sexta-feira, 31 de janeiro de 2020


Augusto Ribeiro e Ivone (esposa)
Augusto Ribeiro da Silva Neto, aproveito a oportunidade não só para parabenizá-lo pela ingresso no time da terceira idade, mas para lembrá-lo de que a tua responsabilidade é enorme, no seio da Família, já que além de assinar Ribeiro,  tem o nome de Augusto, o nome do grande patriarca da Família Ribeiro. Estar na terceira idade e ter o mesmo nome do patriarca da Família Ribeiro são duas razões pra se orgulhar, mas também, implica ter mais responsabilidades nos seus atos (rsrs).
Também aproveito esta data para pedir esclarecimentos sobre algumas histórias, dentre elas: 
a) bicicleta do pneu fino,  a comedora de barro;
b)  a cobra cascavel; 
c) a história dos três pães que você comeu com o Alberto;
d)  buscar barro na pindaíva com a tua prima, a Nice, a filha do seu Balduino;
Uma pergunta: você se lembra da colheira de arroz, a cada pé cortado (o arroz era cortado com ferro denominado, ferro de cortar arroz).  Você, a cada pé de arroz cortado,  passava a mão de uma extremidade a outra do pé de arroz cortado, isto é, dos cachos até a outra extremidade?.
 Você era um perfeccionista, a rua que você cortava, o efeito estético era muito bonito, em contrapardia, o teu serviço rendia pouco, e você tomava duas ou três por uma, isto é, enquanto os outros colhiam duas ou três ruas, você colhia apenas uma. E nós dizíamos a título de gozação, a vaca tinha ficada no curral. Mas você tinha nervos de aço, e numa demonstrou estar irritado.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

CURIOSIDADES SOBRE OS NOMES DE ALGUNS MEMBROS DA FAMÍLIA MORAES

Casal Maria Ribeiro e Francisco Moraes


A Família Ribeiro-Moraes apresenta uma característica interessante em relação aos nomes de alguns  de seus filhos(a).
O casal Maria Ribeiro e Francisco Moraes tem dois filhos com o nome  de José, a saber José Carlos e José Arimatea;e um casal filhos, Edna e Edno.
A pergunta é o que motivou o casal a escolher estes nomes, ou seja, iguais, para os quatro filhos? Seria de motivação religiosa? Aconteceu por acaso? Grande predileção por estes nomes? Com a palavra, os próprios descendentes do Casal.

                     
 Casal Maria Ribeiro e Francisco Moraes,
vários anos depois, eis o que aprontaram 

A família cresceu, inicialmente,
residente em Campo Grande. Atualmente, ocorreu uma
grande dispersão. Alguns estão em Santa Catarina

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O ROUBO NO LARANJAL DO TIO JOSÉ

Lá no São Lourenço, tínhamos o hábito de brincar de ladrão. Digo hábito porque os produtos que roubávamos, quase sempre, nós tínhamos em casa ou éramos produtores do produto a ser roubado. Mas o encanto estava em apropriar-se indevidamente do bem alheio.
Foi assim que, num sábado, após o término da reunião da mocidade espírita, no Centro Espírita Allan Kardec - durante um bom período, as reuniões ocorreram aos sábados, mas também, houve períodos em que ocorriam aos domingos -  eu, o Alberto, o Argemiro e o Lulê, fomos embora para casa. Para chegarmos em nossas casas, antes, passávamos em frente a um laranjal, em meio a uma plantação de soja, sob a responsabilidade do Tio José.Este laranjal anteriormente pertencera a Tio Antônio, numa casa anterior, em que ele morara. Depois que o Tio Antônio mudou-se para uma outra casa, o local ficou sob os cuidados do Tio José.
O laranjal já estava, portanto, sob os cuidados do Tio José, a semelhança da plantação de soja. Na noite fatídica, resolvemos roubar laranjas, neste laranjal. Todavia, o Lulê não quis nos acompanhar. Apenas eu, o Alberto e o Argemiro fomos praticar o crime.
Subimos nos pés de laranja, e em meio a muita conversa feita animadamente, por estar infringindo as regras e ao mesmo  chupávamos as laranjas. Todavia, alguém começou a atirar pedras contra nós. Mas na nossa cabeça, o autor era o Lulê que imaginamos que não quisera ter vindo junto com a gente, pra poder aprontar. Então, num primeiro momento, dizíamos, fica quieto Lulê, seu viado. Mas, as pedras continuavam sendo lançadas.
Num dado momento, surge o Luizão, gritando:  o que vocês estão fazendo aí. "Engraçadinhos". Quando nos demos conta de que não era o Lulê, mas sim o Luís Carlos, filho do Tio José, logo o dono do laranjal, descemos dos pés de laranja e saímos numa desesperada carreira, detonando, inclusive, a plantação de soja. Ocorre que o Alberto era molão, e logo cansou, sendo, portanto, alcançado pelo Luís. O Luís, tomou dele um canivete, além de dar-lhe  um esculacho. Quanto a mim e ao Argemiro, o Luís não conseguiu alcançar, éramos bons na corrida. 
Ocorre que o canivete pertencia ao Argemiro. E como recuperá-lo. Para recuperá-lo teríamos que dizer pra todo mundo que estávamos roubando. O Argemiro, narrou o fato ao Tio Celso. E o Tio Celso, quando encontrou o Alberto, disse: "mas você é um bosta, porque não cutucou a barriga do Luís, com o canivete? É claro que o Tio Celso, falou isso, como é comum de dizer, da boca pra fora.
Mas o nosso receio era de que a notícia chegasse aos ouvidos da vovó. Se isso acontecesse, o sermão seria grande, e todo mundo ficaria sabendo. A vovó, faria um comício. Se a memória, não está me traindo, esta notícia não chegou aos ouvidos da vovó, e o fato, se tornou do conhecimento de poucos e agora 50 anos depois, estou dando maior publicidade. Até porque, o crime já prescreveu (rsrs).

