Este espaço aqui, embora não só, é muito voltado para recordações e reminiscências da Família Ribeiro e demais famílias agregadas, sobre fatos ocorridos, quase sempre, no sofrido e, talvez por isso mesmo, inesquecível, São Lourenço.
Pois bem, quero lembrá-los queridos parentes que Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira e alguns de seus filhos (Epifânio, José, Antônio, Celso, Ildefonso,Antônia e Edson) se instalaram no São Lourenço, a maioria, ainda na década de 1950 e José Ribeiro, no início dos anos 1960.
E, importante dizer, era denominada pelos moradores da região não de Família Ribeiro e sim como os pernambucos. Denominação decorrentes de razões óbvias, Augusto Ribeiro, Pulcina e Filhos, eram pernambucanos. Abro um parêntesis para lembrá-los queridos parentes que os meus avós maternos eram originários da Bahia e por esta razão, eu e o Alberto, éramos conhecidos como baiano e baianão, respectivamente.
O importante destacar é que, o Nordeste exerceu e exerce em todo o Brasil um papel importante, simultaneamente de agentes de ocupação e apropriação do território nacional, desde quando, os portugueses aqui chegaram e passaram a nos colonizar; também desempenham o papel civilizatório, ou dito em outras palavras, uma espécie de nordestinação das demais regiões brasileiras. Este papel não é exercido deliberadamente e conscientemente, mais premidos pelas dificuldades várias, combinando problemas climáticos (polígono das secas no Nordeste) e questões sociais, produzidos pelo modelo colonização a que fomos submetidos,enquanto nação colonizada, o qual, com novas características, haja vista não sermos mais uma colônia portuguesa, é um processo que ainda continua ocorrendo. Vale dizer o processo a que me refiro, qual seja, o da migração interna.
Esta nordestinação, não se deu e não se dá, imune a conflitos e contradições. E uma das "vinganças" dos não nordestinos,no Centro Sul do País, é a de denominar os nordestinos que migram para as demais regiões brasileiros, de baianos ou paraíbas, mesmo que sejam oriundos de outros estados nordestinos.
Por vezes, recorre-se a expressão "terra-seca" pra denominar os nordestinos. Até onde eu sei, a Família Ribeiro, nunca foi denominada de "terra-seca", apenas de Pernambuco, exceção feita ao Alberto e Eu, mas por conta de nossa origem, pelo lado de nossos avós maternos, os quais, diga-se de passagem, eram oriundos da Bahia e da Família Oliveira.
As famílias nordestinas vierem parar aqui em Dourados e região, mais intensamente, a partir dos anos 1950, por conta da criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), projeto de reforma agrária mais ousado adotado no Brasil pelo governo federal. A criação da CAND, propositalmente e estrategicamente foi propagada em todo o Brasil e de forma especial no Nordeste, visando atraí-los para o Oeste Brasileiro.
É este o contexto que motivou a Família Ribeiro a se instalar no São Lourenço. O São Lourenço embora não estivesses nos limites territoriais da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, estava muito próxima e, em sendo assim, por isto mesmo, acabou sendo destino de algumas famílias de nordestinos, vale citar: Família Ribeiro, Oliveira e a dos Sergipanos, a família do Seo Zezé.
Vale dizer, a Família Ribeiro, até então não podia ser caracterizada como família de lavradores, muito embora, em alguns momentos, no Nordeste, Augusto Ribeiro tivesse empreendido como agricultor. Todavia, com práticas muito diferente, e eu diria, estranha mesmas, as práticas agrícolas introduzidas a partir da década de 1950 no São Lourenço. A Família Ribeiro tinha um perfil muito mais comercial e urbano, mais eis que, no São Lourenço, embora, por um período aproximadamente 50 anos,atuou como lavradores. Desnecessário dizer que aprenderam a ser lavradores em São Lourenço e quando estavam, digamos, qualificados, eis que por conta do êxodo rural verificado no Brasil de forma muito expressiva, a partir dos anos 1970, os Ribeiros retornaram para a cidade.
E em sendo assim, o título de lavradores, para a Família Ribeiro, faz parte da história e da memória dos integrantes da mesma que viveram esta curta experiência em São Lourenço
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