terça-feira, 30 de março de 2021

LENHA, A NOSSA FONTE DE ENERGIA

 Em São Lourenço, nos anos 1970, os fogões utilizavam lenha para cozinhar os alimentos. O gás liquefeito, uma modernidade, somente décadas mais  tarde, foi popularizada.

Sendo assim tínhamos que ir até o mato buscar lenha. E a medida que íamos desbravando as terras, a lenha ia se tornando um produto raro.

Eu, o Alberto e o Augusto Daniel, normalmente, íamos juntos buscar a dita lenha, até porque éramos vizinhos do Augusto. Algumas vezes,  trazíamos a lenha no ombro na forma de um fecho, outras vezes quando encontrávamos um tronco de árvore inteiro e não era tão pesado, o trazíamos, dependendo do peso, sozinhos, e, quando era muito pesado, o trazíamos em duas pessoas.

Mais tarde, o Augusto Daniel junto com o Tio Miguel  bolaram um espécie de um carrinho, aproveitando o tronco de uma pequena árvore, da qual, não sei o nome, aliás, muito semelhante ao fumo bravo e muito comum em São Lourenço. Este arbusto era encontrado em mata secundária, isto é, onde já havia sido derrubada a mata nativa.

O tronco desta pequena árvore era uno até a uma  altura de mais ou menos 60 centímetros e depois, este tronco  bifurcava-se na forma de um triângulo. Em virtude desta  bifurcação deixava de ser  tronco, na verdade, transformava-se em três galhos, distando um  do outro, cerca de 50 centímetros.

Nesta bifurcação, ou melhor, entre estes galhos, acomodávamos a lenha recolhida na citada mata secundária,. Munidos de um fação ou mesmo de um machado, cortávamos estas árvores em pequenas toras de 50 a 100 centímetros de comprimento, transformando-a em pequenas toras para servir de  lenha.

Num primeiro momento  trazíamos a lenha arrastando-a neste carrinho improvisado. Porém, em virtude de ser muito pesada. a tarefa ficava por demais penosa.

Mais eis que, algum tempo depois, o Augusto e o Tio Miguel, aperfeiçoaram este meio de transporte, colocando uma roda em sua extremidade, tornando mais confortável o transporte. Fizemos três carrinhos, uma pra mim, outro para o Alberto e outro para o Augusto. Adaptado com uma roda, acabamos por fazer da obrigação de buscar por lenha, ao mesmo tempo, num momento  de brincadeira e de trabalho. Por conta disso passamos a ter um depósito maior de lenha em  nossas casas.

quinta-feira, 25 de março de 2021

SE A MAIOR PARTE DE NOSSAS RAÍZES SE FOI, NOS CABE CONTAR AS SUAS HISTÓRIAS

 As fotos postadas trouxeram lembranças que eu supunha de todo esquecidas. Mas como não estão totalmente esquecidas resolvi fazer um resgate, embora parcial, relatando um pouco  da história de Tio Celso e Família em São Lourenço. 

Graças a contribuição da  Lurdes,  que forneceu duas, das três fotos aqui postadas, e,    cuja referência criada por ela mesma, é: Direto do "Túnel do Tempo", exatamente por serem fotos bem antigas e com as quais, pretendo fazer, por assim dizer, um banquete com uma coxinha de beija-flor, isto é, produzir uma narrativa e quem sabe uma pequena história. Então vamos ao que interessa.

O Tio Celso, o mais velho dos irmãos, de vez em quando, utilizava frases engraçadas, folclóricas mesmo, tais como: "eu sou homem até cagando", Esta frase,anos mais tarde, ele a refomulou, em virtude de uma apendicite que teve no início dos anos 1970. Tio Celso a reelaborou nos seguintes termos; "olha eu descobri que não sou homem  cagando coisa nenhuma". Assim se expressou porque sofreu muito com esta doença, inclusive, ficou internado por um longo período em um hospital em Dourados, não sei dizer qual, e chegou a supor que não sairia vivo. Outra frase dele: "se começar a revolução socialista, podem contar comigo. Pego a minha cartucheira e vou pra luta". 