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A FAMÍLIA MORAES NO FUTEBOL



Registro histórico, ou melhor pré-histórico (rsrsrs), datada do século passado, tendo como personagens, os integrantes Família Ribeiro-Moraes. Eu que tive o prazer  e o privilégio de morar com esta Família, logo de conviver com todos os que estão nesta foto, aproveito para descrever alguns fatos:
a) me vem a lembrança o Carlos Roberto (Jacó), O Jacó, a primeira lembrança que tenho dele, data do início da década de 1970, quando ele foi nos visitar, em São Lourenço, e como não poderia deixar de ser, fizemos uma pelada (jogo de futebol). Fiquei surpreso com a habilidade que o Jacó tinha para driblar, parecia a o Mané Garrincha;
b) me lembro de uma pelada, esta já no final da década de 1970, quando estava morando em Campo Grande. Lá nos finais de semana, jogávamos futebol suíço, primeiramente,  num campinho existente no Jardim Santo Amaro, bairro que morava a Tia Maria e o Tio Moraes. Depois, passamos a jogar num campinho de suíço, no Jardim Santa Carmélia (lembra disso Miquéias?). E num destes jogos, eu num dia inspirado, andei dando aquelas fintas e mais  fintas desconcertantes no Jacó, e ele, num determinado momento, se irritou e me empurrou fortemente, caí as margens do campinho e por azar, caí com o braço direito sobre cacos de vidro de uma garrafa. Pensa no tamanho do corte! Coube a Tio Moraes, demonstrar os seus dotes farmacêuticos fazendo os curativos. Aliás, a fama de Tio Moraes como farmacêutico era grande. Tava mais para um médico do que um farmacêutico;
c) também me lembro que a rivalidade era muito grande nestes  jogos, e eu e o Miquéias, nos  entendiamos muito bem nas tabelinhas, e nos dias que estávamos inspirados, desequilibrávamos o jogo e não tinha pra ninguém. Por conta disso na Serralheria Gradelar (empresa pertencente a Família Morais), alguns funcionários, dentre eles, o Zé Henrique discutiam qual o esquema tático para nos neutralizar nos jogos seguintes. Claro que a marcação colada dificultava, mas sempre achávamos um jeito de fazer alguma coisa;
d) já o Paulo, dizia, se o Enio fosse tão elétrico na Serralheria quanto é jogando, a Gradelar teria uma produção bem maior;
e) e o Zé Carlos, não jogava grande coisa. Na verdade faltava vibração e energia para o primo. Ele gostava mesmo era de cerveja, ler livros de psicologia, e claro, fazer gozação (rsrs);
 F) mais um relato, Miquéias, você se lembra de um campo de futebol próximo a casa de vocês que íamos jogar? Neste período, eu estava no quartel, e por azar nosso, tinha uma turma que queria jogar, mas era estranha ao nosso grupo, logo não  a deixávamos jogar. Instalou-se um conflito. Diante disso, esta turma colocou suas bicicletas no meio do campo para nos impedir de jogar. Pedimos diversas vezes para que desocupasse, mas o apelo foi em vão. Esta turma não  nos atendeu. Colocou as bicicletas no meio do campo para nos impedir de jogar e nos provocar. Pedimos que dessem licença, mas esta turma não atendeu.  Diante disso peguei a bola e chutei contra a bicicleta de um deles, e, assim teve início a uma grande  confusão, se pegamos no tapa. Eu me lembro do Misael dando um gravata em um dos integrantes da outra turma ao mesmo tempo que puxava os cabelos dele. Batemos e apanhamos. Eu propus a vocês, fazer um jogo no outro sábado e eu trazer alguns soldados da 9ª Companhia de Guardas, na qual eu servia, e se a turma invocasse, estes soldados iriam se somar a  nós para dar uma sova na outra turma. Mas vocês, até por serem membros da Igreja Testemunha de Jeová, não aceitaram. Ainda bem.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

