O meu pai dizia, "dos meus irmãos, Celso é o mais vaidoso". E, realmente é uma afirmação verdadeira. O Tio Celso quando vinha a Dourados ou ia a algum evento festivo, caprichava no traje. Geralmente, roupa muito bem passada, social, camisa dentro da calça e colocava um chapéu panamá na cabeça. Vinha na "Estica". Tio Celso, às vezes até para a lida no sítio ia muito bem vestido.
Por outro lado Epifânio e Antônio Ribeiro eram os mais relaxados. Não ligavam muito para o visual.
Aliás, Epifânio, além dos trajes, aproveito para relatar, nunca quis repor dois dentes frontais que havia extraído, apesar do mano, o Alberto, ter pago antecipado o tratamento ao dentista. Quando questionado que seria melhor para o seu visual e sua saúde, Epifânio se saía com essa: "eu tenho personalidade".
A finalidade deste blog é resgatar a história da Família Ribeiro no período vivido em São Lourenço, Município de Caarapó(MS). Todos, parentes ou não, conhecedores de histórias, estórias e fatos relacionados ao São Lourenço e aos Ribeiros podem contribuir para este resgate.
domingo, 28 de fevereiro de 2021
FAMÍLIA RIBEIRO, CELSO MAIS VAIDOSO E ANTÔNIO E EPIFÂNIO MAIS RELAXADOS
domingo, 21 de fevereiro de 2021
"MOURÃO, MOURÃO, ME DEVOLVE UM DENTE SÃO"
Ensinamentos da nossa avó, Purcina Ferreira, em São Lourenço, idos dos anos 1960 e 1970, qual seja, ao arrancarmos um dente, a nossa avó, a quem, nós os netos a ela nos dirigíamos, chamando-a carinhosamente de vovó, nos dizia: " toda vez que arrancar um dente, lance-o sobre o telhado da casa e diga MOURÃO, MOURÃO, ME DEVOLVE UM DENTE SÃO".
Uma espécie e superstição e que nós levávamos muito a sério. Fiz isso com todos os dentes de leite que arranquei.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
UM GRANDE HOMEM E UM BOTAFOGUENSE
Epifânio Ribeiro e o seu Irmão, Antonio Ribeiro
Há exatos, 23 anos atrás faleceu Epifânio Ribeiro da Silva. Aproveito para fazer referência ao falecimento do mesmo, não como uma lamentação, afinal de contas, todos nós, sem exceção, uma dia iremos viver em uma outra dimensão.
Aproveito esta data para agradecer a Deus pelo grande pai e grande homem que ele foi. Uma pessoa extremamente honesta e franca. Decorridos 23 anos, mais do que nunca, percebo o quanto os seus ensinamentos, a educação e os exemplos que deu para os seus filhos, sobrinhos, família e àqueles que com ele conviveu, mais do que nunca, são valores que devem ser incorporados e exercitados pela sociedade.
Epifânio Ribeiro se caracterizou por ser uma pessoa bem informada, acompanhava o noticiário, via rádio, jornais e televisão e depois refletia e, não poucos vezes, os analisava comigo de forma a desnudar os compromissos sociais dos veículos de comunicação veiculadores das notícias ou das análises. Sabia que não existe neutralidade na informação.
Apesar de em alguns momentos, recorrer a palavras duras, era uma pessoa muita terna, que se derretia de amor pelos filhos, sobrinhos e família. Todos os sobrinhos nutriam e nutrem grande carinho por ele. Nós, os filhos, bem.... nem precisa dizer.
Era um apaixonado pelo futebol, aliás, ele e os seus irmãos Idelfonso Ribeiro e Antônio Ribeiro, eram craques de bola, pelos times que passaram, embora, times amadores encantavam as torcidas, poderiam ter tentado a profissionalização no futebol, mas não tentaram, mas deixa pra lá... vou deixar esta conversa pra outro momento.