Outra curiosidade, o Tio Celso e o meu Pai, por muitos anos, ficaram sem dirigir a palavra um ao outro. Interessante é que ambos diziam não ser inimigo um do outro, mas, o orgulho de ambos, os impedia que dessem o primeiro passo e restabelecessem o diálogo. A apendicite, pelo menos, neste aspecto foi muito positiva pois, o meu pai foi visitar o Tio Celso, e a partir de então voltaram a conversar numa boa.

Interessante registrar que tanto o Tio Celso, quanto o meu pai, apesar do desentendimento entre os dois, gostavam muitos dos sobrinhos, o meu pai tinha muito carinho pela Marlene, Socorro, Lurdes, Marluce, Sandra, Maísa e o Argemiro e o Tio Celso por mim, o Alberto, o Paulinho e a Alcione.

E aqui, mais uma lembrança do túnel do tempo. Refiro-me a decisão do meu pai em plantar trigo, animado com a propaganda governamental resolveu plantar este produto. E na colheita desta lavoura,  as meninas e o Argemiro, ou seja,a Família de Celso Ribeiro, em sua quase totalidade  foi contratada como diarista para a colheita do trigo. 

Eis aí uma foto com as filhas do Tio Celso e de quebra 

a Solange, uma de suas sobrinhas.


O valor da diária, reitero, não era tão estimulante, mas era o que meu pai avaliou que podia pagar, e as meninas e o Argemiro, avaliaram que não eram o que queriam, mas não tendo uma remuneração melhor, acabaram por aceitar.

Me lembro que para a Marlene ser uma campesina,   não era nenhum pouco atraente. Era notório  o seu descontentamento. Não acaso, não tendo condições de fazer o curso  ginasial regular - hoje corresponde as séries finais do ensino fundamental do 6º ao 9º ano - fez  madureza ginasial pelo Instituto Universal Brasileiro, conquista que a encorajou, logo depois, a  mudar-se para Dourados, onde fez o ensino médio (denominado naquele período de 2º Grau) e em seguida graduou-se em advocacia. Fez também um concurso para a Caixa Econômica Federal. As suas irmãs e o Argemiro acabaram vindo para a cidade. 

Tio Celso, com uma de suas netas.




sexta-feira, 19 de março de 2021

POR RAZÕES QUE SÓ O CORAÇÃO EXPLICA, A FAMÍLIA DANIEL FOI MORAR NO SÃO LOURENÇO

 Augusto Daniel em uma conversa que tive com ele, relacionada  a vinda de parte de Família Ribeiro, a partir de 1954,  para o São Lourenço, município de Caarapó - MS (naquela década, Caarapó  era um distrito de Dourados, situação que se manteve até 1958), revelou que a Tio Miguel Daniel, Tia Antônia e família moravam em São Paulo, e, estavam relativamente bem, por lá. No entanto, a Tia Antônia, revelava grande tristeza por estar distante de Augusto Ribeiro e Purcina Ferreira (seus pais) bem dos irmãos, razão pela qual, o Tio Miguel sensível a tristeza da Tia Antônia, acabou concordando em vir morar em São Lourenço,no ano de 1955

Se pensada no aspecto financeiro e conforto material, a vinda para o São Lourenço, significou sacrifícios para a Família Daniel. Mas dinheiro não é tudo, sentencia um adágio popular, embora tenha grande peso nas decisões que as pessoas tomam na vida. 

E o interessante é que nos anos 1990, Purcina Ferreira ficou caduca (Mal de Alzaimer) e, por  muitos  anos, viveu em estado vegetativo e coube a Tia Antônia cuidá-la até o seu último dia de vida. E posso testemunhar, a Tia Antônia a cuidou da velhinha, com o maior carinho do mundo. E o Tio Miguel, já convertido ao espiritismo kardecista, somou-se a Tia Antônia nos cuidados e carinhos dispensados a Purcina Ferreira. Alguém jamais poderia ter feito melhor. Aqui quero fazer a seguinte observação, quem sabe, a Tia Antônia, intuitivamente quando quis morar em São Lourenço, pressentiu por uma destas felizes ironias do destino, que caberia a ela cuidar de Purcina Ferreira, quando a caduquice chegasse. São conjecturas, apenas...mas opinei...

A Tia Antônia, dos irmãos, em minha opinião, era a mais doce, sempre de bom astral, confesso que jamais vi Tia Antônia Rancorosa e saibam que, convivi muitos anos com ela. No São Lourenço morava a cerca de 100 metros da casa de meu pai. Em 1974, morei um ano na casa do Tio Miguel, Jardim Água Boa, Dourados, e nunca a Tia Antônia e nem o Tio Miguel, um dia que seja, demonstraram mal humor   por conta de minha estada na casa deles.