A FAMÍLIA RIBEIRO E A PARTICIPAÇÃO NA POLÍTICA

Em minha última postagem afirmei que a Família Ribeiro, apesar de  seus membros, não terem ocupado  nenhum cargo  no aparato estatal (união, estado ou município): prefeito,  vereador, deputado, senador, governador, etc., quando residiu no São Lourenço, no período compreendido de 1954 até os anos 1990, ainda assim, os camponeses integrantes das demais famílias camponesas, a saber: Lopes, Oliveira, Alexandre, Dionízio e Bispos, acabaram por credenciá-la para liderá-las junto aos governantes de plantão.
Problemas de natureza diversas, saúde, abastecimento popular, lazer, religião, etc., para serem solucionados, sempre contaram com articulações políticas de pessoas da Família Ribeiro à frente. Assim foi, por exemplo, quando da implantação da Escola Rural Mista de São Lourenço e do Centro Espírita Allan Kardec, no ano de 1956.
A meu ver, e com base no que li na obra Retrato de um Sonho, de autoria de Ildefonso Ribeiro, a explicação para o papel de liderança exercido pela Família Ribeiro, ocorreu porque;
a)  praticamente todos os seus membros eram alfabetizados, e diga-se de passagem, todos liam muito bem e, mais interessante, interpretavam muito bem um texto, independente da complexidade que apresentasse e porque buscavam sempre estarem muito bem informados. Os seus tinham o hábito de lerem ou ouvirem o noticiário nacional e local;
b) articulação política: Ildefonso Ribeiro, em sua obra, Retrato de Um Sonho faz diversos relatos informando que Augusto Ribeiro, nos diversos lugares em que morou, compôs diretórios de diversos partidos. José Ribeiro, idem, este, além das agremiações partidárias,  integrou também o movimento sindical. No Estado do Paraná, José Ribeiro,  antes de mudar-se para o São Lourenço, ocupou o cargo de vereador; 
Por conta disso, em Caarapó e Dourados,  Augusto Ribeiro e José Ribeiro tinham muito acesso aos representantes políticos.Aliás, Ildefonso Ribeiro e Antônio Ribeiro informaram que que para a implantação Escolinha Rural Mista de São Lourenço, Augusto Ribeiro fez uma dobradinha com Antônio Emílio de Figueiredo, um político importante em Dourados e região, no período citado. 
Estrategicamente, Augusto Ribeiro fez parte  do Diretório Municipal do Partido Político a que estava filiado Antônio Figueiredo; outro relato feito por Ildefonso Ribeiro é de que quando Armando Campus Belo foi candidato a Prefeito por Caarapó, anos 1970,  Augusto Ribeiro o apoiou eleitoralmente, exigindo   como contrapartida, o compromisso do mesmo, ainda na condição de candidato, de edificar um prédio para funcionar a Escola Rural Mista de São Lourenço - até então ela funcionava   numa instalação bem rústica - , compromisso que foi honrado.
Também José Ribeiro, sempre que ia a Caarapó, trocava um dedo de prosa com as lideranças políticas caarapoenses. 
Oportuno lembrar que José Ribeiro, então simpatizante do Partido Comunista e de Leonel Brizola, não poucas vezes, teceu várias críticas aos representantes políticos caarapoenses que pousavam de oposição ao partido da situação, valer dizer ARENA (Aliança Renovadora Nacional), mas ao se candidatarem, se candidatavam por esta legenda e não pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), a oposição consentida ao regime militar. Naquele período histórico, especialmente no interior brasileiro, caso de Caarapó, os ditos oposicionistas temendo problemas com a ditadura militar se candidatavam pela ARENA, diferenciando-se apenas pelo acréscimo de um número, qual seja, se os candidatos da situação se candidatavam como ARENA 01, os ditos oposicionistas se candidatavam pela ARENA 02. 
José Ribeiro, dizia pra eles, como vocês querem convencer a sociedade de que são oposição? Para serem convincentes devem se candidatar pelo MDB. Todavia, o Tio José era muito habilidoso e fazia estas considerações com muita diplomacia, de tal sorte que, não se indispunha com os políticos, apesar das críticas que tecia sobre o trabalho político deles.
E creiam, São Lourenço não conseguiu tudo o que precisava e merecia, porém, muito do que conseguiu não teria sido possível, não fora a articulação de José Ribeiro, coisas que muitas pessoas até hoje não sabem; 
c) e para finalizar sobre as explicações para a grande credibilidade desfrutada pela família Família Ribeiro  junto as demais famílias camponesas instaladas em São Lourenço, também  deve  ser creditada a postura ética, moral, honestidade e grande autoridade intelectual, grande senso de justiça e pelo fato de os Ribeiros  terem sempre assumido ações que eram de interesse de todos os camponeses que residiam no São Lourenço. 
Em síntese o que tentei dizer nesta postagem é que Augusto Ribeiro e José Ribeiro, de forma mais notória, mas não só eles, partiam da premissa - pra mim correta -, que as conquistas de uma coletividade se dão como consequência de ações políticas sistematizadas, o que está a exigir, não só compreender as contradições sociais, mas também o engajamento em algumas instituições, tais como igrejas, sindicatos e, de maneira muito especial, a um Partido Político. A trajetória de Augusto Ribeiro e José Ribeiro, pra ficar nos exemplos mais significativos, corroboram o que estou a dizer.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