Em São Lourenço foi jogador e técnico dos times de futebol adultos e infanto juvenil, e cito alguns dos sobrinhos que foram influenciados e o tiveram como treinador: Luis Carlos, Renato, Idelfonso Sobrinho (popular Ribeiro), Augusto Daniel e Augusto Ribeiro, Edson Daniel, Edmilson, Argemiro e claro, os seus filhos, Enio, Alberto e Paulinho. O Leandro, caçula, foi influenciado, porém, aqui em Dourados, já que não nasceu e não viveu em São Lourenço.
A grande "falha" de Epifânio Ribeiro (risos) registro, foi a de ter dado um cochilo, e um dos seus filhos, mais exatamente o Leandro, ter se tornado um torcedor de um time de São Paulo, no caso o São Paulo. Os demais filhos Enio, Alberto e o Paulinho, torcem para times do Rio de Janeiro, respectivamente: Flamengo, Botafogo e Botafogo. Epifânio torcia para o Botafogo.
Uma singela homenagem foi prestada a Epifânio Ribeiro. Me refiro a antiga rua Maipú (Dourados-MS), que graças a uma articulação de seus irmãos Antonio Ribeiro e José Ribeiro, com o então vereador, José Silvestre, o qual apresentou um requerimento mudando o nome da Rua Maipu para Rua Epifânio Ribeiro da Silva, aliás, a rua em que morava Epifânio Ribeiro, quando faleceu.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
A FAMÍLIA RIBEIRO MORAES PASSOU PELO TESTE DE ADVERSIDADE
ramo familiar Ribeiro/Moraes,
A ramificação Ribeiro/Moraes, conforme pode se depreender ao visualizar uma das fotos acima, cresceu bastante e, por consequência, uma quantidade razoável de netos e bisnetos, Francisco (Chico) Morais e Maria Ribeiro. deram ao casal Augusto Ribeiro e Purcina Ferreira.
Lembro que a Família Ribeiro/Moraes, quando veio embora do Estado do Paraná, na década de 1970, enquanto se encaminhava em Dourados, isto é, encontrar trabalho, ficou um curtíssimo período de tempo. em São Lourenço, hospedada na Casa de Augusto Ribeiro e Purcina Ferreira.
A Família Ribeiro/Moraes, diferentemente, dos demais Ribeiros, foi educada segundo os valores urbanos já que sempre moraram em cidades, ao contrário dos demais Ribeiros que até então, boa parte dos primos, muitos dos quais nascidos no São Lourenço e outros, vieram ainda muito crianças para este lugar, ao contrário da Família Ribeiro/Moraes, incorporou os hábitos do sertanejo (homem rural). Outra característica diferenciadora entre ambas: as religiões escolhidas: católica ou espirita kardecista para os Ribeiros de São Lourenço, e Testemunha de Jeová para a Família Ribeiro/Moraes. Atualmente, é bom que se diga, vários, além dos Moraes, tornaram-se evangélicos.
Não poucas vezes, estas diferenças religiosas, implicaram em alguns choques e, vamos por assim dizer, tanto de um lado, como de outro, colocou a ambos, os Ribeiros numa saia justa, por conta de coisas simples, como por exemplo:
a) pedir a benção: o que era uma exigência para os Ribeiros, mas não o era para a ramificação Ribeiro/Morais, que sendo Testemunha de Jeová, aliás se colocava totalmente contrário a esta prática. Sendo assim, ao nos depararmos em roda de conversa ou outra atividade em que estavam juntos os Ribeiros e a Tia Maria e o Tio Moraes, pedíamos bênçãos aos demais tios e avós, no entanto, para a Tia Maria e o Tio Moraes, não pedíamos e se pedíssemos, eles faziam de conta que não nos ouviam ou davam uma de desentendidos, provocando um certo constrangimento a todos. Por outros lado, os filhos do casal Maria Ribeiro e Francisco Moraes, não pediam a benção aos tios. Imagine o clima que se apresentava.