O único inconveniente (rsrs) era representado pelo  primo Edmilson, um "zoador" de montão, gostava de aprontar com todos. Me recordo que tendo ido ao Paraguai,  onde comprou um gravador de áudio que funcionava com pilhas e utilizava fita cassete. Naquele tempo, o sonho de consumo de grande parte dos brasileiros. Pensem parentes, nas presepadas que o Edmilson  aprontou com este gravador. 

Ele entrava a noite no quarto da Tia Antônia e nos demais quartos, nos gravava roncando, mas claro que produzia outros sons de roncos bem escandalosos para,  no outro dia nos constranger e tirar o maior sarro. Chegava com o gravador e dizia: gravei vocês dormindo. Vocês roncam demais. A Tia Antônia, disso me lembro muito bem,   bem sem graça  dizia:"Edmilson eu não ronco desse jeito, você está inventando". E o Edmilson dizia: "mãe mais tá gravado, ouça mais uma vez". Mas a verdade deve ser dita,  o Edmilson inventava.

Nesta foto da  esquerda para a direita:  temos Eunice Daniel, Maria Alecrim. a Lia, ( Esposa de Augusto Daniel) e Augusto Daniel


terça-feira, 16 de março de 2021

CENTRO ESPÍRITA OU SOCIEDADE ESPÍRITA???

 

Xerox do Diário Oficial do Estado de Mato Grosso,
15 de Março de 1966, edição em que foi publicada
a Ata de Fundação da Sociedade Espírita
Allan Kardec de São Lourenço, ocorrida 
em 28 de Fevereiro de 1964

Postei aqui a Ata de Fundação  da Sociedade Espírita Allan Kardec, datada de 28 de Fevereiro de 1964, cuja publicação no Diário Oficial do então Estado de Mato Grosso, se deu no dia 15 de Março de 1966 (2 anos e praticamente um mês depois da fundação da Sociedade). Embora não esteja legível aqui neste blog, na foto que recebi em meu celular é possível,fazer a leitura da mesma.

Na ata, a denominação   dada a esta organização é Sociedade Espirita Allan Kardec e não Centro Espírita, como todos nós, nos referimos a mesma. Consta também que a mesma é sediada no município de Caarapó, num lugar denominado de Córrego São Lourenço, tendo por objetivo o estudo do espiritismo, bem como a prática moral e material da caridade e Ildefonso Ribeiro da Silva, o seu presidente, no momento da fundação.Também aparece na ata que em caso de dissolução, é necessário a anuência de 2/3 dos associados quites com a Sociedade e que a dissolução não será efetivada se não houver  três sócios que assumam o compromisso de manutenção da Sociedade. Coloquei em destaque o termo dissolução, pois, penso que a redação correta deveria ser: se não houver pelo menos três sócios que se responsabilizem pela Sociedade, a mesma  será dissolvida. Todavia, acredito ser difícil confirmar se o que estou a dizer procede. Suponho que as pessoas que podem ter esta informação, são o Luís Carlos e a Eunice Daniel, ou um dos dois.

A Sociedade Espírita Allan Kardec, a meu ver, cumpriu diversos papéis em São Lourenço. São eles:

a) o estudo, a propagação, a consolidação e a territorialização do espiritismo por toda a Região da Grande Dourados e em conformidade com o preconizado por Allan Kardec, isto é, grandes esforços para que não fosse caracterizado pelo sincretismo religioso, um fenômeno frequente nas práticas dos espíritas, qual seja,  a de incorporar práticas do kardecismo e também da umbanda, quimbanda e outras. Faço esta afirmativa com base no depoimento do Tio Antônio (canal do Youtube Enio Ribeiro XXI: https://www.youtube.com/watch?v=Mc5Z6VmFe9U&t=216s) que afirma: graças ao contato com os espíritas do Centro Espírita Santo Agostinho de Liberal, o qual, seguia fielmente a forma de praticar o espiritismo conforme preconizou Allan Kardec. Aliás, o Tio Antônio, aqui em Dourados, fazia restrições a algumas casas espíritas por conta deste sincretismo. O Tio Antônio só se sentia plenamente feliz, se as práticas nas casas espíritas fossem genuinamente kardecistas. Isto, o Tio declarou para mim, em conversas que tive com ele, por mais de uma vez;