COMO SE DEU A AUTOSSUFICIÊNCIA EM SÃO LOURENÇO?

Nesta postagem quero fazer algumas considerações sobre a busca da autossuficiência nas décadas de 1950, 1960 e 1970, relativamente, reitero, obtida em São Lourenço pelos camponeses, liderados, a meu ver, pela Família Ribeiro.
Vamos aos fatos: Augusto Ribeiro se instalou em São Lourenço,em Agosto de 1954, meus cálculos não são exatos, mas estimados com base em leitura feita da obra "RETRATO DE UM SONHO", cujo autor é Ildefonso Ribeiro. Primeiramente, Augusto Ribeiro se instalou em Itaporã, onde ficou apenas 06 meses.
Pois bem, em 1954, o São Lourenço, sediado atualmente no município de Caarapó (MS), estava sob a jurisdição da Prefeitura Municipal de Dourados, haja vista que, Caarapó se emancipou em Dourados, em 1958. 
Nas décadas referidas, o poder público municipal, primeiramente o governo  douradense e depois o, caarapoense, ambos, se notabilizaram por serem ausentes na oferta de serviços nas áreas de saúde, educação, lazer e abastecimento popular. Diante deste cenário, os camponeses, em São Lourenço, liderados pela Família Ribeiro - ponto de vista meu -, "resolveram" o problema por conta própria, constituindo uma espécie de autogoverno. Vamos aos fatos que comprovam tais afirmações:

Este casal (Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira)
protagonistas maior, desta história

1) Escola: em São Lourenço, não havia uma escola. Diante disso, Augusto Ribeiro, articulou um movimento a instalação de uma escola em São Lourenço, contando, inclusive, com a colaboração de Antonio Figueiredo, político influente em Dourados, . 
A área onde foi construída esta escolinha, coberta de pindó, cedida por Augusto Ribeiro, em sua fazendinha, denominada de Rincão da Confiança. Além do mais, a Família Ribeiro, colaborou com professores, Ildefonso Ribeiro, num primeiro momento e depois Maria Sinhá, esposa de José Ribeiro. Aliás, segundo Ildefonso Ribeiro,na década de 1950, a Escola Rural Mista de São Lourenço,  era a única escola, localizada na zona rural, a ofertar ensino primário completo (1º, 2º, 3º e 4º anos)em Caarapó;
 Escola Rural Mista de São Lourenço
 (terceira e última edificação)
atualmente. Está servindo de abrigo ao gado.