b) preparação de alimentos: outro diferencial, o Testemunha de Jeová, não aceita cozinhar ou assar uma galinha para ser servida, sem a degolar, haja vista que, pra esta religião é uma transgressão imperdoável a ingestão de sangue. Ressalte-se que, o Testemunha de Jeová, não aceita transfusão de sangue, mesmo sabendo que possa vir a óbito;
c) condenação as apostas em jogos lotéricos. O Testemunha de Jeová é contrário a apostas em jogos lotéricos. Na década de 1970 estava em alta, a loteria esportiva. E os Ribeiros de São Lourenço, sempre que sobrava algum trocado faziam as suas apostas. Este detalhe serviu para discussões acaloradas e também para ironias e gozações de parte dos Ribeiros para com o ramo Ribeiro/Moraes. Lembro que a Edina Ribeiro Moraes, aliás, a única filha de Maria Ribeiro e Francisco Moraes, transgrediu a regra da religião ao apostar na loteria, e incrível, em uma destas apostas foi sorteada. Teve, não precisa dizer, críticas dos familiares.
Mas em que pese todos os aspectos até aqui colocados, sou forçado a reconhecer, a Tia Maria e os seus filhos, acredito que foram muitos habilidosos, na administração destes pequenos e incômodos "contratempos". Estas diferenças nunca os impediu de que nos visitassem anualmente em São Lourenço, e, posteriormente em Dourados, já que a maior parte dos Ribeiros, inclusive, o casal Augusto Ribeiro migrou para esta cidade. É bem verdade que estas visitas se tornaram mais raras, até porque os integrantes desta família estão dispersos e morando em outros estados do Brasil e também porque, o Patriarca e a Matriarca da Família Ribeiro, Augusto Ribeiro e Purcina Ribeiro, bem como os seus filhos, já faleceram. Acrescento um outro fator: a urbanização do Brasil, trouxe como consequência uma vida mas agitada, estressante e desumanizante, e, a Família Ribeiro não ficou imune aos seus efeitos.
Por conta disso avalio que nos tornamos mais distantes, mais frios e insensíveis mesmo, uns para com os outros. Pouco nos visitamos, não nos conhecemos a todos. A Família ao mesmo tempo, cresceu e se dispersou por todo o território nacional e uma das saídas, creio, é a promoção de encontros, a exemplo do que fazem outras famílias. Mas isto é uma conversa pra outro momento, vamos ao que interessa, o resto tem menos pressa.
Eu, particularmente, ficava muito feliz quando a Tia Maria e os seus filhos iam nos visitar em São Lourenço, sentia a necessidade de conviver mais com eles e conhecê-los melhor. Admirava a desenvoltura demonstrada por eles, a maior naturalidade com que encaravam alguns temas: namoro, a exposição de seus pontos vistas, o jeito de se vestirem, ainda que sabidamente em desacordo com o incorporado pelos demais Ribeiros.
Mais tarde, indo morar (1976 a 1978) com a Família Ribeiro/Moraes, entendi melhor esta família. O Testemunha de Jeová passa por um treinamento constante na Igreja, na qual fazem cursos, treinamentos relacionados a propagação do, pelos Testemunhas de Jeová, denominado de "As Boas Novas", inclusive, na forma como devem abordar as pessoas para levarem a Palavra de Deus, segundo a orientação desta vertente evangélica. Lembrando que o Testemunha de Jeová, normalmente nos finais de semana e feriados, faz visitas as residências para propagarem, o que eles denominam de a Palavra de Deus. E não raro, a resistência e até desaforos são obrigados, são desafios com os quais se deparam. Dito isto, posso assegurar que o clima, às vezes adverso que enfrentaram em São Lourenço, em que pese o desconforto, foram muito bem administrados pela Família Ribeiro/Moraes, haja vista que, por terem tido a preparação que tiveram na Igreja Testemunha de Jeová, situações como as descritas aqui, eles, sabem como bem o demonstraram, "tira de letra".