b) desempenhou papel decisivo para que os camponeses apresentassem a resignação necessária, diante das grandes dificuldades encontradas em São Lourenço para lavrarem a terra e lá permanecerem. São Lourenço nos anos 1950, 1960 e 1970 era um sertão. Acesso difícil já que as estradas eram precárias, o meio de comunicação era o rádio, especialmente a Rádio Clube de Dourados. A renda dos lavradores era muito pequena, obrigando a grande maioria a uma vida muito difícil, penosa mesmo.Sendo assim, a religião espirita kardecista, mesmo para quem não era espírita, contribuiu para que os lavradores encarassem os desafios e lavrassem as terras em São Lourenço, especialmente para o cultivo do arroz, com invejável resignação, logrando grandes feitos notáveis, sendo o principal: desbravar as terras do São Lourenço; 

c) se constituiu em espaço lazer, cultura e confraternização, inclusive para pessoas que não eram espíritas, mas que não tendo outras opções de lazer, cultura, jogar conversa fora,etc acabavam por se dirigirem ao Centro Espírita Allan Kardec.

Ainda sobre esta ata quero dizer que, conforme os depoimentos feitos pelo Tio Antônio e que constam no no vídeo,cujo link citei anteriormente nesta postagem, que formalmente, a fundação desta Sociedasde se deu em 1962. Todavia, eu deduzo pelas falas do Tio Antônio  que o funcionamento informal da referida Sociedade ocorreu ainda em meados da década de 1950. Mas isto é uma outra história.





 

sábado, 13 de março de 2021

ERAM OS RIBEIROS LAVRADORES?


PURCINA FERREIRA E AUGUSTO RIBEIRO

Em minhas postagens tenho me referido a todos os Ribeiros que moraram  em São Lourenço como tendo sido lavradores. Todavia, utilizo, indistintamente outros termos termos , tais como: camponeses, pequenos proprietários rurais, agricultores e lavradores. A grande maioria dos Ribeiros ficou no São Lourenço até a década de 1970. Depois desta década alguns permaneceram por algum tempo até que todos de lá acabaram se retirando. 
Confesso que não tenho utilizado o termo com o rigor sociológico e acadêmico, isto é, stricto sensu e sim, lato sensu. 
Por conta disso, em conversas com um dos nossos primos, ouvi as seguintes ponderações de que, eu,  ao denominar os Ribeiros por um dos termos relacionados no parágrafo anterior, segundo este primo,  incorro em sérios erros, já que os Ribeiros, antes de virem, primeiro para Itaporã e depois para o São Lourenço, atuaram como comerciantes, alfaiates, empregados, juiz de paz e outras funções e não  como lavrandores. Em sendo assim, foi um acidente histórico - pondera este primo - terem atuado como lavradores, e, acrescenta um outro argumento, qual seja, o de que, decorridos, cerca de 45 anos, todos os Ribeiros migraram para outras cidades, especialmente a de Dourados, e nenhum deles, exceto o Manoel Renato, atualmente proprietário de uma fazenda em Caracol, porém, mesmo  o Renato, aposentou-se exercendo a função de advogado do Banco do Brasil. E mais um argumento, deste meu primo: os Ribeiros demonstraram não dominar as práticas agrícolas quando chegaram ao São Lourenço, tendo, inclusive, "quebrado" bastante a "cabeça" e experimentaram alguns contratempos (fracassos).
Fizeram um longo e penoso aprendizado - argumenta este primo - e o Tio José, que também não tinha experiência em práticas agrícolas, mas sendo muito curioso e um autodidata, acabou encontrando o caminho das pedras e em boa medida ensinou aos demais Ribeiros e camponeses de São Lourenço a se tornaram um pequeno agricultor  relativamente bem  sucedido, no período compreendido, qual seja,   da década de 1960 até a década 1990.
E que em não permanecendo nenhum dos Ribeiros, como lavrador, comprovado está - acrescenta este primo - que não devemos denominá~los de lavradores. O tema é controverso, e, eu desde já, mesmo diante dos argumentos do meu primo, afirmo, eu ainda penso que não cometo nenhum pecado em entender que os Ribeiros foram lavradores, não tão apaixonados e determinados, mas o foram.
Quero ainda acrescentar que as políticas públicas governamentais adotadas para o setor agropecuário, no período em questão, em relação aos pequenos e médios produtores rurais, lavradores, arrendatários, etc, foi, uma  vez, tendo estes desbravado as terras até então bravias, tornar inviável a permanência dos mesmos no campo, e portanto,  necessário era,  tornar a vida dos mesmos num inferno, visando  facilitar a apropriação das mesmas pelos grandes latifundiários, num segundo momento, pela empresa rural genuinamente capitalista.
E a estratégia utilizada para infernizar a vida dos camponeses, inclusive, em São Lourenço, no período em questão foi a seguinte: se os lavradores reivindicavam escolas, boas estradas, energia elétrica, assistência técnica e financeira, lhes eram negadas ou dificultadas o atendimento das mesmas. A prova disso é que uma vez  tendo sido expulso os camponeses, na Região da Grande Dourados,  instalou-se a CERGRAND, Embrapa, Curso de Agronomia e por aí vai,  haja vista que quem havia apropriado-se das terras eram os grandes produtores rurais. O tema é controverso e outras narrativas podem ser feitas. Esta é a minha.
A propósito: o que diriam sobre esta polêmica, Purcina Ferreira e Augusto Ribeiro?