2) Lazer: a Família Ribeiro, liderou o movimento, criando as equipes de futebol (adultos e infanto-juvenil), sendo que as áreas onde se construiu os campos de futebol eram de propriedade de Augusto Ribeiro. Desta forma, supriu ainda que parcialmente, a carência de lazer. Aos domingos, aconteciam jogos, onde, os rapazes e moças, mesmo os não desportistas, prestigiavam os eventos futebolísticos, uma vez que indo até o campo poderia pintar alguma paquera ou um namoro. Era bonito de ver o movimento aos domingos nos campos de futebol Os dirigentes desta equipe eram, em sua maioria, membros da Família Ribeiro;
3) Abastecimento Popular: deveras problemático em São Lourenço, já que o acesso a Nova América, Caarapó ou Dourados era extremamente difícil devido a precariedade das estradas e pelo fato de os camponeses, contarem, quando contavam, apenas com carroças ou carretas como meio de transporte e porque só tinham dinheiro, no período das colheitas, logo comprar nas empresas, ficava dificultado, porque estava a exigir crédito, naquele período, na forma de fiado. 
Diante do problema, Augusto Ribeiro, instalou um depósito, alguns o chamavam de bolicho. 
Neste depósito podia ser encontrado produtos básicos: querosene, açúcar, fumo de corda, farinha de mandioca e de trigo, bingas (isqueiros), espelhos, etc. Este depósito facilitou duplamente a vida dos camponeses, especialmente, os integrantes da Família Ribeiro e os arrendatários de Augusto Ribeiro, que simultaneamente, tinham acesso a estas mercadorias, no São Lourenço, onde podiam buscá-los,  mesmo indo a pé e obtê-los na base do fiado. .
Augusto Ribeiro, teve que fazer grandes esforços para manter este depósito, ainda que, muito aquém das expectativas dos camponeses, porém decisivo,  para a permanência, no período citado, das famílias e para o desbravamento de São Lourenço;
4) Coletivos de Saúde: Acreditem , em São Lourenço, foi constituído, uma espécie do que atualmente denomina-se de coletivos de saúde. Sendo que os agentes de saúde - terminologia atual - era constituído pelos próprios camponeses e, muito deles, membros da Família Ribeiro. 
Dentre as modalidades de agentes podemos fazer referência as parteiras (Dona Filisbina, Dona Joana e Maria Sinhá, esta última integrante da Família Ribeiro); primeiros socorros a picada de cobras, cirurgias de bernes, de crianças que nasciam com seis dedos nas mãos ou nos pés, aplicar injeções, era só procurar Ildefonso Ribeiro. Ildefonso Ribeiro, previdentemente e providencialmente sempre tinha um estoque de soro antiofídico, e, quando os camponeses eram picados por cobras, inclusive, de outros lugares que se limitavam com o São Lourenço (Café Porã, Liberal, Cerrito, etc), estes o procuravam;  contávamos também com os conhecimentos e préstimos de Pulcina Ferreira, a qual, era conhecedora das propriedades das ervas medicinais, sobre o modo de prepará-las e qual a dosagem para ministrá-las. Aliás, Pulcina Ferreira tinha um herbário, constituído de diversas ervas, de tal sorte, que independentemente de qual fosse a enfermidade, existiria alguma erva que seria eficiente no combate a mesma. Acrescento ainda que Pulcina Ferreira era extremamente confiante no  poder destas ervas, e não  importava, quanto tempo demandaria para curá-las, ela insistia até que a enfermidade fosse curada,  ela própria, acompanhava o enfermo, até o sua plena cura. Era comum os enfermos ficarem, em alguns, momentos, internados em sua própria casa para que ela pudesse cuidar melhor deles;
5) Religião: A Família Ribeiro também foi muito sensata ao instituir o Centro Espírita Allan Kardec em São Lourenço. Apesar de muitos camponeses serem católicos,evangélicos,etc., o Centro Espírita Allan Kardec foi importante para cimentar amizades, estabelecer um espírito de cumplicidade, de solidariedade, entre os camponeses e também para constituir uma identidade comunitária entre os camponeses das diversas famílias residentes em São Lourenço,a saber: Ribeiros, Oliveiras, Bispos, Alexandre, Dionízio, Lopes, etc.
O Centro Espírita Allan Kardec em cumplicidade com o Centro Espírito Santo Agostinho (Liberal) e Centro Espírita Amor e Caridade (Dourados), contribuiu muito para a territorialização do espiritismo por toda a Região da Grande Dourados.
Este papel, a meu ver, a Família Ribeiro, o cumpriu com o brilhantismo e sucesso narrados, tendo em vista a honradez, honestidade, autoridade moral e intelectual, desfrutada pelos seus membros. Sendo assim, mesmo não sendo detentora de cargos no aparato estatal: prefeito, vereadores, deputados, etc., os camponeses em São Lourenço, credenciaram a Família Ribeiro, para ser uma espécie de gestora dos interesses daquela coletividade.
Em síntese o que estou a dizer, em São Lourenço, a Família Ribeiro protagonizou o processo de construção de auto-organização, autossuficiência e autogoverno dos camponeses.

sábado, 18 de janeiro de 2020

OTACÍLIO, UM BRASILEIRO OU UM MEXICANO?

Otacílio Gabriel e Enio

Esta foto eu a registrei,  no dia de ontem, quando estivecom o Otacílio Gabriel. O Otacílio  é irmão da Lurdes Gabriel, esposa (viúva) de Epifânio Ribeiro. Ele está fazendo um muro, exatamente no terreno da Lurdes,e, vejam só o tamanho do chapéu dele. Está parecendo um mexicano.
O Otacílio morou em São Lourenço por muito tempo,depois em Dourados, depois Campinas (SP), e agora está novamente morando em Dourados, em uma casa ao lado de uma outra, pertencente a Dona Percília Alexandre, esposa ( viúva) de Raimundo Alexandre (foto abaixo).