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
A FAMÍLIA RIBEIRO x A MARCHA PARA O OESTE
A vinda de Augusto Ribeiro, Purcina Ferreira e alguns de seus filhos para o então Estado de Mato Grosso, no ano de 1954 - primeiramente para Itaporã, Distrito de Dourados e depois para o São Lourenço, Caarapó, outro Distrito de Dourados -. se insere no Plano do Governo Federal de expandir as fronteiras agrícolas em direção ao Centro-Oeste Brasileiro, cujo objetivo, basicamente eram dois:
1º) garantir a integridade das fronteiras nacionais em relação ao Paraguai, objetivo que ficaria facilitado com uma maior densidade populacional, representada pelos milhares de camponeses que pra cá vieram para terem um sonhado pedaço de terra. No caso da região de Dourados, primeiramente a iniciativa se deu com a criação em 1923, da Colônia Agrícola Municipal em Itaporã, nesta época, distrito de Ponta Porã, haja vista que Dourados veio a tornar-se município somente em 1935. Num segundo e mais arrojado momento, o governo federal, em 1943, criou a Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND). Para a CAND vieram dez mil famílias (nordestinos, mineiros, paulistas, paraguaios e japoneses;
2º) o segundo objetivo do governo federal foi diminuir o poder político e econômico da Companhia Mate Larangeiras, cujo território, conforme mapa acima abrangia quase que a metade do atual território de Mato Grosso do Sul.
A Marcha para o Oeste, figuradamente falando, "uma paulada pra matar dois coelhos", no caso, se prevenir de um possível avanço paraguaio sobre as nossas fronteiras e reduzir o poderio da Companhia Mate Larangeiras.
A campanha publicitária feita pelo governo federal de Getúlio Vargas, foi bem sucedida, razão pela qual, atraiu centenas de milhares de brasileiros oriundos de outras regiões do País, especialmente de nordestinos, inclusos, aí os Ribeiros.
Reitero que os Ribeiros na década de 1950, não exerciam a profissão de lavradores, todavia, a propaganda oficial e também de nordestinos amigos ou conhecidos da Família Ribeiro, vindos pra colônia antes de Augusto Ribeiro, foi tão sedutora e decisiva para atrair os Ribeiros. Tanto que, no ano de 1953, Augusto Ribeiro veio conhecer a colônia agrícola de Itaporã, e em 1954, acabou vindo para Itaporã, onde ficou por cerca de 06 meses, e, depois acabou indo para São Lourenço, onde comprou uma fazenda, denominada de Fazenda Rincão da Confiança e os seus filhos adquiriram sítios de vinte alqueires, exceção feita, a Tia Antônia e ao Tio Miguel Daniel que adquiriram uma propriedade menor, no caso totalizando cinco alqueires.]
Em são Lourenço os Ribeiros, diga-se de passagem, tiveram um penoso e difícil aprendizado de práticas agrícolas e, ouso dizer, um aprendizado parcial.
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Quem vê o Tio João tão bem comportadinho na foto acima, precisava ter visto as narrativas que o meu pai fez, por diversas vezes sobre o Tio João, dos tempos em que era uma criança ou jovem.
Meu pai dizia que ele era muito gozador. Em uma das narrativas, o pai relatou que o Tio João ao passarem em frente a uma igreja evangélica, bem no momento em que os irmãos falam todos ao mesmo tempo, o Tio João, disse: sabe o porquê deles estarem assim?
Tomaram a melancia deles.
Dá uma provocada no tio para que ele conte algumas das suas travessuras, prima.
PRA NÃO ESQUECER.
sábado, 13 de fevereiro de 2021
E O TIO ANTÔNIO ESTÁ TROCANDO O DIA PELA NOITE.