 

sexta-feira, 12 de março de 2021

JOSEFA HELIA, A GAVETA DO TEMPO FOI ACIONADA.


Olá Josefa Helia, aqui um registro que eu fiz, no ano de 2006, quando você veio em minha casa, uma confraternização de final de ano.

Como você vê, aqui é olho vivo. Agora compartilho com o grupo e com você, claro

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

COISAS DO TIO ANTÔNIO

Nesta postagem relembrarei algumas coisas que aconteceram envolvendo ao Tio Antônio e, em alguns momentos, nós sobrinhos e filhos dele:
 
Doutor Limão: 
Houve um tempo em São Lourenço que, todas as enfermidades que uma pessoa se queixasse dela estar sendo acometido, o Tio Antônio, já dizia: O Doutor Limão resolve. Ele tinha lido sobre as propriedades terapêuticas do limão, as quais, são várias. Todavia, o limão não serve pra tudo. Mas o Tio Antônio não entendia desta forma e quem estivvesse com qualquer doença ou mau estar, o Tio receitava o limão. Tudo mudou quando, ele por utilizar excessivamente o limão, apresentou o sangue refinado. A partir daí mudou a postura;

A VEZ DA BABOSA:
Quando já estava morando em Dourados, o Tio Antônio teve conhecimento das propriedades terapêuticas da babosa, então passou a receitá-la, porém, com mais reservas do que o limão. A lição de que o uso excessivo de qualquer medicamento, ainda que natural, pode ser prejudicial foi assimilada pelo Tio;

Bota de Sete Léguas:
Houve um período que o Tio Antônio usava e abusava da bota Sete Léguas. Ele a usava para trabalhar, passear em dias quentes, frios e chuvosos.

PEGAR NO PÉ ERA COM O TIO
Certa vez o Augusto (seu filho) e o Alberto, em Nova América, quando estudavam na Escola Estadual Frei João Damasceno, estavam com uma fome danada e comeram três pães comprados numa padaria. Não era tão grande quanto o pão bengala, porém, deveria ser o dobro em tamanho, se comparado com o pão francês. Coitado do Augusto e do Alberto, quando o Tio Antônio, sobe do acontecido, sempre que estava com os dois juntos, ele colocava a mão na cabeça de um deles e dizia: mas estes meninos comeram três pães e dava aquele sorriso gozador. Alberto e o Augusto, quando estavam juntos,  caso o Tio Antônio  estivesse por perto ficavam com a orelha em pé;