Registro de Março de 2017. 
Nesta foto sentados temos:
Erasmo, Enio, Dona Percília e 
Rosana. Os dois em pé, eu não sei o nome,
 mas são membros da Família Alexandre

 Aliás, o Otacílio  é casado com a Cida, uma das filhas do Raimundo Alexandre e Dona Percília. O Otacílio tem uma veia artística, canta e até compõe músicas sertanejas. Aliás, lá no São Lourenço, ele ficava frequentemente das 19 horas até ás 21 horas, nos anos 1970, ouvindo  músicas sertanejas (Zilo e Zalo, Jacó e Jacosinho, Tonico e Tinôco, etc) no rádio de Epifânio Ribeiro, isto depois de um dia duro de trabalho na roça, que naqueles anos era essencialmente, um trabalho braçal. Tinha que gostar muito mesmo para se dispor a ficar ouvindo música.

A EDUCAÇÃO QUE RECEBEMOS EM SÃO LOURENÇO

A Família Ribeiro educava os seus filhos em São Lourenço, nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980, referenciada em valores cristãos, naturais e éticos, característicos do meio rural e do contexto histórico, no qual estávamos inseridos. Assim, por exemplo, as frases que eram muito comuns, quando um pai, uma mãe, um tio(a) avô(ó), dialogava com os filhos, sobrinho ou neto, eram:
a) "diga com quem tu andas que eu direi quem és"; "não se pode servir ao mesmo tempo, a dois senhores"; "não a deixe a mão direita ver o que a esquerda faz"; "nunca faças a um semelhante, o que não queres que façam pra você"; "pau que nasce torto, morre envergado"; "formiga quando quer se perder, cria asas"; "quem semeia vento, colhe tempestade"; "quem não tem cachorro, caça com gato"; existem os que gostam dos olhos e os que gostam da remela"; "a palavra empenhada, deve ser honrada"; "mas vale um pássaro nas mãos do que dois pássaros voando";
Frases, reveladoras dos conteúdos veiculados e vinculados a um estilo de  vida rural. Percebe-se pelos exemplos, a natureza filosófica da educação que recebemos dos nossos pais, tios e avós. Agora, os Ribeiros, mais novos - submetidos a um estilo de vida urbano - podem avaliar melhor porque somos o que somos,  e desta forma, entenderem que somos diferentes, porque fomos educados  em espaços  e momentos históricos diferentes.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O DESBRAVAMENTO DAS TERRAS DO SÃO LOURENÇO, UM ATO HERÓICO

Em sua obra "RETRATO DE UM SONHO" , Ildefonso Ribeiro assim textualmente assim se expressou..."até a escritura definitiva de metade das terras foi transferida para meu pai, a fim de que ele pudesse contrair empréstimos ao Banco do Brasil para a formação de pastagens e plantio de arroz. Só existia o Banco do Brasil em Maracajú. Para meu pai três dias de viagem, porque tinha de ir a cavalo até a fazenda do Sr. Antônio Figueiredo, onde deixava o animal. Dali ia à pé até a estrada Dourados/Caarapó, numa distância de uns 04 quilômetros, onde pegava a jardineira do pioneiro, Antônio Mineiro, que fazia aquele percurso todos os dias. De Dourados à Itahum ia de caminhão. Lá embarcava no trem da NOB (Noroeste do Brasil) para chegar em Maracajú, Essas viagens eram constantes, porque um empréstimo bancário dependia de muitos ajustes e pareceres técnicos dos responsáveis pela liberação dos créditos aos que trabalhavam em atividades no campo."
Transcrevi este texto de Ildefonso Ribeiro, para que vocês,  parentes consigam dimensionar o desafio enfrentado pelos Ribeiros e demais camponeses em São Lourenço para para lavrar àquelas terras.
Também reproduzo aqui o teor de uma conversa telefônica que tive ontem com Augusto Daniel, em que ele disse "o vovô era  um dos poucos que recorria aos serviços de um banco". A dedução de Augusto Daniel é de que, o vovô era um dos poucos camponeses que possuía algum dinheiro para movimentar uma conta bancária. Acrescento ainda que outras duas deduções devem ser tiradas:
 1º) a Família Ribeiro em relação aos demais camponeses era mais moderna, a ponto de não ter receio de lidar com o banco. Muitas pessoas, preferiam guardar dinheiro no colchão a colocá-lo  no banco;
2º) porque vovô entendeu que se não recorresse aos financiamentos, impossível, seria desbravar as terras que possuía em São Lourenço;
Obervação 1: quando digo vovô, estou me referindo a Augusto Ribeiro;
Observação 2: Lá em São em Lourenço, reproduzindo uma tradição camponesa, os filhos, netos sobrinhos sempre se referiam aos pais, dizendo: papai e mamãe;  aos avós dizendo vovô e vovó; e aos tios: titio, titia.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