Estive fazendo uma visita ao Tio Antônio, neste sábado (13-02-2021) . Ele está bem, trocando o dia pela noite. Foi vacinado. As visitas não podem entrar em seu quarto, apenas, olhá-lo pela janela, um cuidado para não expô-lo em contato com o vírus da Covid 19.
Já a Márcia, a filha com o quem o Tio está, ao mesmo tempo que cuida do Tio, cria galinhas para vender e ter uma renda, veja fotos a seguir:
EM SÃO LOURENÇO, OS RIBEIROS APRENDERAM A SER LAVRADORES
Em minhas postagens relatando as experiências que a Família Ribeiro viveu em São Lourenço, não raro, tenho utilizado a terminologia: CAMPONESES. Advirto-os, queridos parentes que, o uso desta terminologia não a fiz com o rigor científico que em Ciências Sociais se exige do termo. Tenho utilizado o termo visando demonstrar que vivíamos no campo, como sinônimo de homem rural, pequeno agricultor, lavrador e por aí vai.
Feito estes esclarecimentos, aproveito para dizer que os Ribeiros, antes de terem vindo para o então Mato Grosso - atual Mato Grosso do Sul -. primeiramente, instalando-se em Itaporã, em 1954, então um distrito douradense. Itaporã, em 1923, por conta de um decreto presidencial se constituiu na Colônia Agrícola Municipal de Dourados e nele se deu início a um processo não tão bem sucedido reforma agrária. Tanto é que, vinte anos depois, 1943, o então, Presidente Getúlio Vargas, dando consequência ao projeto político de expandir as fronteira agrícolas para o Oeste Brasileiro, criou a Colônia Agrícola Nacional de Dourados, abrangendo vários distritos: Fátima do Sul (Vila Brasil), Glória de Dourados, Douradina, Deodápolis, aliás a maior reforma agrária realizada até então no Brasil.
E a Família Ribeiro, até então, não exercia atividades agrícolas, em sua maioria, exercia o ofício de alfaiates. Portanto, não eram lavradores.
Todavia, a propaganda do Governo Federal era a de que grandes oportunidades estavam colocadas para àquelas famílias que se dispusessem a trabalhar como lavradoras no então Estado de Mato Grosso, em especial, na Colônia Agrícola Nacional de Dourados.
É neste contexto que Augusto Ribeiro, no ano de 1953, então comerciante de tecidos no Estado do Paraná, resolveu "dar um pulo" até o Distrito de Itaporã, onde, vários de seus amigos, oriundos do Estado do Pernambuco, tinham terras, e, também, um dos seus cunhados, Antônio Ferreira.
Augusto Ribeiro veio e gostou das terras, voltou ao Paraná decidido a se estabelecer como lavrador em Itaporã,o que ocorreu, em 1954.
No entanto, em Itaporã ficou por cerca de 06 meses, e acabou se instalando em São Lourenço, localizado em Caarapó, então, um distrito de Dourados, onde comprou uma fazendinha. Em curto espaço de tempos, vários de seus filhos foram para São Lourenço, e pouco a pouco se tornaram lavradores. São eles: Epifânio, Antônio, Celso, Antônia, Idelfonso (este embora tivesse adquirido um sítio de 20 alqueires, exerceu atividades de professor, e vamos, por assim dizer, era uma espécie de assistente social). Edson Ribeiro ficou pouquíssimo tempo em São Lourenço porque acabou adquirindo terras em Vila Brasil e para lá se foi com a família. O último dos filhos de Augusto Ribeiro e Purcina a vir para o São Lourenço foi José Ribeiro.
Pois bem, os Ribeiros tiveram que aprender a lavrar a terra, pois, conforme afirmei no início desta postagem, exerciam outras atividades, anteriormente. No início sofreram bastante. José Ribeiro, embora tenha sido o último a chegar, foi decisivo para alavancar o aprendizado de práticas agrícolas, não porque tivesse passado por uma experiência anterior, mas porque era, por assim muito curioso, acredito - estou colocando uma opinião pessoal e que pode não ser real - acredito que buscou nas leituras se inteirar e também pelo fato de ter exercido atividades políticas anteriormente, mais facilmente estabeleceu relações com outros lavradores, vindo como consequência, apropriar-se dos conhecimentos necessários ao desempenho das atividades agrícolas em maior grau do que os demais Ribeiros.
