas,  as  práticas agrícolas introduzidas a partir da década de 1950 no São Lourenço. A Família Ribeiro tinha um perfil muito mais comercial e urbano, mais eis que, no São Lourenço, embora, por um período aproximadamente 50 anos,atuou como lavradores. Desnecessário dizer que aprenderam a ser lavradores em São Lourenço e quando estavam, digamos, qualificados, eis que por conta do êxodo rural verificado no Brasil de forma muito expressiva, a partir dos anos 1970,  os Ribeiros retornaram para a cidade. 

E em sendo assim, o título de lavradores, para a Família Ribeiro, faz parte da história e da memória dos integrantes  da mesma que viveram esta curta experiência em São Lourenço



sábado, 17 de dezembro de 2022

A celebração do natal em São Lourenço

 Estamos mais em um final de ano e, aproveitei para fazer uma viagem ao passado, pra ser mais preciso aos anos 1960 e 1970, em um lugar denominado de São Lourenço, lugar de tantas lembranças, embora de muito sacrifício para os sertanejos, dentre eles, os pertencentes a Família Ribeiro. Em que pese a vida difícil, também teve os seus encantos e os fatos que lá experenciamos, todos sem exceção, não esquecem tais experiências, e digo mais, sentem uma ponta de saudade. 

Pois bem, nos finais de anos em São Lourenço, no Centro Espírita Allan Kardec, no dia 24 de dezembro, véspera do natal, eram realizados eventos celebrando o aniversário de Jesus Cristo. As celebrações eram marcadas por reflexões sob a forma de palestras, dramatizações, declamações de poemas e oferta de brindes, especialmente para as crianças (bala doce, brinquedos tais como pequenas bonecas, bolas de plástico e outros brinquedos de pequeno valor). Estes brindes eram viabilizados pelos dirigentes espíritas - Antônio Costa, Ildefonso e Antônio Ribeiro -, brinquedos que eles conseguiam fazendo uma peregrinação junto aos comerciantes da cidade de Dourados e de Nova América, dos quais, eram fregueses os integrantes da Família Ribeiro e também os demais sertanejos de São Lourenço. Destes o mais empenhado era Ildefonso Ribeiro, que por vezes, complementava do próprio bolso, comprando mais brinquedos para fazer a festa da criançada no velho, sofrido e bom São Lourenço

As instalações do Centro Espírita Allan Kardec eram decoradas de forma simples, mais cumprindo o objetivo, a quem prestigiasse o evento, qual seja, a de entrar no espírito natalino. Antecedendo ao dia da celebração, nas reuniões da pré-mocidade e da mocidade espírita, as apresentações culturais (mini-peças teatrais, canções, poemas eram escolhidas e ensaiadas); Ildefonso Ribeiro, às vezes, em algumas destas comemorações, tomado de inspiração do espírito natalino, compunha ou rearranjava pequenas histórias no formato teatral para serem apresentadas. Vale dizer que estas encenações eram muito apreciadas, plenamente aprovadas; mesmo em meio a tantas dificuldades financeiras, algumas destas apresentações, as personagens eram devidamente caracterizadas com roupas e adereços que remetiam a platéia assistente, no plano imaginário, claro, a ter a sensação de estar nos lugares por onde transitou cristo e os seus discípulos.

Estes eventos contavam com a participação dos sertanejos, não só espiritas ou simpatizantes, mas dos demais fiéis a outras religiões, especialmente, o catolicismo. Em síntese, se constituíram, simultaneamente em momentos de reflexão e lazer. Por estas e outras ações dos espiritas em São Lourenço, não é exagero dizer que, o Centro Espírita Allan Kardec cumpriu um papel de ser, simultaneamente, um espaço de cultivo e propagação dos princípios religiosos, filosóficos e éticos do espiritismo kardecista, mas também, de lazer, de cumplicidade e de assegurar aos camponeses maior resiliência e determinação no enfrentamento aos rigores da vida em um sertão, qual seja, a situação em que se encontrava o São Lourenço nas décadas de 1960 e 1970.

No dia seguinte, os festejos  o almoço eram um pouco mais reforçados, porém, bem mais modesto do que atualmente. A bebida presente, via de regra era, o vinho. Cerveja, não figurava nestas atividades. Por  vezes, o Peru. Aliás, em São Lourenço, a Tia Sinhá, criava Perus, e neste dia, o almoço de natal, em sua casa, era servido a carne de peru. Alguns camponeses, se tinham algum cobre no bolso, na véspera do natal, davam um pulo em nova América pra comprarem alguns quilos de carne de vaca. Mais a maioria ia de um"franguinho" na panela.

Mas registre-se: mesma em meio a tantas dificuldades, o natal, exerceu o seu papel mágico sobre os camponeses, e sem dúvida, estas comemorações, embora singelas, contribuíram para maior felicidade dos sertanejos residentes em São Lourenço.


Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...