FAMÍLIA RIBEIRO MUDOU O SEU PERFIL

A Família Ribeiro, nas décadas de 1950, 1960, 1970, compreendendo o casal Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira, a maioria dos  filhos, se caracterizava por ser  agricultora, exceto João e Maria. E todos eram agricultores, no São Lourenço, exceção feita a Edson que, inicialmente se instalou  no São Lourenço, tendo sido, um dos primeiros  a se juntar ao casal Augusto e Pulcina, porém, pouco tempo depois, se mudou para Vila Brasil (atualmente Fátima do Sul).
Acredito que Edson Ribeiro ficou tão pouco tempo em São Lourenço pelo fato de ter conseguido um lote em Vila Brasil, e por ter avaliado que esta era mais promissora do que o São Lourenço.
Por conta desta decisão, Edson Ribeiro se juntou às 10.000 famílias assentadas na Colônia Agrícola Nacional de Dourados. É oportuno lembrar que a Vila Brasil, neste período, era um distrito de Dourados.
Neste ponto da narrativa, aproveito pra fazer uma observação, decorrente de uma conversa que tive, no dia de hoje com o Augusto Daniel, sobre uma postagem anterior feita por mim, neste blog em que afirmei que a Família Ribeiro, liderada pelo casal Augusto Ribeiro e Pulcina Ferreira, veio para o Mato Grosso, inicialmente em Itaporã e, depois para o São Lourenço, pelo fato de na década de 1950, o governo federal ter adotado políticas públicas estimuladoras e direcionadoras do fluxo migratórios de centenas de milhares de brasileiros, especialmente, os nordestinos para o oeste brasileiro. Sendo o Mato Grosso, um dos Estados escolhidos para receber esta leva de migrantes, dentre eles e a maioria, de nordestinos. 
Augusto Daniel colocou que além do estímulo governamental, entende que Augusto Ribeiro e família vieram para o Mato Grosso, também porque, antes deles, alguns parentes (como Antônio Ferreira) e amigos que tinham no Nordeste, já tinham vindo para o Estado de Mato Grosso. Sendo assim, ponderou Augusto Daniel, além da questão econômica e política, pesou também na decisão da Família Ribeiro, o desejo de se juntar aos amigos e parentes aqui já instalados.
Sou da opinião que os dois fatores se somaram e o resto da história é consequência. 
Aproveito esta postagem para observar que, surpreendentemente, uma família que nas décadas de 1950, 1960 e 1970, a  maioria dos seus membros era constituída de lavradores, atualmente, se dá o contrário, praticamente ninguém é mais agricultor. Podemos dizer que apenas o Manoel Renato é agricultor, aliás é proprietário de uma fazenda no município de Caracol (MS) e,  tangencialmente, a Leocádia (popular Leia), agrônoma efetiva do Instituto de Defesa Agropecuária (IAGRO). A Leocádia não é exatamente uma agricultora, mas sim uma agrônoma e técnica que presta serviço aos agricultores, por isso, utilizei a expressão tangencialmente.  
E aqui, assumo uma posição simultaneamente de protesto e analítica, ao dizer que, isto se deu porque, as políticas agrícolas adotadas pelos governantes para o setor agropecuário, no período descrito, especialmente a partir dos anos 1970, buscava expulsar o pequeno agricultor do campo e forçá-lo a vir para a cidade e se oferecer como mão de obra nas indústrias ou empresas. No caso de Dourados, mão de obra a disposição das empresas, para onde migrou a maioria dos camponeses instalados em São Lourenço, dentre eles, os integrantes da Família Ribeiro. 
Conclusão: a Família Ribeiro deu uma virada radical, passando da condição de família com perfil camponês e  agricultora para a de uma família urbana e, em sua maioria, incorporada ao setor terciário. 
Observação: este é um ponto de vista pessoal. Desde já, informo que àqueles que tem uma percepção diferente da exposta nesta postagem, poderão se assim o desejarem produzir textos, comentários, contrapondo totalmente ou parcialmente, o ponto de vista por  mim manifestado. Eu na condição de moderador deste blog, me proponho a postar as opiniões, sejam elas convergentes ou divergentes