O fato é que José Ribeiro foi o mais bem sucedido. Se caracterizava por ser perfeccionista nos serviços realizados. Construção de cercas, valetas e o plantio das lavouras que, José Ribeiro não abria mão de que fossem realizados visando o melhor efeito estético, isto é, em linha reta, não importando os obstáculos a serem superados. Também era bem articulado com representantes políticos, comerciantes de produtos agrícolas, especialmente donos de máquinas de arroz e gerentes do Banco do Brasil, em Caarapó e em Dourados. Talvez - mais uma vez, ressalvo, em minha modesta opinião, portanto, pode não ser real- tenha se destacado como agricultor e tenha sido melhor sucedido.
O fato é que a Família Ribeiro aprendeu o ofício de lavrador, logo, ouso dizer que esta profissão deve constar no currículo dos Ribeiros que estiveram no São Lourenço.
Outra característica dos Ribeiro, se pensarmos nas perspectiva intelectual, éramos uma espécie de elite em São Lourenço, via de regra, os mais escolarizados - exceção feita a Purcina que era analfabeta, porém, intelectualmente, posso dizer, muito avançada. Este talvez seja um outro fator que contribuiu para um relativo sucesso da Família Ribeiro no São Lourenço. Só não foram mais exitosos em virtude de as políticas agrícolas governamentais deste período, sem dúvida, terem sido projetadas para expulsar os camponeses e pequenos produtores rurais do campo.
Mas seja como for, a Família Ribeiro exerceu em São Lourenço, liderança política, mesmo com os seus membros não tendo sido investidos de cargos políticos: vereadores, prefeito,deputados, etc. Registre-se que na fazendinha de Augusto Ribeiro se instalaram a Escola Rural Mista de São Lourenço, o Centro Espírita Allan Kardec, os campos de futebol e a direção dos times estiveram sob a responsabilidade dos Ribeiros, além do mais, Augusto Ribeiro se estabeleceu com um mini-armazém em São Lourenço, denominado por muitos de bolicho, o qual cumpriu o papel de posto de abastecimento dos membros da Família e de boa parte dos camponeses residentes em São Lourenço.
Observação: o meu ponto de vista pode ser contestado. Eu, inclusive, agradeço quem argumentar seja para acrescentar, suprimir ou discordar.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
OS PÃES FEITOS EM SÃO LOURENÇO, SEM DÚVIDA, MUITO MELHORES
Nesta postagem relatarei um pouco do ritual adotado em São Lourenço para se fazer Pão de Sal.
A primeira providência adotada era construir um forno no quintal da casa e ao
ar livre. Alguns camponeses os faziam, utilizando tijolinhos.
Outros utilizando tão somente o barro (argila – um barro de cor branca). Os camponeses mais caprichosos faziam com
tanto capricho que, os ditos fornos, quanto ao visual e estética, se constituíam em verdadeiras obras
de artes. Mas havia também os camponeses relaxados, cujo visual e efeito
estético dos fornos não eram muito apreciados, embora, fossem eficientes para
assarem pães e, por vezes e até mesmo, bolos.
Os fornos eram bem grandes e aquecidos à lenha. Na
parte traseira dos mesmos era feito um buraco de aproximadamente 10 centímetros quadrados, denominado de
suspiro. Pelo suspiro, enquanto o forno estava sendo aquecido, a fumaça saía.
Os pães eram feitos utilizando o fermento antigo, cuja
massa depois de preparada (sovada), da mesma retirava-se um pedacinho ( uma bolinha) e que era colocada em um copo d`água.