O PULA PULA NO ARROZAL
O Tio Antônio tinha a sua lavoura chegando quase até as margens do Córrego São Lourenço, no qual, nós, os primos, e às vezes o próprio Tio, tomávamos banho. Ocorre que, houve um momento que passávamos por dentro de uma plantação de arroz,pertencente ao Tio Antônio e,  num "belo"dia caiu uma árvore,cujo tronco ficou uns dois metros ou mais de distância do chão. Imagine a diversão que esta árvore caída se tornou para nós. Subíamos e pulávamos toda vez que íamos ou estávamos voltando do córrego, onde tomávamos banho, o famoso Poção. Porém, com esta brincadeira acabamos por machucar e matar um bom pedaço de arroz, nas proximidades da árvore.
Eis que num "belo" dia, o Tio Antônio nos flagrou e deu aquele sermão, uma bronca inesquecível. O Edmilson não gostou e bateu boca com o Tio Antônio. Todavia, nós estávamos errados. Todavia, paramos de brincar de pula pula, e o Tio removeu a árvore. 
Você ainda se lembra deste Edmilson?
CURIOSIDADE: neste dia, acredito que desta turma  o Edmilson deveria ser o mais velho, mas, vou dar uma cutucada, primo, faltou bom senso e ficou uma fera com o Tio. Estávamos errados.
 





sexta-feira, 5 de março de 2021

EM RITMO DE SAUDOSISMO




Faço esta postagem, por conta do falecimento recente de Antônio Ribeiro, um grande exemplo de homem, sob os aspectos moral, espiritual e humildade. 
Resolvi fazer esta postagem em que pese a dor da partida de um ente querido e membro da Família,porque entendo que com servições tão relevantes prestados ao bem comum, a morte do Tio António,  não devemos nos entristecer. 
O Tio Antônio se caracterizou por ser uma pessoa humilde, um grande batalhador pela propagação e consolidação do Espiritismo Kardecista, religião com a qual teve contato no São Lourenço e a ela aderiu em meados das década de 1950. Ao lado de Tio Dé, Antônio Costa, João Felício, Augusto Ribeiro e outros, contribuiu para a propagação, territorialização e a consolidação desta religião pela Região da Grande Dourados. A história do espiritismo kardecista em Dourados não poderá ser compreendida plenamente, se ao narrá-la, não mencionarmos o papel destacado desempenhado por Antônio Ribeiro, primeiramente a frente do Centro Espírita Allan Kardec, em São Lourenço e depois da Sociedade Espírita Euripedes Barsanulfo (vide foto abaixo), do qual foi um dos fundadores, além da contribuição que deu a outras casas espíritas em Dourados.




 

Aqui uma foto eternizando um momento, dentre  tantos outros vividos no nostálgico São Lourenço, em que aparecem Edson Ribeiro, Antonio Ribeiro, Maria Sinhá, José Ribeiro e, acredito o Luís Carlos Ribeiro (primo), ao redor e/ou sobre o lendário Trator Fâmulus, do qual Tio Antônio era o tratorista. Tempos muitos difíceis, mas ao mesmo tempo e contraditoriamente, ouso o dizer, os melhores da Família Ribeiro, se pensarmos que neste período, os seus membros, estavam constantemente reunidos, nos conhecíamos à todos, éramos mais solidários, mais unidos...tempos que, quando havia algum desentendimento, a nossa  querida  e grande líder, Vovó Purcina, nos chamava a responsabilidade e a harmonia voltava a reinar na Família. Tempos de emoções intensas e  inesquecíveis, que nos  marcou a todos ,reitero,  para  sempre.

Sobre o Trator Fâmulus, um trator lendário porque se prestou a diversas funcões: preparo da terra para o plantio, para o passeio dos Ribeiros, para prestar atendimento aos camponeses de São Lourenço quando adoeciam, para puxar um carro que estivesse atolado ou uma vaca que estivesse atolada no varjão. E falar deste trator nos remete ao Tio Antônio, o seu tratorista e que o dirigia, quase sempre entoando o hino em homenagem ao grande líder espírita Alan Kardec. O Tio era a materialização da felicidade dirigindo aquele trator.




Foto que registra um momento em que Idelfonso, Antônio, Epifânio, Edson (os quatro irmãos - todos falecidos)  no Estado do Paraná. Quanto a quinta pessoa,  a Sule a mostrou ao Tio João, e  ele assegurar tratar-se do Tio Moraes. 


Esta foto data de meados dos anos 1980, um registro de uma visita que o Tio Antônio fizera ao seu irmão Epifânio Ribeiro, em sua casa, na Rua Oliveira Marques, Dourados.

Esta foto, o Renato é quem pode dizer quando, onde e que fatos e emoções ela registrou.



Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...