domingo, 12 de janeiro de 2020

EXCELENTES ALUNOS

Aumentado a prosa sobre o período que Augusto Ribeiro e   sua família moraram em Teiçandá (SP), com base no texto de Eunice Daniel  em postagem feita por ela no grupo de watsapp da Família, dando conta de que João, Antônio, Epifânio e Ildefonso estudaram neste município nos anos de 1944, 1945 a 1946, me lembrei de narrativa feita pelo meu pai (Epifânio), no São Lourenço, dizendo que eles eram excelentes alunos e que as professoras gostavam demais deles, até porque, naquele período histórico, ao final do ano letivo, a turma era submetida a um exame final. Para aplicar o exame eram designados professores  pela Secretaria de Educação, não  integrantes, portanto, da Escola, isto é, sem qualquer vínculo afetivo com os alunos. Nestes exames se a turma no geral tivesse boas notas, a professora tinha a garantia de continuar trabalhando na escola  no ano seguinte. Todavia,  se fosse mal na avaliação, o professor, perdia o emprego.
Nesta narrativa, o meu pai dizia após a aplicação dos exames e revelação das notas dos alunos, a professora os abraçou muito emocionada e agradecida pelo ótimo desempenho deles. Acredito, Eunice que a narrativa, ligando a tua fala com a de meu pai, se relacionava com o período que eles estudaram no Teçaindá.

A FAMÍLIA RIBEIRO x PRÁTICAS AGRÍCOLAS EM SÃO LOURENÇO

Retomando o assunto: a Família Ribeiro e suas Práticas Agrícolas em São Lourenço, recorro aos testemunhos de Eunice Daniel, feito no grupo de watsapp da Família:  "Oi Ilton vc queria saber se o vovô morou em Teçaindá ? Morou sim, ele era nosso vizinho, meu pai tinha um comércio de secos e molhados e o vovô tinha um comércio tb, loja de tecidos, isso em 1944 e ele mudou em 1946,voltando para o nordeste...Os tios estudaram em Teçaindá, o tio Antonio, o tio Epifânio, o tio Joâo e o tio  Ildefonso...Ele voltou ao Nordeste morou na cidade de Bodocó, onde instalou uma loja de tecidos e trabalhava na feira tb...[11:01, 08/01/2020] +55 11 94592-5644: ficou um ano e mudou para o estado do Paraná em Arapongas, depois Astorga, instalou outra loja de tecidos e uma padaria [11:07, 08/01/2020] +55 11 94592-5644: Mudou para o Angulo e instalou outra loja de tecidos e uma alfaiataria onde trabalhavam  tio João tio, Antonio tio Epifânio e o tio  Ildefonso e tinha um escritório e o tio Celso morava no sítio Cacilda de plantação de café, o único que trabalhava na lavoura, os outros todos, sem exceção, trabalhavam no comércio. Eu conheci o sítio e a casa no Ângulo e depois ele mudou para o Mato Grosso". 
 Postei aqui um documento, postado por Augusto Daniel no grupo de watsapp da Família, também relacionado a este assunto:

O que se conclui destes depoimentos é que realmente a Família Ribeiro quando veio para o São Lourenço, Caarapó, no Estado do Mato Grosso, a maior parte dos  integrantes desta estavam muito mais familiarizados com as atividades comerciais . Embora tenham praticado agricultura no Nordeste, de onde é originária, é oportuno lembrar, esta atividade naquela região se deu em atendimento a uma realidade muito diferente e, creio, tipicamente de subsistência.
Com base nos documentos históricos, sou levado a pensar que a Família Ribeiro, a exemplo de centenas de nordestinos, vieram para o Mato Grosso, devido a intensa propaganda do Governo Federal que, nas décadas de 1940 e 1950, estimulava a vinda de nordestinos para o oeste brasileiro, aliás, este período é denominado de "A Marcha para o Oeste", que coincide com a criação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados.
A Família Ribeiro, é verdade, não veio para esta Colônia, mas se incorporou ao movimento migratório de expansão das fronteiras agrícolas em direção ao oeste Brasileiro.
Chegando em São Lourenço, os Ribeiros tiveram que passar por um longo aprendizado sobre as práticas agrícolas e descobrir qual produto era economicamente mais lucrativo. E o Tio José, por razões que eu não sei explicar, percebeu que o arroz era o produto mais viável financeiramente, razão pela qual os Ribeiros, produziram mais significativamente arroz. Também o Tio José se caracterizou pelo perfeccionismo nas atividades de lavrar a terra, acredito que este perfeccionismo, era decorrente de sua personalidade.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

ARTISTAS NA FAMÍLIA


Este registro data do dia 26/12/2019, e é um flagrante em que o Alberto (meu irmão), a Helena (minha sobrinha) e o Baenas (meu cunhado), apresentaram um pouco de seus dotes artísticos. Aguardem os próximos shows (rsrsrs)
https://www.facebook.com/enio.ribeiro.58/videos/3189985361016575/

Assim era o lavrador

Nos anos 1960, 1970 e 1980, quem exercia as atividades agrícolas era denominado de lavrador. Naquele período quase todas as atividades agríc...