Inicialmente a
bolinha da massa ficava submersa, no
fundo do copo, todavia, a medida que o tempo ia passando, que a massa do pão ia
crescendo, a pequena porção de massa colocada no copo ia subindo. Quando a
mesma estivesse flutuando totalmente sobre a superfície de água colocada no copo, a
assadora de pão não tinha dúvida, a massa estava pronta para ser levada ao
forno e assada.
Lembrando que para saber se o forno estava aquecido o
suficiente , a assadora, que por ter muita prática, não precisava recorrer a um
termômetro,apenas colocava a mão no forno, e ao sentir a temperatura do mesmo incidindo
sobre a sua mão e braço,
avaliava se a temperatura estava no ponto ideal para assar pães.
Outro cuidado, uma vez removida a lenha utilizada para aquecer
o forno, de posse de uma vassoura, normalmente de guaxuma verde e molhada, era efetuada a remoção da cinzas provocadas
pela queima da lenha no interior do forno. Também depois de o forno ter
sido aquecido e limpo, colocava-se folha
de bananeira, no interior do mesmo, constituindo tais folhas de bananas em uma espécie de forro sobre o fundo forno,
e sobre o qual, eram depositados os pães
para serem assados.
Imaginem, queridos parentes, quão saborosos ficavam os
pães assados nestes fornos (fornos caipiras), aquecidos com lenha e forrados
com folha de banana. Um processo
totalmente natural, e enquanto os pães estavam assados, quem perto do forno passava,
sentia um aroma mágico, extremamente estimulante as suas narinas, e, acreditem as “lombrigas”
ficavam assanhadas para saborear os pães que estavam sendo assados.
Os pães eram feitos recorrendo-se a um processo do começo
ao fim, totalmente natural. Atualmente, os pães em padarias e mesmo os
caseiros, perdem de goleada em sabor e no grau de sanidade para, os outrora, pães
feitos pelos camponeses,
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
A CAIXA POSTAL N° 102, ALGO QUE ME LEMBRO COM MUITO CARINHO
Nos anos 1960 e 1970, a Família Ribeiro contava uma caixa postal na Empresa e Correios de Telégrafos, primeiramente no Distrito de Nova América - Caarapó -MS, e depois em Dourados, de acordo com os meus informantes, Augusto Daniel e Eunice Daniel. Se não me falha memória, o número era 102. Também acredito que era paga por Tio Dé (Idelfonso Ribeiro).
Me lembro de diversos documentos que eram retirados nela, dentre eles, não poderia faltar a Revista Espírita: O Reformador. Sobre esta revista, os meus dois informantes, também disseram que o Sr. Antônio Marra, o qual morador, primeiramente em Liberal, era quem entregava esta Revista, porém, não souberem dizer pra quem. Este senhor era espírita também; Outras correspondências, como por exemplo, documentos do IBRA - Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (atualmente o seu similar é o INCRA); Apostilas do curso de madureza ginasial das primas Marlene e Eunice do Instituto Universal Brasileiro; corte e costura Eunice e a Tia Senhora do Instituto Universal Brasileiro; e Eu também fui beneficiado com esta caixa, recebendo através dela as apostilas do Curso de Radio-técnico do Instituto Universal Brasil.
Sempre que alguém vinha à Dourados, uma passada na Empresa de Correios e Telégrafos era obrigatória para checar se havia alguma correspondência ou várias correspondências.
Se alguém ao ler esta narrativa encontrar algum erro, peço que me comunique que farei a correção.
Assim era o lavrador
Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...
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Q ueridos parentes, aqui dou testemunho de uma experiência pessoal, sobre as comemorações das festas natalinas e de final do ano, no passad...
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A pergunta , alguém aqui do grupo se lembra desta marca de gordura e óleo. Eu, particularmente me lembro, ainda do tempo que morei no São...
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No São Lourenço, município de Caarapó, nos anos 1960 e 1970, ouvi muitas vezes as pessoas se referirem ao carrapicho - uma planta que produz...